Folhapress
ESTELITA HASS CARAZZAI CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - Com quase 500
escolas estaduais ocupadas por alunos, eleitores do Paraná tiveram seus
locais de votação remanejados e votaram em creches, igrejas, unidades de
saúde e até em um supermercado. Em Curitiba, parte do estacionamento de
um supermercado foi ocupado por urnas de 11 seções eleitorais, que
antes estavam num colégio estadual. O espaço foi dividido com faixas de
isolamento amarelas. Um carrinho de supermercado, em pé, ajudava a
demarcar o caminho para o eleitor. "Eleição é igual a parto: tem que
sair", diz a servidora do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) Giovana
Barbosa, que trabalha na coordenadoria de planejamento do órgão. O TRE
transferiu todos os eleitores que votavam em escolas estaduais no
Paraná, para evitar prejuízos aos eleitores. Foram 700 mil eleitores
deslocados, numa mudança que custou R$ 3 milhões. Em Curitiba, quase a
metade dos eleitores teve alteração no local de votação. "Para mim foi
tranquilo, não tive problema", diz o bancário Rodrigo Meher, 31, que
votou no supermercado. "Deu uns cinco minutos de carro." "Foi tranquilo.
Mas eu não apoio as ocupações. É uma falta de vergonha, já virou
bagunça", opina o estudante Rodrigo Pereira, 21. A aluna secundarista
Paula Oliveira, 18, pensa diferente. "Eu sou a favor [das ocupações].
Tem que fazer algo para chamar a atenção do governo." Ela também votou
no supermercado. Segundo a servidora do TRE, a maioria dos eleitores
colaborou com a mudança. Cartas foram enviadas às casas dos eleitores, e
um ônibus foi disponibilizado de graça para os locais de votação mais
distantes. Em frente aos colégios, três homens do Exército e um policial
militar faziam a segurança e orientavam os eleitores que não sabiam
sobre a mudança. Não foram registrados incidentes, porém. Até mesmo o
local de votação do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), foi
alterado. Ele criticou o transtorno e disse que "está na hora de parar
com essa brincadeira", em relação às ocupações. Os estudantes protestam
contra a reforma do ensino médio, proposta pelo governo federal. Parte
dos pais e alunos é contra as ocupações e pede a volta às aulas. Nas
últimas semanas, grupos políticos como sindicatos, partidos e movimentos
anticorrupção têm aderido ao debate, assumindo posições pró ou contra e
organizando protestos.
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