O comandante do Exército Brasileiro, general Eduardo Dias da
Costa Villas Bôas, afirmou hoje (23) que a existência de setores da
sociedade que pedem intervenção militar no Brasil sinaliza a gravidade
dos problemas que o país enfrenta.
“Isso, na minha opinião, é um termômetro da gravidade do
problema que estamos vivendo no país. Intervenção militar seria um
enorme retrocesso”, disse Villas Bôas, em palestra no Seminário Brasil:
Imperativo Renascer, realizado na Escola de Magistratura do Estado do
Rio de Janeiro.
O general Villas Bôas citou uma pesquisa de opinião que
apontava o apoio de mais 40% da população à ideia de intervenção e disse
que tal adesão, por outro lado, reflete a confiança desses setores da
população nas Forças Armadas. “Interpreto também aí uma identificação da
sociedade com os valores que as Forças Armadas expressam, manifestam e
representam”, acrescentou. De acordo com o general, a Marinha, o
Exército e a Aeronáutica são também “guardiões da identidade nacional”,
que ele considera estar em um caminho de fragmentação.
Villas Bôas destacou que o tema defesa não teve relevância
nas últimas campanhas políticas. Para tentar inverter esse cenário, o
general disse que o Exército tem dialogado com candidatos à Presidência
da República. “Estamos fazendo contato com os candidatos mais ou menos
consolidados, e oferecendo consultoria e ajuda para que trabalhem nesse
sentido.”
Na visão do comandante do Exército, existe no país uma
percepção de que a soberania nacional não sofre ameaças, o que faz com
que o debate sobre defesa não tenha apelo na sociedade. “Somos o único
grande país não beligerante. Este é o lado ruim de uma coisa boa. Nos
falta o sentimento de um projeto nacional.”
Rio Grande do Norte
Entre as funções das Forças Armadas no país, Villas Bôas
mencionou o emprego de militares em operações como as de Garantia da Lei
e da Ordem (GLO), em curso atualmente no Rio de Janeiro.
No caso do Rio Grande do Norte, onde as Forças Armadas
atuaram três vezes em menos de dois anos, o general disse acreditar que
as operações vão ser necessárias novamente. “Em um ano e meio, fomos
empregados três vezes no Rio Grande do Norte e, nesse espaço de tempo,
não houve nenhuma modificação estrutural no sistema de segurança pública
daquele estado. E nós sabemos que logo seremos chamados a intervir
novamente.”
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