SÃO PAULO, SP 
(FOLHAPRESS) - A Bolsa brasileira fechou em alta de mais de 1% nesta 
quarta-feira (9), acima dos 93 mil pontos pela primeira vez na história,
 embalada por notícias de reforma da Previdência mais dura e pelo 
otimismo de um acordo comercial entre Estados Unidos e China. O dólar 
recuou abaixo de R$ 3,70.
O Ibovespa, índice que reúne as ações mais negociadas do país, ganhou
 1,72%, a 93.613 pontos. O giro financeiro foi de R$ 16,5 bilhões. Desde
 a virada do ano, a Bolsa vem enfileirando recordes.
No pregão desta quarta, o índice é puxado pela valorização da 
Petrobras e da Vale, assim como papéis de concessionárias de rodovias, 
após o governo anunciar estudo para mudar o modelo de licitação de 
estradas.
Investidores locais estão otimistas com as notícias sobre a reforma 
da Previdência sob o governo Bolsonaro, porque consideram os termos mais
 abrangentes que o discutido sob o mandato de Michel Temer.
Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu que o primeiro projeto 
já incluirá os termos para o regime de capitalização da Previdência.
"O foco na reforma da Previdência, assim como a busca de uma reforma 
mais abrangente, é positivo e bem recebido pelo mercado, mas o 
presidente ainda não viu a proposta ou bateu o martelo sobre o tema e 
mudanças ainda podem ocorrer, o que poderia suavizar a proposta antes de
 ela ser enviada ao Congresso", escreveu a XP em relatório.
A visão é compartilhada por Victor Candido, economista-chefe da 
Guide, que também considera os termos apresentados para a reforma até 
agora bons, mas podem indicar espaço para desidratação futura, em busca 
de apoio no Congresso.
Candido considera, porém, que o sinal é positivo, mas não seria 
suficiente para sustentar o mercado caso o exterior estivesse negativo.
O dia foi de otimismo disseminado com o fim da rodada de negociações e
 o anúncio, para breve, do que foi discutido entre Estados Unidos e 
China.
Entre as sinalizações feitas pelo governo americano estão que a China
 teria se comprometido a elevar as compras de produtos agrícolas e 
energéticos americanos, assim como ampliar a abertura de mercado.
Os dois países travam uma guerra comercial, e o risco de 
recrudescimento da disputa havia deixado investidores receosos de uma 
desaceleração maior da economia global.
A percepção é que pôr fim à disputa será benéfico para ambos os países. Isso deu ânimos às Bolsas globais nesta quarta.
Índices europeus e asiáticos fecharam em alta, mesma direção seguida 
pelos principais índices americanos. O petróleo do tipo Brent subia 
acima de US$ 61 o barril, maior patamar em um mês.
O dólar caiu ante o real, cotado a R$ 3,6890, no menor patamar desde 
26 de outubro, véspera da eleição de Jair Bolsonaro (PSL). Desde então, a
 moeda havia entrado em trajetória de alta, contagiada pela piora no 
cenário externo.
O dia foi favorável a emergentes: de 24 moedas desses países, 23 se 
valorizaram ante o dólar. O real teve a segunda maior alta do dia.
A moeda americana já havia fechado quando foi divulgada a ata da 
reunião do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) de dezembro, 
quando os juros subiram para o intervalo de 2,25% a 2,5% ao ano.
O documento mostrou que os membros do BC americano defenderam 
paciência com altas adicionais de juros e que a decisão de dezembro não 
foi unânime.
"Vários participantes expressaram a opinião de que pode ser 
apropriado nas próximas reuniões remover completamente a orientação e 
substituí-la por uma linguagem que enfatize a natureza dependente de 
dados das decisões", de acordo com a ata.
Desde dezembro, investidores mostram receio de que o Fed não estaria 
levando em consideração uma possível desaceleração dos EUA e da economia
 global.
A ata, somada à fala do presidente do Fed, Jerome Powell, indica 
agora a investidores que os membros do Fed estão sim preocupados e que 
podem se dar ao luxo de esperar antes de promover novas altas de juros.
 
 
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