segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Discurso mais liberal de Bolsonaro pode refletir positivamente no mercado

 
Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Marcello Casal Jr./Agência Brasil


Pelo menos a curto prazo, o discurso mais liberal apresentado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) durante a campanha, com propostas de privatização e de ações menos intervencionistas, pode animar investidores e refletir um desempenho melhor da economia. "Com Bolsonaro eleito, teoricamente estamos mais longes de políticas adotadas por governos anteriores e que culminaram na maior crise econômica que o país viveu até então. Agora temos uma perspectiva melhor", avalia Gabriel Vansolini, economista da Bravus Investimentos, escritório credenciado da XP Investimentos em Londrina.

Em sua análise, o economista lembra que os índices de confiança vêm se recuperando desde o processo de impeachment da ex-presidente Dilma, em 2016. Alguns indicadores, como vendas de veículos pesado e de papelão, já apontavam uma luz no fim do túnel, porém a retomada que todo mundo espera está diretamente relacionada com o próximo governo. Agora, pontua Vansolini, o discurso mais liberal de Bolsonaro e mais austero com as contas públicas favorece a retomada da confiança do setor produtivo e da economia. "Implicitamente, o discurso comunica que o novo governo vai tentar organizar a casa, deixar o gasto mais eficiente e cortar gastos para não ter que aumentar e/ou criar mais impostos", frisa.

Apesar do discurso, isso não significa que as medidas mais liberais e austeras realmente serão implantadas e, muito menos, que aconteça rapidamente. Isso, segundo Vansolini, se deve ao fato de que o futuro presidente do Brasil não é tão experiente no diálogo, como legendas mais tradicionais, e vai enfrentar uma oposição feroz, que não hesitará em inviabilizar alguns projetos. "Outro ponto contra é o fato de boa parte da sua bancada não ser, em essência, reformista", afirma.

No geral, com todas essas mudanças, pondera o economista, o investidor, seja ele grande ou pequeno, vai precisar de muita educação financeira e de assessoria para administrar esse novo cenário. Se as promessas de campanha forem aplicadas, observa Vansolini, é possível que as taxas de juros caiam e, consequentemente, diminuam a rentabilidade de aplicações conservadoras. "O investidor vai ter que tomar mais riscos para ter mais retorno, abrir mão de mais prazos ou internacionalizar investimentos", prevê.

Para esse final de ano, a área de análise da XP Investimentos, ressalta Vansolini, está otimista e projeta a bolsa de valores entre 90 mil e 100 mil pontos. "Existem boas ações com valores bem atraentes, de acordo com nossos analistas". Conforme o economista, ainda restam oportunidades interessantes em renda fixa para quem pode abrir mão de prazo e excelentes alternativas de investimentos com exposição no exterior, como Certificado de Operações Estruturadas (COE), que permite investir nos melhores fundos do mundo sem mandar dinheiro para fora, com capital protegido, sem exposição cambial e retorno multiplicado em até 5 vezes. Sugerimos não ficar só na poupança, em renda fixa e previdência privada dos bancos porque são aplicações que não pagam ao investidor a totalidade da taxa básica de juros, que já está baixa, e comprometem o ganho real no longo prazo. "E não ter ganho real no longo prazo é poupar para empobrecer".

Reportagem Local
folha de londrina 

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