O Paraná está encerrando a colheita da safra de grãos de verão
2016/2017 com um desempenho jamais visto. Serão colhidos na safra de
verão 24,5 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 21% sobre igual
período do ano passado. Em nova reavaliação de safra feita neste mês de
abril, o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da
Agricultura e Abastecimento, elevou mais um pouco as estimativas de
colheita de soja, milho e feijão.
O clima e a tecnologia empregada pelos produtores paranaenses
contribuíram de forma decisiva no resultado final, que está revelando
produtividades maiores nesta reta final de colheita. Só a soja está
contribuindo com um volume de 19,4 milhões de toneladas, 17% maior que
na safra anterior. A primeira safra de milho foi 40% maior e a primeira
safra de feijão, 23% maior que no ano passado.
Com os resultados surpreendentes da safra de verão, a Secretaria da
Agricultura e do Abastecimento já está projetando uma safra total,
considerando as três cultivadas no Estado durante um ano, entre 40
milhões e 42 milhões de toneladas de grãos, se as condições de clima se
mantiverem normais durante o inverno também.
A expectativa dos principais institutos que monitoram o clima no País é
que o inverno de 2017 será normal, porém menos intenso e menos agressivo
que no ano passado. O clima mais ameno dará condições para o produtor
obter também uma boa safra de inverno, estimada em 3,8 milhões de
toneladas de grãos.
TECNOLOGIA - Para o secretário da Agricultura e Abastecimento, Norberto
Ortigara, só o clima bom e estável não teria alavancado essa supersafra.
Para ele, a tecnologia que vem sendo empregada pelo produtor paranaense
está ajudando muito no desempenho da safra. “A tecnologia está
respondendo aos esforços feitos pelos produtores e pelo governo do
Estado”, ressaltou.
“Nos últimos anos, o produtor está em busca de mais conhecimento
técnico, está investindo na mecanização da propriedade, está adotando as
boas práticas de produção, fazendo a conservação de solos. O governo,
por sua vez, está investindo na capacitação de técnicos e dos
produtores, incentivando-os a investir e a adotar práticas mais
sustentáveis”, disse.
Ortigara disse ainda, que a produtividade média dos grãos aumentou muito
e isso está servindo como um “colchão” que está amortecendo e
contribuindo para diminuir em parte o impacto da redução dos preços no
mercado. Para o secretário, o bom desempenho da agricultura brasileira
está ajudando o País. “Seria bom se outros setores da economia tivessem
comemorando os mesmos resultados do agronegócio paranaense e brasileiro,
assim o país teria condições acelerar a retomada efetiva do
crescimento, observou.
PREÇOS - Para o diretor do Deral, Francisco Carlos Simioni, a
rentabilidade econômica dos produtores seria melhor se não tivessem
convergidos tantos fatores ao mesmo tempo para deprimir os preços das
principais commodities. Recomposição dos estoques mundiais desde 2015,
oferta abundante de soja, milho e trigo na América do Norte e do Sul,
recuo das cotações do dólar frente ao real e queda no consumo no mercado
interno foram os principais fatores desse quadro de comercialização
lenta e com mercado sem apetite para dar celeridade ao processo de venda
e escoamento da safra interna, nos padrões normais que os produtores
estavam acostumados pelo menos nas últimas cinco safras anteriores.
“Houve sim, uma queda generalizada nos preços das commodities, mas não
só devido às questões internas da economia brasileira, e sim por causa
do mercado global”, explicou.
Segundo Simioni, a tendência será o produtor comercializar parte de sua
safra agora, para quitar compromissos mais urgentes e deixar para vender
o resto aos poucos. Com isso, o próprio mercado vai regular os preços.
“Já é possível perceber o movimento de retomada de compra por algumas
traders, embora ainda tímido. Esse pode ser um indicativo para um
mercado um pouco mais sustentado para frente. Mas o produtor deve ficar
bem atento aos momentos oportunos indicados pelo mercado,sobre o momento
certo de vender a produção”.
(BOX)
Soja tem produtividade recorde por hectare no Estado
A colheita da soja foi praticamente encerrada, com 99% da área colhida,
revelando uma produtividade recorde de 3.700 quilos por hectare, a maior
da história do Paraná, uma das maiores do mundo. A produtividade obtida
é 18% maior à do ano passado, o que elevou a estimativa de produção
para 19,4 milhões de toneladas, volume com um acréscimo de 2,9 milhões
de toneladas de soja em relação ao colhido no ano passado. “É quase uma
safra de trigo inteira a mais, considerando que a área plantada ficou
estável em 5,25 milhões de hectares”, comparou o economista do Deral,
Marcelo Garrido.
O preço da soja caiu cerca de 15%, sendo comercializada em média por R$
56,00 a saca neste mês de abril. Há um ano, em igual período, a soja era
vendida por R$ 66,00 a saca. Segundo Garrido, essa queda nos preços
está acontecendo porque houve aumento de produção de soja no mundo e no
Brasil e mais a desvalorização do câmbio, impactaram as cotações.
(BOX)
Produção da primeira safra de milho é 40% maior
A colheita do milho da primeira safra também se encaminha para o final,
com 96% da área plantada já colhida, e revela um aumento de
produtividade de 15%. A produtividade média da primeira safra de milho
plantada no Estado no período 2016/17 atingiu 9.200 quilos por hectare.
Como houve um aumento de 21% na área plantada, com 503 mil hectares
plantados, a produção de milho atingiu um volume de 4,6 milhões de
toneladas, 40% maior do que no passado.
Como na soja, as lavouras de milho também foram turbinadas pelo clima
favorável e tecnologia empregada. A segunda safra de milho já está
totalmente plantada, com expectativa de aumento de 8% na área, devendo
passar de 2,2 milhões de hectares plantados no ano passado para 2,37
milhões de hectares que serão plantados este ano.
Com o aumento da área plantada, e expectativa de clima regular, o Deral
projeta uma produção de 13,8 milhões de toneladas de milho na segunda
safra, volume 34% maior que no ano passado. Se essa expectativa se
confirmar entre a primeira e segunda safra de milho, deverá ser colhido
um volume total de 18,4 milhões de toneladas do grão no Estado.
O aumento na oferta de milho no mercado derrubou os preços. Neste mês de
abril, o preço médio de venda pelo produtor foi de R$ 21,00 a saca, 43%
menor que no mesmo mês do ano passado. “Entretanto está sendo mantida a
média histórica dos preços nos últimos anos, exceto em 2016 quando os
preços subiram muito”, explicou o administrador Edmar Gervásio, técnico
do Deral.
Trigo - Nova reavaliação de plantio feita para o trigo este ano
constatou novo recuo na área a ser ocupada, disse o engenheiro agrônomo
do Deral, Carlos Hugo Godinho. Segundo ele, no mês passado havia uma
previsão de 4% de recuo na área plantada. No mês de abril, o recuo
avançou para 8%. Ou seja, a área plantada com trigo na safra deste ano
deve cair de 1,09 milhão de hectares ocupados no ano passado para 998
mil hectares que serão plantados este ano.
Segundo Godinho, o produtor paranaense, como também no Rio Grande do
Sul, outro Estado que produz trigo no País, está desistindo de plantar
por causa da queda no preço do grão, que está 20% abaixo do valor de
mercado em relação ao ano passado. “O preço do trigo no mercado, de R$
31,35, está 18,7% abaixo do custo de produção”, salientou o técnico.
Cerca de 12% da área prevista foi plantada até agora no Paraná e a
expectativa de produção, se o clima no inverno for normal, aponta para
uma colheita de 3,1 milhões de toneladas, volume 9% inferior ao colhido
no ano passado. O plantio de trigo deve se intensificar entre maio e
junho. Muitos produtores que desistiram de plantar o trigo migraram para
a cultura do milho e aveia para evitar prejuízos, disse Godinho.
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Segunda safra de feijão poderá ser 50% maior
A primeira safra de feijão foi 23% maior que no ano passado, com uma
colheita, já encerrada, de 360.427 toneladas. A segunda safra de feijão
já foi plantada, com um aumento de 18% na área ocupada, que passou de
204.037 hectares na safra anterior para 241.079 hectares ocupados em
igual período deste ano.
Com o aumento na área plantada, a segunda safra de feijão poderá atingir
uma produção de 445.366 toneladas, volume 50% maior que no passado.
Cerca de 8% da segunda safra já foi colhida, revelando boas
produtividades com tendência de aumento, se não houver problemas com
geadas daqui para frente.
Segundo o economista do Deral, Methódio Groxco, cerca de 72% da área
plantada com feijão da segunda safra está suscetível às variações
climáticas. “Se houver incidência de frentes frias e geadas, essa área
poderá ser atingida”, disse.
Groxco salienta que os produtores de feijão estão satisfeitos com os
preços de comercialização. “Os preços do feijão caíram no mercado, é
fato. Mas ainda estão acima do preço mínimo do grão e dos custos de
produção”, destacou. Além disso, o produtor está de olho no clima, que
pode deixar o mercado oscilante daqui para frente.
O feijão de cor, que era vendido em média por R$ 208,00 a saca em abril
do ano passado, foi vendido em média por R$ 128 a saca neste mês de
abril, uma queda de 38%. E o feijão preto. que era vendido, em média,
por R$ 143,00 a saca no ano passado, foi vendido no mesmo mês, este ano,
por R$ 124 a saca, uma queda de 13,3%.
Mandioca - A cultura de mandioca está indo bem no Paraná, pelo segundo
ano consecutivo, com preços em alta. A colheita da raiz já começou no
Estado, com 33% da área ocupada já colhida. A expectativa de produção é
de 2,7 milhões de toneladas, uma redução de 25% em relação ao volume de
produção no ano passado, que atingiu 3,6 milhões de toneladas.
Segundo o economista do Deral, Methódio Groxco, apesar dos preços bons o
produtor paranaense não está apostando no plantio de mandioca porque
ainda carrega os prejuízos econômicos ocorridos em 2015, quando os
preços da raiz despencaram no mercado. Além disso, o preço do
arrendamento de terra está muito alto, falta mão de obra e por isso os
produtores preferem arrendar a terra para plantar milho e soja.
Neste mês de abril, os produtores venderam a raiz de mandioca por R$ 547
a tonelada, um aumento de 50% em relação ao mesmo mês do ano passado,
quando a mandioca foi vendida por R$ 365 a tonelada.
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