Quase metade das ocorrências foram em Curitiba — a última, nesta segunda-feira
Rodolfo Luis Kowalski
Os últimos 12 meses têm sido de muito trabalho para o Esquadrão
Antibombas (EAB) do Paraná, uma subunidade do Batalhão de Operações
Policiais Especiais (Bope). Desde junho do ano passado foram pelo menos
17 ameaças de bomba no Estado. O número real de ocorrências, contudo,
deve ser maior, já que o levantamento considera apenas os casos
noticiados pela imprensa paranaense — a Secretaria de Segurança Pública
(Sesp) não divulga os números oficiais.
O último desses casos foi registrado no começo da tarde de ontem, por
volta de 12h30, quando um cidadão que passava pela Praça Santos Andrade
encontrou uma sacola vermelha deixada próximo do prédio da Universidade
Federal do Paraná (UFPR). Dentro dela estavam dois artefatos
cilíndricos ligados a um dispositivo eletrônico, o que gerou grande
temor de que pudesse ser uma bomba caseira.
Sete viaturas da Polícia Militar e do Esquadrão Antibombas do
Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foram desclocados para
atender a ocorrência, que mais tarde provou ser um alarme falso.
“Dentro da sacola tinha um simulacro de artefato explosivo. Parecia
muito com uma bomba, tinha até os fios fazendo a ligação, mas graças a
Deus não era uma bomba, não. Foi uma brincadeira de mau gosto cuja
intenção do autor era justamente causar o pânico no público”, explicou o
tenente Eduardo Cochek.
Felizmente, a maior parte das ameaças de bomba, a exemplo do ocorrido
ontem, acabam não se confirmando. Dos 17 casos noticiados desde junho
do ano passado (dos quais oito em Curitiba e três na região
metropolitana), somente em quatro houve a confirmação de material
explosivo. Em outras quatro (incluindo a de ontem), os suspeitos teriam
utilizado simulacros com o intuito de assustar a população ou mesmo
fazer “brincadeiras de mau gosto”, enquanto em outros quatro casos
tratou-se apenas de mochilas abandonadas com roupas velhas.
Ocorrências estão em alta no Paraná
De acordo com o Esquadrão Antibombas, os casos envolvendo bombas e
explosivos no Brasil e, mais especificamente, no Paraná, são cada vez
mais comuns. Uma prova disso, por exemplo, são os casos de ataque contra
bancos, em especial as explosões de caixas eletrônicos. Em 2016, foram
110 ocorrências durante todo o ano, segundo relatório divulgado
Confederação Nacional dos Trabalhadores de Segurança Privada (Contrasp).
“Há registros do uso de explosivos em atos de vingança pessoal,
furto, roubo, suicídio, sabotagem, ações de extorsão e intimidação,
resgate de presos em penitenciárias, atos de vandalismo”, escreve a
Polícia Militar na revista científica EAB Scientia, do Esquadrão
Antibombas.
“A cada ano, verifica-se que a curva do aprendizado dos criminosos
está evoluindo rapidamente e os cenários futuros indicam que a tendência
é o aumento dos crimes e o uso dos explosivos como arma de ataque
contra as forças policiais”, complementa o artigo.
Esquadrão completa 25 anos
O ano de 2017 é especial para o Esquadrão Antibombas. É que no dia 15
de janeiro a subunidade do Batalhão de Operações Policiais Especiais
(Bope) completou 25 anos de existência. Quando foi criado, em 1992, o
esquadrão pertencia ao Comandos e Operações Especiais (COE). Em 2000,
adquiriu o status de Equipe Antibombas e, em 2011, com a reestruturação
do COE, passou a ter o nome Esquadrão Antibombas. Já em 2013, devido ao
aumento das atividades e serviços prestados, o grupo se desmembra do COE
e passa a ser uma das subunidades do BOPE.
Segundo o Comandante do EAB, capitão Ilson de Oliveira Júnior, a
subunidade já é destaque nacional por conta não somente da qualidade dos
serviços prestados, mas também pela produção de conhecimento
especializado (como a produção da revista EAB Sicentia e o Encontro de
Comandantes de Unidades Antibombas), além da seção de perícia, que
fornece relatórios técnicos para outros órgãos de segurança pública.
O lema da EAB, inclusive, é “Ut Scientia Justitiae de Serviat”, que
significa “A Ciencia à Serviço da Justiça”. De forma sucinta, resume a
sinergia das mais diversas áreas do conhecimento como química, física,
matemática, biologia, direito, entre outras, que agregam o valor ao
trabalho realizado pelo grupo, subsidiando a correta tomada de decisão
para a resolução de ocorrências, a fim de preservar vidas, patrimônio e o
meio ambiente.
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