Antes invisíveis, moradores de rua viram problema para comerciantes da Capital
BEM PARANÁ
A população de rua de Curitiba cresceu e apareceu. Segundo a
Coordenação Municipal de Curitiba do Movimento Nacional da População de
Rua, hoje a Capital conta com entre 4 e 5 mil moradores de rua. Antes
invisíveis aos olhos de grande parte da sociedade, desde a última semana
ganharam evidência e, como costuma acontecer, porque teriam se tornado
um incômodo.
Depois da Associação de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) soltar na
semana passada uma nota polêmica defendendo no Facebook a retirada dos
moradores de rua “por bem ou por força”, ontem foi a vez da Associação
Comercial do Paran se posicionar sobre o assunto, afirmando que a
situação teria chego ao seu limite e inclusive estaria ameaçando a
sobrevivência de diversos comércios, especialmente na região central da
cidade.
“Não está em questão o emprego da violência, do autoritarismo ou de
qualquer outro cerceamento fora de controle capaz de gerar consequências
indesejáveis, mas do estrito cumprimento de obrigações inerentes às
autoridades constituídas em termos da manutenção da ordem nos espaços
públicos”, ressaltou o presidente da ACP, Antonio Miguel Espolador Neto.
Procurada pela reportagem do Bem Paraná, a Fundação de Ação Social
(FAS) admitiu que a situação preocupante. Segundo Antônio Carlos Rocha,
assessor técnico da FAS, de fato houve um crescimento no número de
pessaos em situação de rua na Capital.
“Ainda estamos fazendo um levantamento para ter números mais
precisos, mas nas nossas abordagens notamos um aumento, embora não muito
significativo. O que acontece que temos grandes concentrações em locais
como a Praça Rui Barbosa, Rua XV, Praça Santos Andrade, a Rua João
Negrão e a Avenida Sete de Setembro. Então num olhar bastante rápido
realmente fica a impressão de que aumentou”, explica, apontando ainda
que a questão é um problema mundial.
Rocha ressalta também a evolução no atendimento ao longo dos últimos
anos, com a ampliação no número de centros de recolhimento e vagas
disponíveis. “Em 2012 tinhamos apenas um espaço de acolhimento. Hoje são
10 espaços e aumentamos o número de vagas, que passou de 615 para mais
de 1.000”, afirma.
População deve evitar fazer doações
De acordo com a Fundação de Ação Social, uma das maiores dificuldades que os agentes (que vão desde psicólogos e pedagosos at assistentes sociais) enfrentam na abordagem às pessoas em situação de rua é questão de donativos. Segundo Antônio Carlos Rocha, doações como mesas, sofás, televisão e guarda-roupas ajudam essas pessoas que moram na rua a se fixarem ainda mais do que já estão nessa situação vulnerável.
De acordo com a Fundação de Ação Social, uma das maiores dificuldades que os agentes (que vão desde psicólogos e pedagosos at assistentes sociais) enfrentam na abordagem às pessoas em situação de rua é questão de donativos. Segundo Antônio Carlos Rocha, doações como mesas, sofás, televisão e guarda-roupas ajudam essas pessoas que moram na rua a se fixarem ainda mais do que já estão nessa situação vulnerável.
“Os moradores de rua usam como desculpa para não irem aos centros de
acolhimento que estão esperando alguém que vai trazer donativo. Tem
gente que leva mesa, sofá, armário, e isso dificulta. Inclusive tivemos
um caso assim recentemente na Praça Rui Barbosa. A pessoa conseguiu
sofá, TV, e não queria sair do local, não aceitava ir para o centro de
acolhimento. Então a população deve evitar doar coisas porque isso só
faz as pessoas se fixarem na rua ainda mais do que já estão”, afirma o
assessor técnico da FAS.
No ano passado, inclusive, a Fundação lançou uma campanha contra a
doação de comida, roupas ou esmola. O objetivo é desestimular a
permanência ao relento, facilitando a aproximação dos servidores para
levar os moradores às unidades.
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