domingo, 23 de julho de 2017

Paraná tem quase tudo para nevar mais. Saiba por que isso não acontece

AEN

Neve de 23 de julho de 2013 em Guarapuava (foto: Abimael Valentim/Assessoria de Comunicação Prefeitura de Guarapuava)
A ocorrência de neve se tornou mais comum nos últimos anos nas regiões paranaenses mais frias. Neste ano, o fenômeno voltou a aparecer em Palmas, Inácio Martins e General Carneiro, no Sul do Estado. Além disso, a chuva gelada também reapareceu.
Em 2013, Guarapuava registrou a maior “nevasca” do Paraná em décadas. Por mais de uma hora os flocos caíram na cidade. Naquele ano, também houve ocorrência em outros 26 municípios. Em Curitiba o fenômeno foi breve, mas serviu para que os moradores mais antigos relembrassem a neve histórica de 1975, que caiu durante sete horas.
Mas o registro relativamente frequente ainda é pequeno, se forem levadas em conta as condições que o clima do Paraná poderia proporcionar. Esse é o entendimento do meteorologista Lizandro Jacóbsen, do Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar). Ele explica que o inverno no Estado tende a ter as condições ideais para a formação de neve. As temperaturas são baixas, há nebulosidade, tempo instável e garoas.
A equação é quase perfeita, mas a falta de um ingrediente à soma, que impede que a neve caia por aqui regularmente: a temperatura da nuvem tem de estar abaixo de zero. “Não pode estar frio só na superfície. A atmosfera tem de estar muito fria. Para a neve se formar e chegar a cair ela precisa enfrentar uma camada de zero grau ou menos desde a nuvem até o solo. Senão os cristais não se formam, ou derretem antes de chegar a atmosfera”, disse.
E justamente é esta combinação que é rara por aqui. “É difícil ter o casamento das duas condições. Por isso a configuração de neve é bem rara mesmo”, explica o meteorologista. Outro fator que ajuda para que o Paraná não tenha grande acumulação de neve todos os invernos é a baixa altitude do Estado, segundo Jacóbsen. “Altitudes mais elevadas são mais prováveis de terem as temperaturas mais baixas. Por isso a neve é muito mais frequente nas serras”, afirmou.
Curitiba, por exemplo, está a pouco mais de 900 metros acima do nível do mar, já São Joaquim, em Santa Catarina, onde a neve acumulou nos carros, está a 1.300 metros de altitude. Parece pouco, mas não. “Quanto mais alto mais fácil. A variação da temperatura é menor”, informa Jacóbsen.
GEADAS - Enquanto faltam condições climáticas para a neve cair, sobram para a formação de geadas. O cenário dos últimos dias foi perfeito para formar a camada de gelo sobre as superfícies. “Umidade e temperatura do ar abaixo dos 5°C”, descreveu o meteorologista Samuel Braun, também do Simepar.
Mas até mesmo a geada não será vista pelos próximos dias. As temperaturas voltam a subir em todo o estado o que afasta a possibilidade do congelamento do orvalho. “A massa de ar polar avançou bastante e agora o predomínio é de ar seco e céu aberto. Típicos do inverno paranaense”, concluiu Braun.
Apesar de dias de frio intenso, a tendência do inverno segue a previsão feita no início da estação. As temperaturas não devem ser nem tão frias quanto o de 2016, nem tão quente como o de 2014, apresentando algumas semanas mais frias e outras mais amenas.

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