Nos últimos dias, cenas
diversas registradas em Curitiba chegam a dar a sensação de que a cidade
está retornando à normalidade. Enquanto boa parte do mundo está em
confinamento, na capital paranaense, em pleno domingo, teve uma loja de
móveis lotada no bairro Novo Mundo por conta de uma promoção, bares
cheios pela cidade e o gramado do Museu Oscar Niemeyer (MON) tomado por
jovens que sequer usavam máscara de proteção em meio à pandemia do novo
coronavírus.
Os episódios não chegam a surpreender, se considerado que o respeito
ao isolamento social vem caindo na cidade e no estado. Entre o final de
março e o começo de fevereiro, mesmo em dias de semana mais da metade
dos curitibanos e dos paranaenses vinham respeitando o confinamento.
Entre os dias 23 e 29 de março (segunda a domingo), por exemplo, o
índice de isolamento social na cidade variou entre 52% e 65,6%. Na
última semana, na quinta-feira, já estava em 40,97%. No sábado, última
data com dados disponíveis, ficou em 45,67% na Capital e 46,6% no
Estado.
Ao mesmo tempo em que os índices de isolamento social caem,
entretanto, a taxa de ocupação de leitos em Unidades de Terapia
Intensiva (UTIs) está aumentando. Segundo informações da Secretaria
Estadual de Saúde (Sesa) o Paraná possui 2.002 leitos UTI adulto, sendo
1.218 do Sistema Único de Saúde (SUS). Entre os leitos da rede pública, a
taxa de ocupação já está em 83% no estado.
Considerando-se apenas os leitos para Covid-19, são 564 em todo o
estado, dos quais 184 estão ocupados (30% de taxa de ocupação). Dos
internados, 86 pacientes já tiveram confirmação por meio de exame de que
foram contaminados pelo novo coronavírus. Pode até parecer pouco, mas
no começo do mês havia apenas 21 pacientes com Covid internados na UTI, o
que aponta para um crescimento de 309,5% entre os dias 1º e 27 de abril
– os dados da Sesa repassados à reportagem foram atualizados em 27 de
abril, às 13 horas.
Sobre o isolamento
Conforme o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), Roberto Issamu Yosida, um dos grandes “problemas” do isolamento social é que, quanto mais ele funciona, mais parece que era desnecessário. Dessa forma, quando as medidas estão funcionando, as pessoas não veem as estatísticas aumentarem como seria esperado e se sentem seguras para “retornar à normalidade”. Contudo, um passo em falso num momento como esse pode custar caro, muito caro.
“Com isolamento social, teremos mais tempo para atender as pessoas. Os nossos hospitais, que estão sempre cheios, se encherem ainda mais por Covid, vai ter aumento da mortalidade por outras doenças. A pessoa vai infartar, bater o carro, ter um derrame, e não vai ter onde ser atendido”, reforça o infectologista Jaime Rocha.
Conforme o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-PR), Roberto Issamu Yosida, um dos grandes “problemas” do isolamento social é que, quanto mais ele funciona, mais parece que era desnecessário. Dessa forma, quando as medidas estão funcionando, as pessoas não veem as estatísticas aumentarem como seria esperado e se sentem seguras para “retornar à normalidade”. Contudo, um passo em falso num momento como esse pode custar caro, muito caro.
“Com isolamento social, teremos mais tempo para atender as pessoas. Os nossos hospitais, que estão sempre cheios, se encherem ainda mais por Covid, vai ter aumento da mortalidade por outras doenças. A pessoa vai infartar, bater o carro, ter um derrame, e não vai ter onde ser atendido”, reforça o infectologista Jaime Rocha.
‘Irresponsabilidade em saúde pública pode ser homicídio’, diz Greca
Também na live de ontem na página da Prefeitura de Curitiba, o
prefeito Rafael Greca se pronunciou sobre os episódios do último final
de semana e ressaltou que a Guarda Municipal está autorizada a agir para
evitar aglomerações de pessoas. Em sua fala, o prefeito disse e
repetiu, mais de uma vez, que o novo coronavírus mata. Sobre os casos
recentes de desrespeito ao isolamento social, comentou que “isso é
irresponsabilidade. E irresponsabilidade em saúde pública pode ser
homicídio”.
“Renovo meu veemente apelo para que não relaxem no isolamento social
com responsabilidade. Não vamos sair caçando pessoas a laço nem vamos
revogar o direito de ir e vir. Nós recomendamos e suplicamos que se
esforcem com corresponsabilidade, usando máscara, em fazer o bem para
todos os seus semelhantes e a si próprios. Não estamos vivendo período
de férias ao Sol nem de lazer prolongado. Estamos vivendo uma prolongada
estiagem e um tempo de pandemia. Estamos com grave dificuldade. Se a
pandemia em Curitiba tem um índice abaixo da curva, é porque detrás
disso existe um grande esforço coletivo, uma inteligente postura da
maioria da população, felizmente, que até aqui impediram, que o vírus
tivesse circulação ativa”, disse o prefeito.
Desde o início do mês, foram 12.230 pessoas orientadas pela GM em
Curitiba. Além disso, fiscais do Urbanismo têm desenvolvido um trabalho
voltado para estabelecimentos comerciais, no intuito de inibir excessos.
Curitiba registra 17ª morte por Covid-19; casos chegam a 535
A Secretaria Municipal da Saúde confirmou ontem mais uma morte de
morador de Curitiba com infecção pelo novo coronavírus. A vítima é um
homem de 81 anos, doente renal. Este foi o 17º óbito desde o início da
pandemia em Curitiba, em 11 de março. O boletim também registrou 26
novos casos de covid-19 em moradores da capital. Com a atualização,
Curitiba chega a 535 casos confirmados.
Já o informe divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde registrava
30 novos casos da Covid-19 no Paraná, mais 71 pessoas recuperadas e dois
óbitos decorrentes da doença. O Estado soma agora 1.186 pessoas que
tiveram confirmação da doença, das quais 753 estão recuperadas e
liberadas do isolamento e 75 faleceram.
Atualmente 71 pacientes com covid-19 estão internados em hospitais da
cidade, 40 em UTIs, sendo 17 precisando do auxílio de ventilação
mecânica (respirador).
O boletim do Ministério da Saúde registrou 66.501 casos de coronavírus e 4.543 mortes da doença no Brasil até as 14 horas de ontem, segundo informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país. Em 24 horas (em relação ao boletim de domingo), foram 4.613 casos novos e 338 novos óbitos. Existem ainda 1.136 óbitos que estão em investigação.
O boletim do Ministério da Saúde registrou 66.501 casos de coronavírus e 4.543 mortes da doença no Brasil até as 14 horas de ontem, segundo informações repassadas pelas Secretarias Estaduais de Saúde de todo o país. Em 24 horas (em relação ao boletim de domingo), foram 4.613 casos novos e 338 novos óbitos. Existem ainda 1.136 óbitos que estão em investigação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário