- Por Marcos Xavier Vicente - Gazeta do Povo
Matinhos, cidade do litoral onde o lutador Markine Sebastião dos Santos, 40 anos, morreu terça-feira (28) após
ser atingido por um raio na praia, está bem distante de ser a líder de
incidência de relâmpagos no Paraná. Entre janeiro e fevereiro de 2017, o
município teve a incidência de 423 raios, o que, conforme o ranking da
Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Elétricas (Rindat), a
deixa na 186ª colocação entre os 399 municípios paranaenses.
As quatro cidades com maior incidência no estado, entretanto, estão
no litoral: Guaraqueçaba, com 13.108 raios, Antonina, com 7.937,
Paranaguá, com 6.029, e Guaratuba, com 5.681. Tibagi, nos Campos Gerais,
é a quinta colocada, com 5.554. Já Curitiba ocupa a 117ª colocação, com
635 raios entre janeiro e fevereiro.
“Não dá para prever onde vai cair um raio”, explica o meteorologista
Marco Antonio Rodrigues Jusevicius, representante do Simepar no Rindat,
afastando a possibilidade de Matinhos ser um epicentro de relâmpagos.
Jusevicius explica que a área litorânea tem melhores condições para
formação de nuvens, o que aumenta a probabilidade de raios. Umidade,
calor e o desnível da serra, explica, facilitam não só a formação de
nuvens, mas também as intensificam. Entretanto, ressalta Jusevicius, o
que tem maior peso na incidência de raios é a área do município.
“Guaraqueçaba, que lidera a incidência esse ano, tem uma das maiores
áreas do estado”, reforça o meteorologista. Como comparação, duas das
cinco cidades com mais raios em 2017 estão entre as áreas mais extensas
do Paraná. Além de Guaraqueçaba, o nono maior município em área com 2
milhões de quilômetros quadrados, Tibagi é a segunda maior, com 3,1
milhões de quilômetros quadrados.
Prevenção
Independente do município e do local, Jusevicius enfatiza que, para
evitar ser atingido por um raio, sempre se deve buscar abrigo quando
começa a chover. Principalmente em áreas descampadas, como praias. “Em
áreas abertas, a pessoa acaba se transformando em ponto de referência
para o raio. É como se ela fosse o para-raio”, explica o meteorologista.
Portanto, a melhor forma de se prevenir é seguindo a regra 30/30,
reforça Jusevicius. Primeiro, a pessoa tem que buscar abrigo até 30
segundos após ouvir o primeiro trovão na tempestade. Mas fique atento:
árvore, guarda-sol e barraca não são abrigos nesses casos. Pelo
contrário: essas proteções também servem como para-raios, atraindo a
descarga elétrica. O ideal é buscar edificações fechadas, que possam ser
isolados com o fechamento de janelas.
A segunda etapa da regra é só abandonar o local protegido 30 minutos
depois da incidência do último raio. Ou seja, a cada relâmpago,
inicia-se a contagem. Quando o intervalo entre dois deles for de
meia-hora, é seguro circular novamente. “Isso vale mesmo depois que a
chuva parou”, explica Jusevicius.
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