BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Senado reagiu à decisão do STF (Supremo
 Tribunal Federal) de discutir mudanças no foro privilegiado dos 
políticos e decidiu acelerar as votações do projeto que acaba com essa 
prerrogativa para praticamente todas as autoridades públicas. A Proposta
 de Emenda à Constituição foi aprovado em primeiro turno no plenário do 
Senado na noite desta quarta-feira (26) por 75 votos a zero. O texto 
será votado novamente em plenário após três sessões de discussão -o que 
deve ocorrer na segunda semana de maio. 
Três líderes partidários disseram à reportagem, em caráter reservado,
 que a aprovação do projeto tem o objetivo de transmitir uma mensagem de
 que o Congresso está debatendo o tema e não quer interferências de 
outros poderes sobre a legislação. Eles preveem, entretanto, que o texto
 deve sofrer modificações na Câmara e voltar ao Senado, o que tornaria 
seu desfecho incerto.
O projeto aprovado no plenário do Senado extingue o foro especial 
para todas as autoridades em crimes comuns, com exceção dos presidentes 
da República, da Câmara, do Senado e do STF. Estes continuariam a ser 
julgados pelo Supremo. Todos os demais -incluindo ministros, 
parlamentares, governadores e prefeitos- poderiam ser processados na 
Justiça de primeira instância. "Todos os que estão com foro no STF 
descem à instância judicial respectiva: o juiz da primeira instância. Se
 for acusação no âmbito da Lava Jato, para a vara federal de Curitiba ou
 outra que estiver fazendo esta investigação", disse o relator da 
proposta, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
Pela legislação atual, ministros, senadores e deputados federais só 
podem ser julgados pelo STF. Já governadores e deputados estaduais só 
podem ser processados pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A PEC (Proposta de Emenda à Constituição), de autoria do senador 
Alvaro Dias (PV-PR), não estava na pauta desta quarta-feira, mas os 
senadores decidiram colocar o texto em votação na CCJ (Comissão de 
Constituição e Justiça) e levá-la ao plenário no mesmo dia.
Os senadores decidiram aceleraram a votação do projeto para se 
contrapor ao STF, que deve julgar no fim de maio uma restrição ao foro 
privilegiado. Os parlamentares temem que o Supremo mude as regras do 
foro apenas para os políticos, e poupe outras autoridades, como a 
magistratura, por exemplo. "Essa questão está sendo cobrada 
verdadeiramente pela sociedade, então aproveitamos a oportunidade para 
acabar com o foro especial para todos os poderes", afirmou o senador 
Renan Calheiros (AL), líder do PMDB. "O Congresso está diante do 
seguinte impasse: se o Congresso não fizer, o Supremo fará pela metade e
 não por inteiro, então é melhor o Congresso cumprir sua prerrogativa 
constitucional e fazer por inteiro", disse Randolfe.
 
 
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