No início desta semana,
o Ministério da Saúde classificou o aumento do número de casos de
sífilis no Brasil como epidêmico. A maior incidência tem sido registrada
na região sudeste do País, que totaliza 62% dos casos entre pessoas dos
20 aos 39 anos.
No Norte Pioneiro do Paraná a situação
ainda é bem controlada, mas como medida preventiva todas as secretarias
municipais de Saúde da abrangência da 19ª Regional de Saúde estão
realizando o teste rápido gratuito para detecção da sífilis. Segundo a
coordenadora do Programa Regional DST/Aids, Célia Ivamago, em junho
deste ano, foi oferecido um curso para a realização do teste e todos os
enfermeiros dos 22 municípios da abrangência da Regional participaram.
"Agora, é possível fazer o teste no próprio município. Em Santo Antônio
da Platina, todas as Unidades Básicas de Saúde oferecem o exame. O
resultado fica pronto em cerca de 30 minutos", explicou.
Antônio de Picolli / Tribuna do Vale
Teste rápido é gratuito e resultado sai em meia hora
Em 2015, foram diagnosticados 62 casos e
este ano, até agora, 32. "Não são números significativos, mas é preciso
levar em consideração a realização do exame. Quando há campanhas,
aumenta o número de pessoas interessadas no teste e, consequentemente,
são detectados mais casos", explicou.
Para Célia, a volta da sífilis é também o
reflexo do não uso de preservativos. "A sífilis é uma doença
sexualmente transmissível e o preservativo pode evita-la. É preciso
usá-lo sempre, mesmo porque há uma grande preocupação com gestantes
portadoras de sífilis. A doença pode ser diretamente transmitida para o
feto", explicou.
No caso em que a pessoa faz o teste
rápido e o resultado é positivo, serão realizados outros procedimentos
para avaliação do grau da doença. "O tratamento varia conforme o avanço
da doença", disse.
O que é sífilis
Sífilis é uma doença infecciosa
sistêmica, crônica. Ela se manifesta em diferentes estágios. Sem
tratamento, apresenta evolução em fases. Inicialmente com feridas na
pele, depois pode evoluir para complicações que levam ao óbito, podendo
afetar o sistema cárdio-vascular e neurológico. A causadora da doença é a
Treponema pallidum, uma bactéria espiralada altamente patogênica. A
sífilis é uma infecção muito antiga e recebeu inúmeras denominações ao
longo dos séculos. A principal forma de transmissão é o contato sexual. A
gestante também, por via hematogênica (pelo sangue), transmite para o
feto a bactéria em qualquer fase da gravidez ou em qualquer estágio da
doença. A transmissão via transfusão de sangue pode ocorrer, mas
atualmente é muito rara, em função do controle do sangue doado.
O tratamento correto e completoé
considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de
transmissão. O tratamento de ambos os parceiros é muito importante na
prevenção para impedir que ocorra a re-infecção, garantindo que o ciclo
seja interrompido.
Em relação à sífilis na gestante e à
sífilis congênita, é importante o diagnóstico precoce. É necessário
testar todas as mulheres que manifestarem o desejo de engravidar. Um
pré-natal qualificado pressupõe como rotina exames para o diagnóstico da
sífilis no primeiro trimestre, de preferência já na primeira consulta.
Sintomas
O primeiro sintoma, o cancro duro, no
homem é mais visível. O problema maior é seu desaparecimento espontâneo
dando a impressão de que a cura ocorreu sem tratamento. Nas mulheres,
por questões anatômicas, não é raro o cancro duro inicial passar
despercebido. O histórico de prática sexual sem uso de preservativos
deve ser investigado com seriedade em consultas, seja na atenção básica,
seja com especialistas da área de ginecologia ou urologia. A existência
de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação.
Sífilis primária
Ferida, geralmente única, no local de
entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou
outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio.
Não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de
ínguas (caroços) na virilha.
Sífilis secundária
Os sinais e sintomas aparecem entre seis
semanas e seis meses do aparecimento da ferida inicial e após a
cicatrização espontânea. Manchas no corpo, principalmente, nas palmas
das mãos e plantas dos pés. Não coçam, mas podem surgir ínguas no corpo.
Sífilis latente
Fase assintomática, não aparecem sinais
ou sintomas. É dividida em sífilis latente recente (menos de um ano de
infecção) e sífilis latente tardia (mais de um ano de infecção). A
duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e
sintomas da forma secundária ou terciária.
Sífilis terciária
Pode surgir de dois a 40 anos depois do
início da infecção.Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente
lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à
morte.
Tratamento
O tratamento de escolha é a penicilina
benzatina, mas recomenda-se procurar um profissional de saúde para
diagnóstico correto e tratamento adequado, dependendo de cada estágio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário