terça-feira, 20 de março de 2018

Meu filho é viciado em Drogas, o que fazer?

“Onde foi que eu errei?”
Essa é a frase mais ouvida na boca dos pais quando descobrem, em geral tardiamente, que seu filho ou filha tornou-se um viciado em drogas.
Quando se trata de famílias pobres, em que a carência é a tônica (carência financeira, intelectual, social e afetiva) é menos complicado encontrar o ponto falho.
Mas... E quando a família é bem estruturada, próspera e disponibiliza aos filhos atenção, bens materiais, ambiente social saudável e também amor? Onde estaria o erro?
”Esse menino sempre teve tudo o que quis, nunca lhe faltou nada. Sempre lhe demos amor e carinho, apoio e orientação. Não entendemos o porquê dessa desgraça na nossa família!” – lamentam os pais (com razão).
Por que aconteceu?
Determinar uma causa única, preto no branco, nesse caso, é praticamente impossível. A coisa pende mais para uma conjunção de fatores. Nessa conjunção se destacam ingredientes distintos, tais como: temperamento hipersensível do sujeito, uma intensa insegurança pessoal (bem acobertada dos familiares), a falta de alvos pelos quais se valha a pena viver (nada a alcançar); uma família em que Deus é um personagem ausente, ou apenas uma figura folclórica distante; valorização extremada do prazer físico ou mental; estilo de vida marcado por ganhar dos pais tudo de forma muito fácil, sem que haja a necessidade de lutar para obter os seus desejos...
Mas os familiares têm que compreender que, depois do leite derramado, de nada adianta procurar culpados. Uma “caça às bruxas” não vai resolver coisa alguma. Confirmado o fato, a hora agora é de buscar solução. E ela existe!
A solução, nesse caso, passa por obter ajuda profissional (psicólogos, médicos, psiquiatras), disponíveis nas clínicas especializadas em tratamento anti drogas (desde que sejam instituições reconhecidamente sérias e com histórico íntegro); e, existe ainda, uma outra alternativa, mais acessível, as chamadas Comunidades Terapêuticas, popularmente chamadas de ”Casas de Recuperação”.
Comunidades Terapêuticas são instituições particulares, geralmente de cunho religioso (católicas ou evangélicas), sem fins lucrativos. As CTs são especializadas em acolher jovens para tratar a dependência química. O tratamento não é medicamentoso, e sim psico-social-espiritual; e sua duração média é de 8 meses, em regime de residência.
Estão espalhadas por todo o Brasil e, como todos os segmentos de atendimento público, existem profissionais de boa qualidade, com ótimos resultados nas suas atividades, e também os picaretas, interessados apenas em obter lucro de pais desesperados, num momento difícil de suas vidas. Cabe aos pais pesquisar e investigar cada instituição.
As Comunidades Terapêuticas, de forma geral, não são bem vistas pela comunidade acadêmica, que as acusam de estar voltando ao sistema manicomial, que já foi execrado e banido do país pelos órgãos oficiais da saúde mental. Entretanto, é necessário que se reconheça que existem comunidades terapêuticas sérias e eficientes, que apresentam resultados positivos incontestáveis (resultado aqui significa vitória sobre as drogas), e não têm nada a ver com o sistema manicomial. São instituições fiscalizadas por órgãos federais, estaduais e municipais; e dispõem de equipe multidisciplinar (com psicólogo, assistente social e monitores), experiente no combate às drogas.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é o órgão oficial que regulamenta as comunidades terapêuticas. Sua resolução RDC 101, de 2001 contém as exigências técnicas para o funcionamento das “comunidades”, mas a licença sanitária é feita pela vigilância estadual ou municipal. Segundo a ANVISA o conceito de Comunidade Terapêutica é:
“Serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou abuso de substâncias psicoativas (SPA), em regime de residência ou outros vínculos de um ou dois turnos. Segundo modelo psicossocial, são unidades que têm por função a oferta de um ambiente protegido, técnica e eticamente orientados, que forneça suporte e tratamento aos usuários abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas, durante período estabelecido de acordo com programa terapêutico adaptado às necessidades de cada caso. É um lugar cujo principal instrumento terapêutico é a convivência entre os pares. Oferece uma rede de ajuda no processo de recuperação dos acolhidos, resgatando a cidadania, buscando encontrar novas possibilidades de reabilitação física e psicológica, e de reinserção social. Tais serviços, urbanos ou rurais, são conhecidos como Comunidades Terapêuticas”.
Já a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), reconhece e mantém contratos com 252 comunidades terapêuticas (CTs) espalhadas por todo o Brasil e gera o atendimento a pelo menos 5.500 dependentes químicos. O acolhimento dos usuários de drogas faz parte do Programa Nacional: “Crack, é Possível Vencer”, do Governo Federal
 
Fonte: Prof. Enauro Borges

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