Alta incidência de tragédias nas estradas provoca medo constante entre pacientes que precisam encarar estradas para ter acesso a tratamentos de saúde
Fotos: Fábio Alcover
"Como não temos muitos recursos em Tamarana, sempre que é preciso temos que correr para cá", afirma Josiane de Souza (à dir.), com Maria Helena Borges
Somente neste ano, pelo menos 38 pessoas já morreram nas
rodovias paranaenses em acidentes envolvendo veículos de transporte de
pacientes. De acordo com levantamento feito pela FOLHA, além das 20
mortes registradas no trágico acidente ocorrido na PR-323, em Cafezal do
Sul (Noroeste), nesta segunda-feira (31), pelo menos outros quatro
acidentes resultaram em 18 mortes e 16 ferimentos graves.
Em fevereiro, cinco pessoas morreram e 11 ficaram feridas quando uma ambulância de Araruna (Noroeste) bateu de frente com um caminhão na PR-317, em Engenheiro Beltrão, na mesma região. No mês seguinte, outras três pessoas perderam a vida na PR-449, em Palmas (Centro-Sul). Uma ambulância de Coronel Domingos Soares, cidade vizinha, capotou em uma curva e caiu dentro de um açude.
Outra morte foi registrada em junho, em Balsa Nova (Região Metropolitana de Curitiba), quando uma ambulância bateu na traseira de um caminhão. Em agosto, uma batida entre três carros na PR-486, em Assis Chateaubriand (Oeste), terminou com nove mortos. Um dos carros transportava pacientes de Brasilândia do Sul. O número de vítimas, no entanto, pode ser ainda maior, uma vez que não há dados oficiais sobre acidentes com veículos de serviços de saúde.
A sequência de tragédias estampadas no noticiário se torna um pesadelo para quem depende do transporte para o acesso a serviços de saúde nos grandes centros. Geisilaine Bruna da Silva, de 23 anos, é mãe de Pablo, de 8 anos. Ela é de Florestópolis e com frequência viaja 140 quilômetros para acompanhar o filho em consultas médicas em Londrina. "Eu morro de medo. Essas estradas são muito perigosas e as pessoas estão dirigindo sem responsabilidade. É cada coisa que a gente vê", critica.
Sentada em um banco nas imediações do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar), no centro de Londrina, ela lembra que Florestópolis é marcada por tragédias nas estradas. "Já tivemos um acidente recente com ônibus de estudantes. Eu sempre fico muito preocupada quando preciso viajar", revela. Ao lado dela, pacientes de várias cidades da Região Metropolitana de Londrina ouvem atentos a entrevista, também contando suas experiências. "Eu só venho porque é motivo de saúde, senão nem sairia de casa", contou Roseli do Amaral, de Primeiro de Maio.
Em fevereiro, cinco pessoas morreram e 11 ficaram feridas quando uma ambulância de Araruna (Noroeste) bateu de frente com um caminhão na PR-317, em Engenheiro Beltrão, na mesma região. No mês seguinte, outras três pessoas perderam a vida na PR-449, em Palmas (Centro-Sul). Uma ambulância de Coronel Domingos Soares, cidade vizinha, capotou em uma curva e caiu dentro de um açude.
Outra morte foi registrada em junho, em Balsa Nova (Região Metropolitana de Curitiba), quando uma ambulância bateu na traseira de um caminhão. Em agosto, uma batida entre três carros na PR-486, em Assis Chateaubriand (Oeste), terminou com nove mortos. Um dos carros transportava pacientes de Brasilândia do Sul. O número de vítimas, no entanto, pode ser ainda maior, uma vez que não há dados oficiais sobre acidentes com veículos de serviços de saúde.
A sequência de tragédias estampadas no noticiário se torna um pesadelo para quem depende do transporte para o acesso a serviços de saúde nos grandes centros. Geisilaine Bruna da Silva, de 23 anos, é mãe de Pablo, de 8 anos. Ela é de Florestópolis e com frequência viaja 140 quilômetros para acompanhar o filho em consultas médicas em Londrina. "Eu morro de medo. Essas estradas são muito perigosas e as pessoas estão dirigindo sem responsabilidade. É cada coisa que a gente vê", critica.
Sentada em um banco nas imediações do Consórcio Intermunicipal de Saúde do Médio Paranapanema (Cismepar), no centro de Londrina, ela lembra que Florestópolis é marcada por tragédias nas estradas. "Já tivemos um acidente recente com ônibus de estudantes. Eu sempre fico muito preocupada quando preciso viajar", revela. Ao lado dela, pacientes de várias cidades da Região Metropolitana de Londrina ouvem atentos a entrevista, também contando suas experiências. "Eu só venho porque é motivo de saúde, senão nem sairia de casa", contou Roseli do Amaral, de Primeiro de Maio.
João Bevan é motorista de ambulância há 19 anos: "Transportar passageiros requer um cuidado redobrado"
RESPONSABILIDADE
João Bevan tem 58 anos e nos últimos 19 anos é um dos motoristas de
ambulância de Tamarana. "A vida de todo mundo aqui dentro está nas mãos
dele. Sempre falo isso pra ele", diz a passageira Maria Helena Borges,
de 47 anos, que viaja ao lado do motorista, praticamente como
"copiloto". "Ele é muito atencioso e competente, mas uma ajuda de vez em
quando sempre é bem-vinda, né?".
Bevan diz saber da responsabilidade que tem todos os dias pelas estradas da região. "Transportar passageiros requer um cuidado redobrado. É preciso estar sempre ligado na pista e respeitar as necessidades de cada um dos pacientes", afirma. Josiane de Souza, de 28 anos, teve complicações na gravidez e precisou se deslocar às pressas para Londrina. "Como não temos muitos recursos em Tamarana, sempre que é preciso temos que correr para cá. A sorte que temos um bom motorista", elogia. "O problema é que tenho que dirigir por mim e pelos outros", completa Bevan.
Bevan diz saber da responsabilidade que tem todos os dias pelas estradas da região. "Transportar passageiros requer um cuidado redobrado. É preciso estar sempre ligado na pista e respeitar as necessidades de cada um dos pacientes", afirma. Josiane de Souza, de 28 anos, teve complicações na gravidez e precisou se deslocar às pressas para Londrina. "Como não temos muitos recursos em Tamarana, sempre que é preciso temos que correr para cá. A sorte que temos um bom motorista", elogia. "O problema é que tenho que dirigir por mim e pelos outros", completa Bevan.
ALTÔNIA
Dois dos 20 corpos do acidente registrado na segunda-feira em Cafezal do Sul foram liberados pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Umuarama. O corpo de Virgelina Tenório Martins, de 75 anos, passageira do ônibus, foi velado na Igreja Matriz de Altônia e velado no Cemitério Municipal no final da tarde desta terça (1º). Já o corpo do motorista do caminhão, Sérgio Ademir Luiz Scaravonatto, de 50 anos, foi enterrado no início da manhã no Cemitério Municipal de Pato Bragado (Oeste). Os outros 18 corpos só serão liberados após reconhecimento por exames de DNA, o que deve levar de 15 a 30 dias.
O Hospital Cemil, de Umuarama, informou que nove dos sobreviventes permaneciam internados até o final da tarde desta terça. Apesar das queimaduras de primeiro e segundo graus, nenhum deles corria risco. Uma mulher de 51 anos foi transferida durante a tarde para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Universitário de Londrina. A paciente deu entrada na unidade por volta das 18 horas. Segundo a Secretaria de Saúde de Altônia, dois pacientes que estão em Umuarama têm previsão de alta para esta quarta-feira (2).
Dois dos 20 corpos do acidente registrado na segunda-feira em Cafezal do Sul foram liberados pelo Instituto Médico-Legal (IML) de Umuarama. O corpo de Virgelina Tenório Martins, de 75 anos, passageira do ônibus, foi velado na Igreja Matriz de Altônia e velado no Cemitério Municipal no final da tarde desta terça (1º). Já o corpo do motorista do caminhão, Sérgio Ademir Luiz Scaravonatto, de 50 anos, foi enterrado no início da manhã no Cemitério Municipal de Pato Bragado (Oeste). Os outros 18 corpos só serão liberados após reconhecimento por exames de DNA, o que deve levar de 15 a 30 dias.
O Hospital Cemil, de Umuarama, informou que nove dos sobreviventes permaneciam internados até o final da tarde desta terça. Apesar das queimaduras de primeiro e segundo graus, nenhum deles corria risco. Uma mulher de 51 anos foi transferida durante a tarde para o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Universitário de Londrina. A paciente deu entrada na unidade por volta das 18 horas. Segundo a Secretaria de Saúde de Altônia, dois pacientes que estão em Umuarama têm previsão de alta para esta quarta-feira (2).
Celso Felizardo
folha web
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