- Por Jéssica Sant'Anna - Gazeta do Povo
Depois de uma crise que derrubou a venda de caminhões
semipesados e pesados e de ônibus ao nível mais baixo registrado pelo
setor desde o início dos anos 2010, a Volvo começa a enxergar a retomada
da economia e volta a investir na sua fábrica no Brasil, localizada na
Cidade Industrial de Curitiba (CIC). A empresa contratou 250
funcionários entre o fim do ano passado e o início de 2018, abriu o
segundo turno para produzir caminhões e já está exportando 75% da
produção de chassis de ônibus. Além disso, a companhia mantém o
investimento iniciado no ano passado de R$ 1 bilhão na América Latina
até 2019, a maior parte dos recursos sendo utilizada para manter e
atualizar a planta industrial e o restante para investir em novas
tecnologias e ampliar a rede de concessionárias.
O presidente do grupo Volvo América Latina, Wilson Lirmann, afirma
que o último trimestre de 2017 marcou o início da retomada para o setor
de caminhões pesados e semipesados no Brasil, o principal segmento para a
montadora e o principal mercado na América Latina. A empresa espera que
o setor de caminhões no Brasil cresça 30% em 2018.
“Nós vimemos um momento de otimismo, pois rompemos a sequência
negativa da crise, com o controle da inflação, a redução da taxa de
juros, a agricultura que continua muito forte, com safra recorde em
2017, a retomada de confiança dos empresários e do consumidor e,
inclusive, a retomada da indústria”, afirma Lirmann. Ele lamentou,
porém, a falta de uma reforma fiscal e previdenciária: “Todos os sinais
de uma recuperação cíclica estão postos, mas não podemos contar só com
uma recuperação cíclica, precisamos melhorar o cenário macroeconômico
como um todo, com as reformas”.
Apesar do crescimento no ano passado e da perspectiva de aumentar o
nível em 2018, os níveis de produção e venda ainda estão baixos em
comparação ao auge do setor. O último recorde da Volvo aconteceu em
2011, quando a montadora vendeu 26 mil caminhões. No ano passado, o
número foi de 10.366 unidades, comercializando 55% da produção no Brasil
e o restante nos demais países latino-americanos, com destaque para
Chile, Argentina e Peru, onde a montadora é líder em vendas. Uma
consequência disso é que fábrica na CIC opera, atualmente, com um terço
da capacidade produtiva.
Segundo turno e contratações
Mas, apesar de ainda estar distante do volume de entregas de 2011, a
Volvo enxerga uma melhora gradual do setor e mantém o investimento de R$
1 bilhão para a América Latina até 2019 . A montadora também retomou o
segundo turno de produção de caminhões em fevereiro deste ano na fábrica
em Curitiba, que produz caminhões, chassis de ônibus e motores, e
contratou 250 novos funcionários entre o fim de 2017 e o início de 2018,
grande parte para a linha de produção. Atualmente, são 3,4 mil pessoas.
As novidades chegam depois de dois anos marcados por demissões e
fábrica funcionando em apenas um turno. A partir do auge da crise, em
meados de 2015, a empresa reduziu em 20% a produção da sua fábrica,
ficou operando em apenas um turno e demitiu centenas de funcionários,
muitos aderindo ao Programa de Demissão Voluntária (PDV).
Mais uma retomada
Na área de ônibus, a Volvo também enxerga uma retomada para o setor,
tanto para transporte público quanto rodoviário. A empresa espera
participar de novas licitações para BRT, como em São Paulo, Manaus e
Santiago, e participar da renovação da frota dos operadores de
transporte rodoviário. Em março, a empresa entrega 25 novos
biarticulados para a cidade de Curitiba. No ano passado, vendeu 1.055
chassis de ônibus, exportando 75% do total, número recorde para a
montadora. Em 2013, por exemplo, esse valor era de 38%.
*A jornalista viajou a convite da Volvo.
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