Dez dias após ser absolvida pelo Tribunal do Júri de Curitiba, a
médica Virgínia Soares de Souza falou na noite deste domingo (30) sobre
as denúncias que a levaram para a cadeia em 2013. Durante entrevista ao
programa Fantástico,
da Rede Globo, ela disse acreditar que uma vingança de funcionários
possa ter motivado as denúncias anônimas, uma vez que cobrava muito
resultados. Ela e outras sete pessoas foram acusadas de antecipar a
morte de pacientes que estavam internados na Unidade de Terapia
Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico, entre 2006 em 2013.
“Eu era conhecida mais como uma obstinada do que pelo motivo que fui
acusada. Obstinado é um médico que chega a ultrapassar protocolos e
regras, que faz de tudo em busca do resgate da vida. (…) Se você olhar o
processo, a quantidade de testemunhas se resume a dez, doze. Eles se
sentiram ofendidos, ofendidos porque eram cobrados”, acredita Virgínia.
Na decisão, o juiz Daniel Surdi Avellar afirmou que as provas
apresentadas pelo Ministério Público (MP) causavam dúvidas quanto aos
crimes. “Uma decisão de pronúncia que se repute minimamente democrática
jamais poderia se amparar em afirmações genéricas no sentido de que
‘ocorriam antecipações’ de óbito na UTI do Hospital Evangélico”, disse o
juiz na decisão.
Ao longo da entrevista, a médica disse que essa é a manifestação mais
forte que poderia receber. “A Virgínia é essa que o juiz inocentou.
Mais do que a minha palavra, acredito que agora, com toda a manifestação
de um tribunal, de um juiz, de um conselho que rege a profissão, é a
palavra mais forte que eu posso ter”, comentou.
O Ministério Público do Paraná (MP-PR) vai recorrer da decisão de
Avellar. Os promotores alegam que provas foram deixadas de lado pelo
juiz.
Vida e processo
Ao longo desses quatro anos de processo, Virgínia fez cursos e passou
a trabalhar em um serviço de pesquisa por telefone. Ela explica que
nunca saía de casa sozinha e sempre tinha alguém que cuidasse dela, mas
as agressões foram bastante pontuais.
A médica afirmou ainda que não pretende voltar a atuar em UTIs.
“Jamais [voltaria a atuar]. Por mais que minha imagem seja modificada,
pode sobrar um laivo de dúvida e isso eu não suportaria”, concluiu.
Assista a entrevista completa clicando aqui.
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