A Secretaria de Estado da Saúde alerta para o aumento exponencial dos
 casos de sífilis no Estado. Em 2011, o Paraná registrou 474 casos de 
sífilis em gestantes e em 2016 este número subiu para 2.066. No mesmo 
período a sífilis congênita teve um aumento de 345,3% (212 casos em 2011
 e 732 em 2016). A sífilis adquirida apresenta os dados mais alarmantes.
 Em cinco anos, houve aumento de 1.231% - de 439 casos registrados em 
2011 para 5.393 em 2016.
“A sífilis tem diagnóstico e tratamento disponível para todos. O 
aumento de notificações também é decorrente de maior oferta de testes 
rápidos e do pré-natal de qualidade, mas é importante que a população 
mantenha cuidados preventivos”, destacou o chefe do Centro Estadual de 
Epidemiologia, João Luis Crivellaro.
A sífilis é transmitida por contato sexual ou das mães para os filhos
 durante a gestação. Entre os principais efeitos causados por ela estão 
pequenas feridas nos órgãos sexuais e boca, além do aparecimento de 
ínguas.
Existem três tipos de sífilis: a adquirida (que é transmitida por 
relações sexuais), em gestantes (que adoecem depois de ter relações com 
uma pessoa infectada) e a congênita (transmitida de mãe para filho 
durante a gestação).
DIAGNÓSTICO – A enfermeira da divisão de DSTs/AIDS e Hepatites 
Virais, Mara Franzoloso, diz que o aumento dos casos não é algo novo. “A
 sífilis sempre existiu. Desde 2010, a notificação de casos é 
obrigatória, por isso hoje podemos ver o elevado número de ocorrências 
na população”. Ela reforça, ainda, que a melhor maneira de prevenir-se 
contra a sífilis é se protegendo nas relações sexuais.
“O uso de preservativos ainda é uma das maneiras mais eficazes de 
evitar qualquer doença sexualmente transmissível. Com a camisinha 
podemos diminuir os números da sífilis e de outras doenças que causam 
medo na população, como a Aids, por exemplo”, afirmou.
Com a sífilis congênita, os riscos para o bebê são enormes, pois a 
doença pode se manifestar logo após o nascimento ou até nos dois 
primeiros anos de vida da criança. Ao nascer, as crianças infectadas 
podem ter pneumonia, feridas pelo corpo, deformação dos dentes, 
problemas ósseos, cegueira, surdez e até deficiência mental. Em alguns 
casos, a doença pode até ser fatal e levar à morte. De 2015 para 2016 os
 casos deste mal aumentaram 21,5% no estado.
“O aumento dos casos de sífilis congênita não é uma realidade apenas 
do Paraná. Hoje em dia o Brasil vive uma epidemia desta doença. Boa 
parte das crianças que nascem com sífilis transmitida pela mãe terão má 
formações neurológicas, cognitiva ou motora. As gestantes precisam 
entender que este problema pode ser evitado com atitudes simples”, 
destacou o superintendente de Atenção à Saúde, Juliano Gevaerd.
MÃE PARANAENSE – O Governo do Estado, por meio da Rede Mãe 
Paranaense, oferece exames para detecção da sífilis congênita e 
tratamento gratuito a quem estiver doente.
Todas as gestantes que iniciam seu pré-natal dentro da rede pública 
fazem três testes rápidos para detecção de DSTs em sua gestação. O 
resultado do teste sai em 30 minutos e, caso seja positivo, a gestante 
passa por um segundo teste, chamado VDRL (Venereal Disease Research 
Laboratory), que vai confirmar a presença da doença e informar seu nível
 de infecção.
“O teste está disponível em todas as unidades de saúde do Paraná e 
toda gestante tem direito a fazê-lo. Mas é importantíssimo que, além da 
gestante infectada fazer o tratamento, seu parceiro sexual também o 
faça. Se o parceiro não for tratado, a mulher pode se recontaminar e as 
chances da má formação do feto são muito maiores”, salientou o 
superintendente. A Rede Mãe Paranaense oferece 23 exames durante o 
pré-natal para todas as gestantes do estado. Aquelas que apresentarem 
resultados positivos para qualquer doença grave são classificadas como 
de alto risco e, em alguns casos, recebem tratamento hospitalar. Para 
ter acesso aos serviços oferecidos pela Rede Mãe Paranaense, as 
gestantes devem procurar a unidade de saúde mais próxima.
RELATO – L.M.S é mãe de um menino de poucos meses. Quando ela 
descobriu a gravidez, há mais ou menos um ano, começou a frequentar as 
unidades de saúde do bairro onde mora para fazer o exame pré-natal. E em
 uma das primeiras consultas foi diagnosticada com sífilis,
“Pra mim foi um choque. Eu nunca imaginei que pudesse estar doente, 
ainda mais com uma DST. Na hora que me falaram que estava doente, fiquei
 sem ação, porque pensava que podia passar isso pro meu menino que ia 
nascer. A pior sensação para uma mãe é saber que causou algum mal pro 
seu próprio filho”, afirmou.
Como iniciou o tratamento no começo da gestação, L.M.S. já não 
apresentava mais traços da bactéria nos últimos exames que fez, antes do
 parto. Entretanto, ao nascer, seu filho estava infectado com a bactéria
 da sífilis.
“Ele foi pra maternidade e ficou internado. Ver meu filho, tão 
pequenininho, com aquelas agulhas nas veias para receber os medicamentos
 foi de partir o coração”, relatou.
Após meses de tratamento, a criança já não apresenta mais a bactéria 
e, segundo os médicos, terá um crescimento saudável sem qualquer 
sequela.
 
 
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