quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Cresce hipótese de falta de combustível em avião da Chapecoense

Agência Ansa 

Embora as autoridades colombianas ainda não tenham se pronunciado oficialmente sobre as possíveis causas da queda do avião da Chapecoense, ganha cada vez mais força a hipótese de falta de combustível.

Indícios revelados nas últimas horas apontam que a aeronave RJ-85 da empresa boliviana Lamia pode ter sofrido uma pane seca a apenas cinco minutos do aeroporto José María Córdova, em Rionegro, mas que serve Medellín, destino final da Chape.

Em entrevista à rádio "Caracol", um piloto da Avianca que voava pela região revelou parte do diálogo entre a tripulação do avião da equipe catarinense e a torre de comando. Segundo esse relato, o comandante da Lamia, Miguel Quiroga, que também era sócio da empresa, pediu prioridade no pouso por falta de combustível. No entanto, o aeroporto informou que outra aeronave, da empresa VivaColombia, já estava fazendo uma aterrissagem de emergência.

Wilson Pardo/Policiantioqui
Wilson Pardo/Policiantioqui


Em seguida, o piloto do avião da Chapecoense também declarou emergência e recebeu autorização para pousar na pista 1. Poucos instantes depois, Quiroga disse que estava com falha elétrica "total", e o avião sumiu dos radares.

Segundo especialistas, a pane seca é uma das causas de problemas elétricos em aeronaves. Em seu perfil no Facebook, a brasileira Maysa Ramos Brito, que estava no voo da VivaColombia, contou que o piloto de seu avião havia anunciado um pouso de emergência no aeroporto José María Córdova por possível vazamento de combustível.

"No meio de toda a confusão, ficamos sabendo da queda do outro avião. A policial informou que infelizmente eles não conseguiram pousar porque já estávamos na prioridade de emergência, ou seja, já estávamos pousando, e eles tinham que esperar meu avião chegar ao solo", relatou Brito.

Além disso, o fato de não ter havido explosão mostra que os tanques da aeronave estavam vazios. A autonomia do avião da Lamia era de aproximadamente 3 mil km, quase a mesma distância em linha reta entre Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e Medellín, o trajeto percorrido pela Chapecoense.

Os protocolos da aviação civil estabelecem que uma aeronave deve levar combustível suficiente para concluir sua rota, eventuais esperas no ar e possíveis desvios. No entanto, ainda que estivesse com os reservatórios completos, o RJ-85 chegaria ao aeroporto de Rionegro no limite.

De acordo com o plano de voo, o avião poderia pousar em Cobija, na Bolívia, ou Bogotá, na Colômbia, para reabastecer, mas não o fez. Fontes citadas pelo jornal "El Tiempo" dizem que havia quatro aeronaves para aterrissar no José María Córdova, sendo que o da VivaColombia tinha a prioridade e o da Lamia seria apenas o terceiro ou quarto.

De uma hora para outra, segundo o diário, o comandante Quiroga começou a pedir, aos gritos, autorização para aterrissar. Ele teria declarado emergência quando já estava em processo de descida. Quando a aeronave sumiu dos radares, voava a 9 mil pés de altitude, em um trecho montanhoso onde os aviões passam a pelo menos 10 mil pés.

Um dos objetivos dos investigadores é descobrir se a Lamia cumpriu os protocolos internacionais, que obrigam todos os voos a terem combustível reserva para realizar manobras de segurança, como um desvio de aeroporto.

Também em entrevista ao jornal "El Tiempo", o diretor da companhia aérea, Gustavo Vargas, reconheceu que, de Santa Cruz de la Sierra, a aeronave teria que parar em Cobija ou Bogotá para reabastecer. "Pelo visto, se o piloto continuou, então podia. Ele seguiu, e aconteceu essa catástrofe", acrescentou.

A tragédia deixou 71 mortos, incluindo 19 jogadores da Chapecoense, dirigentes, o técnico Caio Júnior e sete tripulantes.

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