LETÍCIA CASADO E REYNALDO TUROLLO JR BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O
ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal
Federal), negou pedido do presidente Michel Temer para suspender
depoimento à Polícia Federal. Além disso, Fachin liberou a PF para fazer
perguntas sobre o áudio gravado com Temer, às escondidas, por Joesley
Batista, dono da JBS, e disse que, se quiser, Temer não precisa
respondê-las, podendo ficar em silêncio. "Ainda que não haja nos autos
laudo pericial oficial atestando a higidez da gravação apresentada,
poderá o requerente - seria desnecessário qualquer pronunciamento
judicial nesse sentido - recusar-se a responder eventuais indagações que
digam respeito ao diálogo em comento, sem que isso possa ser
interpretado como responsabilidade penal", escreveu o ministro na
decisão. Nesta quarta (31), a defesa de Temer pediu que a suspensão de
seu depoimento até a conclusão da perícia da Polícia Federal no áudio
gravado por Joesley. Caso o pedido não fosse atendido, os advogados
solicitaram para que Fachin orientasse a PF a se abster de formular
perguntas sobre o conteúdo da gravação. O áudio a que a defesa do
presidente se refere foi gravado por Joesley em encontro com Temer na
noite de 7 de março no Palácio do Jaburu. A gravação foi utilizada pelo
empresário para negociar acordo de delação premiada com a Procuradoria
Geral da República. Como ainda não passou por perícia oficial, o áudio
tem sido alvo de questionamentos da defesa de Temer, que chegou a
contratar um perito que contestou seu valor como prova judicial. O
ministro Fachin autorizou na terça (30) a PF a tomar depoimento de Temer
por escrito. A defesa trata a gravação como a principal prova que os
investigadores têm contra Temer. No diálogo, o presidente orienta
Joesley a procurar o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) para
tratar de assuntos de interesse da JBS. Dias depois, Rocha Loures foi
filmado recebendo da JBS uma mala com R$ 500 mil em São Paulo. Para a
Procuradoria-Geral da República, por outro lado, grampos e outros
elementos comprovam a ligação de Temer com Rocha Loures, o que torna a
gravação secundária para a continuidade das investigações.
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