sábado, 29 de outubro de 2016

Casos de Sífilis voltam a preocupar

Tribuna do Vale
 
No início desta semana, o Ministério da Saúde classificou o aumento do número de casos de sífilis no Brasil como epidêmico. A maior incidência tem sido registrada na região sudeste do País, que totaliza 62% dos casos entre pessoas dos 20 aos 39 anos.
No Norte Pioneiro do Paraná a situação ainda é bem controlada, mas como medida preventiva todas as secretarias municipais de Saúde da abrangência da 19ª Regional de Saúde estão realizando o teste rápido gratuito para detecção da sífilis. Segundo a coordenadora do Programa Regional DST/Aids, Célia Ivamago, em junho deste ano, foi oferecido um curso para a realização do teste e todos os enfermeiros dos 22 municípios da abrangência da Regional participaram. "Agora, é possível fazer o teste no próprio município. Em Santo Antônio da Platina, todas as Unidades Básicas de Saúde oferecem o exame. O resultado fica pronto em cerca de 30 minutos", explicou.

Antônio de Picolli / Tribuna do Vale

Teste rápido é gratuito e resultado sai em meia hora
Em 2015, foram diagnosticados 62 casos e este ano, até agora, 32. "Não são números significativos, mas é preciso levar em consideração a realização do exame. Quando há campanhas, aumenta o número de pessoas interessadas no teste e, consequentemente, são detectados mais casos", explicou.
Para Célia, a volta da sífilis é também o reflexo do não uso de preservativos. "A sífilis é uma doença sexualmente transmissível e o preservativo pode evita-la. É preciso usá-lo sempre, mesmo porque há uma grande preocupação com gestantes portadoras de sífilis. A doença pode ser diretamente transmitida para o feto", explicou.
No caso em que a pessoa faz o teste rápido e o resultado é positivo, serão realizados outros procedimentos para avaliação do grau da doença. "O tratamento varia conforme o avanço da doença", disse.
O que é sífilis
Sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, crônica. Ela se manifesta em diferentes estágios. Sem tratamento, apresenta evolução em fases. Inicialmente com feridas na pele, depois pode evoluir para complicações que levam ao óbito, podendo afetar o sistema cárdio-vascular e neurológico. A causadora da doença é a Treponema pallidum, uma bactéria espiralada altamente patogênica. A sífilis é uma infecção muito antiga e recebeu inúmeras denominações ao longo dos séculos. A principal forma de transmissão é o contato sexual. A gestante também, por via hematogênica (pelo sangue), transmite para o feto a bactéria em qualquer fase da gravidez ou em qualquer estágio da doença. A transmissão via transfusão de sangue pode ocorrer, mas atualmente é muito rara, em função do controle do sangue doado.
O tratamento correto e completoé considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão. O tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção para impedir que ocorra a re-infecção, garantindo que o ciclo seja interrompido.
Em relação à sífilis na gestante e à sífilis congênita, é importante o diagnóstico precoce. É necessário testar todas as mulheres que manifestarem o desejo de engravidar. Um pré-natal qualificado pressupõe como rotina exames para o diagnóstico da sífilis no primeiro trimestre, de preferência já na primeira consulta.
Sintomas
O primeiro sintoma, o cancro duro, no homem é mais visível. O problema maior é seu desaparecimento espontâneo dando a impressão de que a cura ocorreu sem tratamento. Nas mulheres, por questões anatômicas, não é raro o cancro duro inicial passar despercebido. O histórico de prática sexual sem uso de preservativos deve ser investigado com seriedade em consultas, seja na atenção básica, seja com especialistas da área de ginecologia ou urologia. A existência de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação.
Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.
Sífilis secundária
Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento da ferida inicial e após a cicatrização espontânea. Manchas no corpo, principalmente, nas palmas das mãos e plantas dos pés. Não coçam, mas podem surgir ínguas no corpo.
Sífilis latente
Fase assintomática, não aparecem sinais ou sintomas. É dividida em sífilis latente recente (menos de um ano de infecção) e sífilis latente tardia (mais de um ano de infecção). A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
Pode surgir de dois a 40 anos depois do início da infecção.Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.
Tratamento
O tratamento de escolha é a penicilina benzatina, mas recomenda-se procurar um profissional de saúde para diagnóstico correto e tratamento adequado, dependendo de cada estágio.

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