sexta-feira, 31 de março de 2017

Adultos paranaenses estão acima do peso, afirma estudo


Nos últimos dez anos, o índice aumentou em quase todas as faixas etárias

Rodolfo Luis Kowalski / bem paraná 

Estilo de alimentação influi nos dados verificados pelo Ministério da Saúde (foto: Franklin de Freitas)
No século passado, o pernambucano Josué de Castro (1908-1973) alertava que o Brasil era o país da geografia da fome (nome, inclusive, de seu livro publicado em 1946, um clássico). Estivesse ainda vivo, porém, o médico e nutrólogo provavelmente se dedicaria a outro problema: o sobrepeso e a obesidade, que acometem hoje mais da metade (54,1%) dos brasileiros, ao passo que a subalimentação, que nos anos 1990 chegou a afetar 15% dos brasileiros, hoje atinge somente 1,7% da população.
Nesse sentido, esta sexta-feira (31) pode ser importante para uma reflexão sobre a alimentação do brasileiro. É que o dia 31 de março celebra o Dia Nacional da Saúde e Nutrição, que faz parte do calendário do Ministério da Saúde e visa conscientizar acerca da importância da alimentação saudável para o bom desenvolvimento do corpo e para a manutenção da saúde.
Segundo dados do Sistema de Vigilância Alimentar Nutricional (Sisvan), nos últimos dez anos a população paranaense conseguiu reduzir o percentual de habitantes abaixo do peso considerado ideal. Em 2008, era 4,4%. Em 2017, 3,8%. Por outro lado, o índice de pessoas com peso adequado caiu de 59,8% para 52,3%. E isso por conta do significativo aumento do número de pessoas com sobrepeso ou obesidade, que fez a taxa passar de 35,8% para 43,9%.
Para piorar, o aumento no percentual de pessoas acima do peso se deu em praticamente todas as faixas etárias. A única exceção foram entre as crianças com idade de 0 a 5 anos, cujo índice de risco de sobrepeso e obesidade caiu de 33,54% para 31,58%. Já entre crianças com idade de 5 até 10 anos, a taxa daqueles com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave subiu de 26,02% para 30,82%.
A situação mais grave, contudo, está entre os adolescentes e adultos de nossa sociedade. Há 10 anos, 21,83% dos nossos jovens e 48,95% dos adultos estavam acima do peso. Hoje, os índices são de 35,61% e 66,79%, respectivamente. Por fim, entre os idosos, o percentual também subiu, passando de 48,61% para 55,64%.
Sisvan
O Sisvan foi preconizado na década de 70, recomendado pela OMS. O sistema tem por objetivo fazer o diagnóstico da situação alimentar e nutricional da população brasileira, contribuindo para o conhecimento dos problemas de nutrição.

Dicas para uma vida mais saudável
A nutrição, então surge com um papel fundamental para reverter o quadro atual. Não só para ajudar a eliminar os quilinhos a mais, mas também para o controle do estresse e preservação da memória até a prevenção e tratamento de diversas doenças, sobretudo as doenças crônicas não transmissíveis. Confira cinco dicas sobre como adotar hábitos alimentares mais saudáveis e cuidar da saúde listadas por Patrícia Ruffo, nutricionista e Gerente Científico da Divisão Nutricional da Abbott no Brasil.
Procure realizar suas refeições em casa
Comer em casa geralmente aumenta as chances de se ter uma dieta saudável, já que permite controlar os ingredientes das refeições. Uma forma de manter uma dieta saudável é ter sempre alimentos frescos e nutritivos à mão. Muitos deles podem ser congelados ou desidratados, como castanhas, frutas e cereais ricos em fibras.
Alimentos para o cérebro – o que você come importa
A alimentação tem um papel importante para a saúde cerebral e pode ajudar a prevenir a perda de memória e o declínio cognitivo. Por exemplo, a ingestão de gordura pode afetar a saúde do cérebro, já que dietas ricas em gordura saturada (encontrada em alimentos de origem animal, como carnes vermelhas e laticínios) aumentam o risco de declínio cognitivo, enquanto aquelas ricas em gordura monoinsaturada(encontrada em alimentos como abacate, amêndoas, nozes e alguns peixes) podem promover a saúde cognitiva.
Controle mais o peso com alimentação do que com exercícios
Exercícios são fundamentais para a saúde geral, mas se você acha que é um objetivo difícil demais, inicie primeiro pela alimentação. Estudos, inclusive, já comprovaram que a alimentação saudável leva a uma perda de peso maior do que apenas os exercícios, bem como a uma maior perda de massa gorda. Contudo, a união da dieta com exercícios ainda apresenta resultados melhores do que apenas fazer dieta ou exercícios.
Mantenha-se hidratado
Beber água é importante para a nossa saúde geral e bem-estar, mas novas pesquisas mostram que a bebida também pode ajudar com as calorias que consumimos. Além disso, a escolha da água pode ser útil para limitar outras bebidas açucaradas.
Controle o estresse com dieta
Comer por causa do estresse pode ser bom desde que você o faça da maneira certa. Nutrientes como ômega 3, vitamina E e polifenóis, um composto encontrado em mirtilos (blueberry) e no chocolate amargo, podem reduzir os efeitos negativos do estresse no corpo. Além disso, nutrientes de alimentos saudáveis podem ajudar a melhorar o fluxo sanguíneo, o que combate os efeitos do estresse.
Maus hábitos alimentares são os culpados
Para o endocrinologista João Salles, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, a alta nos índices de obesidade tem relação direta com os maus hábitos alimentares da população — uma situação, ressalte-se, restrita não apenas ao Paraná, tanto que desde 2007 a OMS considera a obesidade como uma doença crônica com status de epidemia mundial. “(O que explica essa alta é) basicamente alimentação errada, com refeições ricas em produtos industrializados, de alta concentração calórica, ricos em gordura e açúcar”, afirma o médico.
A situação é ainda evidenciada pelos dados do Vigitel 2015. O estudo, divulgado pelo Ministério da Saúde, mostra que doces e sobremesas são consumidos quase todos os dias por 20,1% da população e que 19% dos brasileiros bebem refrigerantes ou sucos artificiais quase todos os dias.
Conselho de Nutricionistas na Rua XV
Entre os dias 1º e 8 de abril, das 9 às 14 horas, o Conselho Regional de Nutricionistas da 8ª Região (CRN-8) estará no Calçadão da XV de Novembro para orientar a população com os cuidados alimentares diversos e, especificamente, sobre a rotulagem de alimentos, conscientizando para a importância de compreender as informações contidas nos rótulos, bem como sobre a importância de fazer dos alimentos in natura a base da sua alimentação.
Sobre a rotulagem, por exemplo, os nutricionistas falam sobre conhecimentos importantes para a leitura, como o fato de que a lista de ingredientes sempre estará em ordem decrescente (do ingrediente em maior quantidade para o de menor quantidade) e a obrigatoriedade a declaração sobre valor energético, carboidratos, proteínas, gorduras totais, gordura saturada, gordura trans, fibra alimentar e sódio.

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