Por outro lado, ao menos oito governos estaduais já sinalizaram que não vão aderir ao uso - entre eles, São Paulo, Bahia e Rio Grande do Sul
Por Redação com Estadão Conteúdo em 21 de Maio, 2020 as 14h08.
O Paraná e outros seis estados do Brasil 
ainda estudam se vão ou não aderir ao uso generalizado da cloroquina em 
pacientes diagnosticados com a Covid-19. De acordo com levantamento 
divulgado pelo Estadão nesta quinta-feira (21), o novo 
protocolo do Governo Federal está sendo avaliado por comitês científicos
 locais ou pelas Secretarias de Saúde.
 
 
Foto: AEN
Por outro lado, ao menos oito governos estaduais já sinalizaram que 
não vão aderir ao uso – entre eles, São Paulo, Bahia e Rio Grande do 
Sul.
Considerado epicentro do coronavírus no Brasil, São Paulo deve manter
 a administração de cloroquina nos hospitais como era feita até então, 
segundo afirmou o governador João Doria (PSDB). “Nós não faremos 
distribuição nem aplicação generalizada da cloroquina, porque a ciência 
não recomenda”, disse. “A ciência não orienta este procedimento e em São
 Paulo nós seguimos o que diz a ciência.”
No Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) declarou que 
“quem tem de tomar a decisão é o profissional de saúde”. “Não há 
evidência suficiente para que a cloroquina tenha administração 
irrestrita, pelo contrário: são feitos muitos alertas sobre possíveis 
efeitos colaterais graves.”
O governador da Bahia, Rui Costa (PT), também se opôs à nova 
recomendação do Ministério da Saúde e criticou a politização do remédio.
 “Não será adotado. Os médicos com seus pacientes e familiares definem o
 protocolo de atendimento”, disse ao Estadão. “Na Bahia receita médica 
não é definida por ideologia ou pelos políticos.”
Por sua vez, o governo Flávio Dino (PCdoB), do Maranhão, disse que 
“não há certeza científica em nível internacional ou nacional” sobre o 
assunto. Em Pernambuco, o governo Paulo Câmara (PSB) afirmou que “recebe
 com preocupação as novas orientações do Ministério da Saúde” e destaca 
não haver número suficiente de comprimidos, caso se queiram tratar todos
 os casos leves.
“Não há nenhuma modificação”, afirmou por sua vez o secretário da 
Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros. Segundo afirma, o corpo técnico da 
área tem estudado “inúmeros trabalhos” e não há “evidências científicas 
comprovadas” dos benefícios da cloroquina. “É fundamental que (o uso) 
seja sob prescrição médica, porque o médico se responsabiliza por essa 
prescrição”, disse. No Norte, o governo Helder Barbalho (MDB) também diz
 que não vai alterar a administração da cloroquina nas unidades do Pará.
No Mato Grosso do Sul, o secretário de Saúde, Geraldo Resende, disse 
que o medicamento adquirido pelo governo foi destinado para trabalho 
científico em duas unidades hospitalares. “O uso da cloroquina é 
reservado à decisão do médico em relação à aplicação.”
SUS
O secretário do Maranhão, Carlos Lula, afirma que há receio sobre a 
orientação estimular pressão da população sobre gestores do Sistema 
Único de Saúde (SUS) e médicos. “Indiretamente já tem acontecido, mas é 
um erro.
Debate equivocado. O presidente (Bolsonaro) acaba trazendo isso ao 
centro do debate”, disse. “A gente sabe que não há medicação 100% 
eficaz. A maioria dos pacientes melhora sem tomar nada, pode tomar 
cloroquina ou tubaína, vai dar na mesma. É um debate equivocado”, disse o
 secretário, em uma alusão à ironia feita por Bolsonaro, em live na 
terça.
Médicos pressionados
Para especialistas, recomendações de uso da droga devem exercer 
pressão sobre médicos para a prescrição. “Não só pela recomendação em 
si, do governo, mas, sobretudo, pela pressão do público leigo, pacientes
 e familiares”, diz Jorge Salluh, da Universidade Federal do Rio de 
Janeiro (UFRJ).
Para Salluh, deve haver também um outro tipo de pressão, no futuro. 
“Qualquer um que prescrever essa droga hoje, no futuro pode ser 
processado por má prática, no meu entender”, afirmou. “Porque prescreveu
 droga sobre a qual não há benefícios comprovados e há potencial de 
risco ligado à dosagem.”
Advogados ouvidos pelo Estadão avaliam que a iniciativa é simbólica e
 política, sem obrigar prescrição. Para Davi Tangerino, professor de 
Direito Penal da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), a medida não é 
passível de processo criminal. “O que faz é uma autorização”, explicou. 
Segundo o jurista, não se trata de uma norma que obrigue os médicos a 
usarem a droga nos casos leves da doença. A adoção do tratamento 
continua a critério dos especialistas. “A meu ver, não cabe 
responsabilizar criminalmente (o ministério)”, disse.
Mas o professor explicou que Ministério Público ou Defensorias 
Públicas podem, isso sim, apelar para o aspecto cível da questão, na 
medida em que essa norma pode levar as estruturas públicas, do SUS, por 
exemplo, a sofrerem danos por uso de um medicamento sem a eficácia 
comprovada contra a doença. “E esse é um outro aspecto”, alertou o 
jurista.
O advogado Daniel Dourado, que também é médico, vê um “protocolo 
informal”, ou seja, uma orientação de uso “fora da bula”. Sem a 
indicação especificada no registro oficial, o uso seria ilegal. As 
informações são do jornal O Estado de S. Paulo
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 Publicado primeiro em Portal Banda B » Paraná estuda adoção geral da cloroquina; ao menos oito Estados não pretendem seguir novo protocolo.
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