LUCAS VETTORAZZO E JOANA CUNHA RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - 
Quase 100% das vagas geradas no setor privado neste ano foram informais,
 segundo análise do IBGE baseada nos dados extraídos da pesquisa Pnad 
Contínua, divulgada nesta quinta-feira (30) pelo instituto.
Os cálculos de Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do
 IBGE, são aproximados e demonstram a tendência de informalidade 
verificada na geração de emprego recente no país. A Pnad Contínua mostra
 que aproximadamente 2,3 milhões de postos foram criados neste ano de 
2017, desde o trimestre iniciado em fevereiro. Destas, Azeredo avalia 
que cerca de 1,7 milhão são postos voltados para a informalidade, ou 
seja, é possível afirmar que 76% das vagas geradas dentro do ano têm 
características informais. O restante foi serviço público (511 mil).
São vagas geradas no trabalho sem carteira (721 mil), empregadores 
(187 mil), trabalhadores domésticos (159 mil) e por conta própria (676 
mil) -modalidades consideradas de menor qualidade em relação aos postos 
com carteira assinada, protegidos pela lei trabalhista. É o trabalhador 
que perdeu o emprego formal na construção e passou a atuar com pedreiro 
independente em pequenas obras, contratando ajudantes, o que o coloca na
 categoria de empregador.
Também pode ser aquele que passou revender comida feita em casa ou 
cosméticos, por exemplo, encaixando-se na modalidade do conta própria. 
Os empregos com carteira ficaram em 17 mil no período, um número 
considerado pequeno do ponto de vista estatístico. "É possível fazer 
essa aproximação porque, no momento em que o trabalho por conta própria 
está aumentando, parte expressiva das vagas de empregadores também têm 
grandes chances de serem informais", diz Azeredo.
A conta é aproximada. Dentro do grupo de trabalhadores por conta 
própria e empregadores pode haver uma minoria de pessoas que não estão 
em características informais. Tamanha informalidade se explica pela 
crise. "Tem uma crise econômica e um cenário político conturbado que, de
 certa forma, inibe o processo de empreender e, consequentemente, cresce
 a informalidade.
As pessoas estão entrando no mercado através de alimentação, 
comércio, uma construção de baixa qualidade", diz o coordenador de 
Trabalho e Rendimento do IBGE. "O que se vê é uma aumento através da 
informalidade. Há crescimento na construção, no serviço doméstico, 
ambulantes, serviços de beleza, salão de cabeleireiro, manicure", afirma
 Cimar Azeredo.
Segundo ele, esse processo não alterou o rendimento do trabalhador 
individualmente, mas trouxe um aumento da massa de rendimento no país, 
deixando a esperança de que a economia se movimente para a vinda de uma 
retomada de postos de trabalho formais no futuro próximo. "Essa entrada 
expressiva de pessoas no mercado de trabalho trouxe um aumento da massa 
de rendimento. E esse aumento é importante, ainda que venha através da 
informalidade, porque movimenta a economia", afirma.
Folhapress 
 
 
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