segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Temer diz que reforma 'vai muito bem' e base cobra posição do PSDB


Presidente está na Argentina devido à reunião da OMC

Temer está otimista em relação à Reforma
Temer está otimista em relação à Reforma Marcos Corrêa/PR - 10.12.2017
 
O presidente Michel Temer mostrou-se cautelosamente otimista com a aprovação da Reforma da Previdência na Câmara em viagem à Argentina, onde participa de reunião da Organização Mundial do Comércio. "Reforma da Previdência vai muito bem", disse. "Falei com presidente do PP, PSB e PRB e todos estão entusiasmados com eventual fechamento de questão".
Temer afirmou supor que "seja possível" aprovar a mudança nas regras para aposentadoria, mas ressaltou que, se a proposta não passar, o assunto "não vai parar" de ser discutido. "Vi uma placa dizendo 'Temer quer que você trabalhe até morrer'", disse. "Isso é mentiroso".

O presidente Michel Temer disse ainda, neste domingo (10), que a reforma da Previdência será aprovada, se não em 2017, "no inicio do ano que vem”. A declaração foi dada em entrevista, pouco antes de embarcar de volta a Brasília. O presidente viajou a Buenos Aires para participar da abertura da 11ª Conferência Ministerial da Organização Mundial do Comercio (OMC), onde destacou em seu discurso que o Brasil "deixou a recessão para trás".
Mesmo que não consiga suficiente apoio para aprovar a reforma em 2017, Temer assegurou que a discussão “nunca vai parar”. A declaração do presidente ocorre em meio às negociações entre o governo e os partidos da base aliada para tentar encerrar o ano com a reforma da Previdência aprovada na Câmara. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287/16, que modifica regras do sistema previdenciário, precisa do apoio de pelo menos 308 votos, em dois turnos, para ser aprovada.
O presidente viajou acompanhado do novo ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, que é um dos principais articuladores do governo na Câmara. Marun disse que o governo "tem consciência" de que ainda não tem os votos necessário. No entanto, afirmou que a missão dele, junto com o governo e líderes da Câmara, é angariar o apoio necessário. Segundo Marun, ele iniciará o trabalho de busca por votos na sexta-feira, após sua posse que está marcada para quinta-feira.
"Confio que até o dia 18 teremos os votos necessários para que seja colocado em votação", afirmou, repetindo a expectativa que já havia sido anunciada pelo líder do governo na Câmara, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). A votação no Senado já estava prevista para ocorrer somente no ano que vem.
Pela agenda da Câmara desta semana, o relatório elaborado pelo deputado Arthur Maia (PPS-BA) deve ser lido em plenário na quinta-feira (14) de manhã. A partir daí, líderes fariam a defesa da proposta e estaria aberta a discussão para que a votação ocorresse nos dias 18 e 19.
Mercosul
Temer aproveitou a viagem para se reunir com os presidentes dos outros três países do Mercosul. O bloco regional -  formado pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai e o Paraguai – está negociando um acordo de integração com a União Europeia (UE). Mas mesmo estando fora do país, Temer continuou negociando apoio parlamentar para a aprovação da reforma da Previdência.
PSDB
No Brasil, aliados do presidente estão cobrando apoio inequívoco do PSDB à proposta do governo. Após discursos de dirigentes tucanos defendendo a reforma, líderes governistas cobraram que a bancada do PSDB na Câmara obrigue seus deputados a votar a favor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição).
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As declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do pré-candidato à Presidência da República, o governador paulista Geraldo Alckmin, foram vistos como fator propulsor de votos, mas não o suficiente para garantir que toda a bancada siga a proposta, que faz parte do conteúdo programático do partido.
"Foram corretíssimos tanto em reafirmar a questão programática e mostrar compromisso em relação à reforma. É importante que isso se materialize em fechamento de questão", disse o líder da Maioria na Câmara, Lelo Coimbra (PMDB-ES). O peemedebista argumentou que PMDB e PSDB estão unidos em prol da reforma por razões distintas: o primeiro por ser governo e o segundo por ter a proposta explícita na carta de formação do partido. "Esses partidos não têm como fugir da reforma".
Durante a convenção que elegeu a nova cúpula do PSDB nacional, Alckmin disse concordar com o fechamento de questão. "Eu, pessoalmente, sou favorável. Fiz a reforma da Previdência em São Paulo em 2011. Minha posição pessoal é pelo fechamento de questão. Mas, além do apoio da Executiva Nacional do partido, é preciso do apoio da bancada", afirmou. Segundo ele, o partido deve fazer uma reunião para ouvir os deputados nesta semana.
O líder da bancada, Ricardo Tripoli (SP), acredita que os discursos em tom de conciliação podem ampliar a margem de votos pró-reforma, mas estima que serão favoráveis ao tema 25 dos 46 deputados do partido. O cenário hoje, segundo Tripoli, é de apenas 18 tucanos votando a favor do texto.
Tripoli lembrou que obrigar parlamentares a seguir a orientação partidária não é tradição entre os tucanos. "Convencimento é melhor que fechamento de questão. A bancada nunca fecha questão, mas pode até ser que feche", sinalizou.
O líder do governo no Congresso, André Moura (PSC-SE), cobrou que os tucanos revertam em votos os discursos em prol da reforma. Moura disse que a base aliada tem hoje aproximadamente 270, e destacou que o papel do PSDB é fundamental para aprovar a matéria este ano na Câmara. São necessários 308 votos.
Moura destacou que as declarações não isentam os caciques tucanos de trabalhar pela aprovação da matéria e que, no futuro, se não houver esforço do partido, eles não poderão dizer que defenderam a reforma sem entregar os votos. "O discurso é muito fácil, mas até que ponto é o comprometimento? A participação é no voto. Discurso ajuda, mas não resolve".
A maior resistência está na ala jovem da legenda, ligada ao senador Tasso Jereissati (CE), que serão foco de pressão nos próximos dias. O senador exerce influência sobre aproximadamente 20 deputados, que têm em comum um pensamento: o de que seria mais fácil aprovar uma reforma conduzida por um governo com credibilidade e não o do presidente Michel Temer. Nem o retorno do ex-ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy (PSDB-BA), às fileiras da Casa é avaliado como um reforço no convencimento do grupo, uma vez que o deputado baiano se distanciou da bancada no período em que esteve no Palácio do Planalto.
As declarações dos tucanos ainda são vistas com ressalvas entre os aliados do governo, que têm dúvidas do poder de influência da cúpula da sigla sobre os deputados. "O discurso (pró-reforma) é um reforço bem-vindo. A grande expectativa é se o discurso não vai destoar da prática", comentou o líder do DEM, Efraim Filho (PB).

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