Bolsonaro sobre volta ao trabalho: "Quem decide não sou eu"
Em um recado sobre o Dia do Trabalhador, comemorado nesta sexta-feira, 1, o presidente Jair Bolsonaro
disse que gostaria que a população voltasse a trabalhar, mas emendou
que quem decide a questão, no entanto, são os governadores e prefeitos. A
declaração foi dada durante uma transmissão ao vivo da deputada federal
Bia Kicis (PSL-DF), que entrou no Palácio da Alvorada nesta manhã com
cerca de 20 pessoas. Segundo ela, são agricultores que foram agradecer
Bolsonaro por "todo esforço" em favor do agronegócio.
"Gostaria que todos voltassem a trabalhar, mas quem decide isso não sou
eu, são governadores e prefeitos. Então, um bom dia a todos. O Brasil é
um País maravilhoso, eu tenho certeza, com Deus acima de tudo, que
brevemente voltaremos à normalidade", completou Bolsonaro.
Na realidade, como já disse a ministra da Agricultura, Tereza Cristina,
não houve paralisação do trabalho no campo e os agricultores colhem,
neste ano, uma safra recorde do País.
O presidente trava uma batalha com governadores e prefeitos sobre as
medidas de isolamento para conter a disseminação do novo coronavírus.
Nesta quinta, 30, o presidente acusou os executivos locais de não
"achatarem a curva" de contágio da covid-19. Na mesma noite, o ministro
da Saúde, Nelson Teich, mudou completamente o tom sobre os planos de
flexibilizar o isolamento e afirmou que o momento é impróprio, dado o
avanço crescente de mortes e contaminações em todo o País.
Na live, o presidente voltou a agredir a imprensa, como tem feito
reiteradamente. Pediu que ninguém mais chamasse a rede Globo de "lixo",
porque "lixo é reciclável". "Não quero mais que ninguém chame a Globo de
lixo, lixo é reciclável", disse sobre a emissora, alvo de críticas
frequentes de Bolsonaro.
Durante sua breve participação - de cerca de um minuto - na live,
Bolsonaro tossiu. Nesta quinta, ele afirmou que "talvez" tenha sido
contaminado pelo coronavírus no passado. "Eu talvez já tenha pegado esse
vírus no passado, talvez, talvez, e nem senti", disse o presidente, em
entrevista à Rádio Guaíba, de Porto Alegre. A declaração foi dada
enquanto Bolsonaro trava uma disputa judicial para não divulgar os
resultados de seus exames. O jornal O Estado de S. Paulo garantiu na
Justiça Federal o direito de obter "os laudos de todos os exames" de
novo coronavírus feitos pelo presidente.
Em vez de enviar os papéis, no entanto, a Advocacia-Geral da União
encaminhou à Justiça um relatório médico de 18 de março no qual atesta
que Bolsonaro se encontra "assintomático" e teve resultado negativo para
os testes do novo coronavírus realizados no mês passado. Na quinta, a
juíza federal Ana Lúcia Petri Betto, responsável pelo caso, não aceitou o
relatório e deu mais 48 horas para que os exames sejam entregues.
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