
Chuvas prejudicaram fortemente os cultivos de feijão

A Secretaria de Estado da Agricultura e 
Abastecimento confirma uma redução de 10% para a safra de grãos de verão
 2017/18 em relação à produção no mesmo período do ano passado. A 
expectativa é colher 22,7 milhões de toneladas de grãos, que corresponde
 a um volume de 2,5 milhões de toneladas de grãos a menos este ano.
De acordo com a pesquisa do Departamento
 de Economia Rural (Deral), relativa ao mês de janeiro, perdas esperadas
 nas safras de milho e feijão estão contribuindo para essas quedas. Em 
relação ao milho, a queda na área plantada está projetando uma redução 
de quase dois milhões de toneladas na colheita.O segundo fator é o 
comportamento do clima neste início de ano. As chuvas que estão 
ocorrendo em todo Estado prejudicaram fortemente os cultivos de feijão. A
 perda inicial já detectada pelo Deral está estimada em 65 mil 
toneladas.
A pesquisa foi feita no período compreendido entre o final de dezembro/2017 até 20 de janeiro/18.
O excesso de chuvas não permitiu a colheita do feijão da primeira safra na época adequada. Assim muitas áreas onde a produção estava pronta para ser colhida sofreram com perdas de produtividade e qualidade do grão. A produção de grãos infelizmente está sujeita aos efeitos incontroláveis do clima. Este ano está sendo assim”
Para o secretário estadual da 
Agricultura e Abastecimento, Norberto Ortigara, a redução na produção de
 grãos da primeira safra primavera verão já era esperada. “O excesso de 
chuvas não permitiu a colheita do feijão da primeira safra na época 
adequada. Assim muitas áreas onde a produção estava pronta para ser 
colhida sofreram com perdas de produtividade e qualidade do grão. A 
produção de grãos infelizmente está sujeita aos efeitos incontroláveis 
do clima. Esse ano está sendo assim”, disse.
Contudo, o bom desempenho do ano 
anterior, atrelado à capacidade de manutenção da atividade em função dos
 mecanismos de proteção a produção como Proagro Mais, Seguro da 
Agricultura Familiar – (Seaf) e Seguro Rural deverão amparar os pequenos
 e médios produtores de feijão no Estado, considerando que essa 
exploração está concentrada principalmente na pequena propriedade, 
adiantou o secretário.
Para o diretor do Departamento de 
Economia Rural (Deral), Francisco Carlos Simioni, há que se considerar 
ainda como fator de produção quando compara-se a safra atual com a safra
 2016-2017, as condições favoráveis do clima na época. Durante todo 
ciclo vegetativo dos cultivos e, também, na época de colheita. Assim, 
foi possível atingir níveis de produtividade muito acima da média, acima
 daquelas que normalmente ocorrem para feijão, milho e soja.
Segundo Simioni, daqui para frente, com a
 tendência de redução dos índices de chuva já previstos pelos principais
 institutos de meteorologia para o período fevereiro, março e abril, a 
preocupação é que não ocorra “falta de água”, pois ainda tem muita 
produção pela frente.
FEIJÃO
 – A primeira safra de feijão de 2017/18 vem enfrentando alguns 
problemas que se iniciaram no plantio e se agravaram no período de 
colheita. Durante os meses de agosto e setembro, as condições climáticas
 foram desfavoráveis e causaram atraso na implantação das lavouras de 
feijão.
Segundo o economista do Deral, Methódio 
Groxko, os relatórios dos técnicos de campo mostram que ocorreram baixas
 temperaturas no mês de novembro que, também, prejudicaram a cultura. 
Porém, o maior responsável pelas perdas constatadas até aqui tem como 
fator o excesso de chuvas na colheita, o que já causou perdas 
significativas de produtividade e, também, na qualidade do produto.
Groxko acrescenta que colheita atinge 
61% da área, e a produção atual está estimada em 317.000 t de feijão. 
Essa perda registrada até agora representa cerca de 65 mil toneladas a 
menos, ou 17% em relação a estimativa inicial de 382.000/t.
SEGUNDA SAFRA
 – Para a segunda safra estima-se uma área de 202.000 ha, o que 
representa cerca de 20% de redução em relação aos 252.000 ha cultivados 
na safra passada.
A redução de área está ligada a diversos
 fatores, como clima, preços e a possibilidade de essa área ser 
aproveitada para cultivos de trigo/2018, que ainda está indefinido.
Entretanto, a produção estimada é de 
347.000 t, superior em 12% à safra passada, que foi prejudicada pelas 
condições climáticas, afirmou Groxko .
Margorete Demarchi, engenheira agrônoma 
do Deral, acrescenta que pior que a perda física é a perda em qualidade.
 Segundo ela, as perdas já verificadas nas lavouras ainda não provocaram
 impacto no mercado. O esperado seria uma reação dos preços, que 
beneficiaria o produtor, disse a técnica. Mas, como também está 
ocorrendo colheita de feijão em outros estados como São Paulo, Minas 
Gerais e Goiás, essa produção está suprindo a demanda do mercado, 
mantendo, por ora, os preços estáveis.
Atualmente o feijão de cor está sendo 
vendido, em média, por R$ 96,00 a saca; e o feijão-preto a R$ 108,00 a 
saca/60-kg. No mesmo período em 2017, o feijão de cor era vendido a R$ 
82,00 a saca e o feijão-preto a R$ 105,00 a saca.
MILHO –
 A colheita da primeira safra de milho confirma que esse período começa a
 se caracterizar como safra de nicho, com área e volume pequenos, mas 
com produtores especializados na cultura, observou o administrador Edmar
 Gervásio, técnico e analista de milho pelo Deral.
Na primeira safra, houve uma queda de 
35% na área plantada, que caiu de 513.627 plantados no ano passado para 
333.153 hectares plantados este ano. Com isso o Deral está projetando 
uma redução de 39% na produção, que cai de 4,92 milhões de toneladas 
para 3,0 milhões de toneladas, ou seja, 1,9 milhão de toneladas de milho
 a menos que serão colhidas.
A decisão dos produtores rurais 
paranaenses em diminuir a área de milho na safra 2017/2018 deu-se em 
função do fraco desempenho das cotações de preços para o cereal durante 
todo o ano de 2017. A média dos preços nominais recebidos pelos 
produtores no Paraná em 2017 fechou em R$ 21,46/sc/60-kg, enquanto que 
em 2016 a média foi de R$ 33,73/sc/60-kg, ou seja, 36,3% abaixo da média
 recebida em 2016.
Essa
 redução está sendo provocada pela queda na área plantada. A estimativa é
 menor também porque o cálculo está levando em conta o retorno da 
produtividade das lavouras aos índices normais  em relação ao ano 
passado, quando a rentabilidade superou todas as expectativas.
Segundo Edmar Gervásio, para safra 
2017/2018, o Deral está trabalhando com média de 9 mil/kg/ha de 
produtividade. Essa média pode ser considerada elevada no Estado e 
revela os ganhos conquistados ao longo das últimas safras. “Existem 
vários casos de produtores colhendo entre 15 mil e 16 mil quilos por 
hectare”, disse. De qualquer modo, espera-se condições climáticas mais 
favoráveis para o início da colheita da primeira safra de milho, em 
fevereiro, o que poderá estancar possíveis perdas previstas para a 
cultura, acrescentou o técnico.
SEGUNDA SAFRA –
 Em relação à segunda safra de milho, inicia-se o período de plantio com
 expectativa de produção superior a 12 milhões de toneladas, 8% a menos 
em relação ao volume colhido no mesmo período do ano passado. O plantio 
deve se intensificar à medida que a soja será colhida, pois, 
tradicionalmente, ocupa o mesmo espaço. A redução de área este ano 
estimada inicialmente em 11%, deve-se basicamente ao desempenho da 
rentabilidade do ano anterior, acrescentou Gervásio.
SOJA –
 A soja, principal lavoura no Paraná, apesar dos relatos já feitos em 
relação ao clima, ainda está em sua maior parte em boas condições de 
desenvolvimento. O Deral permanece com a estimativa inicial de colher 
19,3 milhões de toneladas, embora tenha-se constatada a ocorrência de 
casos de abortamento de vagem na parte inferior da planta, 
principalmente na região Oeste do Estado.

Contudo,
 a expectativa de produtividade, que atualmente é de 3.523 quilos por 
hectare, ainda pode ser mantida, considerando como média estadual.
 De acordo com Simioni, as chuvas contínuas em janeiro dificultaram os 
tratamentos fitossanitários, o que tem sido mais uma preocupação aos 
produtores. Com isso, aumentou a incidência de pragas e doenças como a 
ferrugem da soja e percevejos, por exemplo.
Simioni diz que o mercado de soja está 
calmo, em ritmo mais lento nas vendas. O preço da saca de soja está 
cotado na média, em R$ 62,00/sc/60-kg, e apenas 14% da safra foi 
vendida, percentual muito próximo ao do ano passado. Esse ritmo de 
comercialização antecipada está bem menor quando comparado ao do ano de 
2016. Na mesma época, já haviam sido comercializadas antecipadamente 
cerca de 34% da produção esperada.
Para o diretor do Deral, a especulação 
climática, o dólar com pouca força para reagir frente ao real e o ano 
político, são fatores que estão mantendo os produtores mais cautelosos 
com mais atenção ao mercado. Câmbio, clima e Bolsa de Chicago precisam 
dar sinais de melhora, para impulsionar o ritmo da comercialização, 
acrescentou.
 
 
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