quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Três em cada dez usuários de cartão de crédito não pagaram valor integral da fatura em dezembro


44% dos usuários de cartão notaram aumento da fatura ao fim de 2017, que em média, chegou a R$ 966. Entre os que tentaram realizar compras parceladas, 21% tiveram crédito negado
06/02/18 00:00:00 - Economia > Nacional
SÃO PAULO - O cartão de crédito pode ser um aliado dos consumidores que não podem pagar por um bem à vista, mas dependendo do seu uso, também pode pode provocar desequílibrios financeiros. 
Dados do Indicador de Uso do Crédito apurados pelo SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) revelam que em cada dez usuários de cartões de crédito, três (28%) não pagaram a fatura integral no último mês de dezembro, sendo que 15% entraram no crédito rotativo. 
Os entrevistados que pagaram a fatura cheia somam 68% da amostra e 3% não quiseram responder.
Os juros cobrados pelos bancos quando o cliente não paga o valor integral da fatura do cartão de crédito são altos e chegam a 335% ao ano, em média, segundo dados oficiais do Banco Central.
“As taxas do rotativo superam em mais de dez vezes as taxas médias de um crédito consignado. Pelas novas regras do cartão, o consumidor pode ficar no máximo um mês no rotativo. Depois disso, o saldo é parcelado a uma taxa de juros menor. Mesmo assim, os juros continuam altos, de modo que o consumidor não deve contar com o pagamento de um valor abaixo do integral. Ainda que seja possível, isso custa caro, inclusive com o parcelamento”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
COMPRAS NO SUPERMERCADO - Segundo o levantamento do SPC Brasil, considerando os brasileiros que utilizaram cartão de crédito em dezembro, 44% notaram aumento do valor da fatura, enquanto 20% reduziram os gastos no cartão e 29% veem estabilidade. Na média, a fatura dos usuários chegou a R$ 966,32.
A pesquisa ainda mostra que o uso do cartão já não se limita a compra de itens de alto valor, que geralmente precisam ser parcelados. As despesas correntes de todo mês também são feitas a crédito. 
As compras de supermercado foram o tipo de aquisição mais realizada no cartão, citadas por 56%. Em seguida, estão as peças de vestuário e assessórios (45%), remédios (39%) e combustível (34%).
O educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, aconselha que, a cada pagamento no cartão, o consumidor avalie o quanto a prestação comprometerá a sua renda. 
“O cartão é um excelente instrumento de pagamento, pois ao contrário do crediário e do empréstimo, ele só cobra juros em casos de não pagamento ou pagamento mínimo da fatura. Isso requer organização do consumidor para que ele tenha a garantia de que não haverá atrasos ou uso do rotativo”, alerta Vignoli.

21% tiveram crédito negado em loja
A avaliação do grau de dificuldade para conseguir aprovação em empréstimos e financiamentos mostrou que 54% dos consumidores dizem considerar difícil ou muito difícil a contratação do serviço, enquanto para 20% não é nem fácil nem difícil, e para 10%, fácil.
Considerando apenas aqueles que tentaram fazer alguma compra parcelada, 21% tiveram o crédito negado, sendo o motivo principal a insuficiência ou falta de comprovação da renda, citada por 9%. Além de inadimplência, que fez com que 5% desses entrevistados não conseguissem contratar financiamentos ou parcelar suas compras.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, o cenário de retomada lenta da recessão acaba intensificando os cuidados das instituições financeiras no momento de conceder crédito, o que dificulta seu acesso pelo consumidor. 
“Com a retomada gradual da economia, a situação deve se reverter. Já se observa aumento das concessões de crédito na comparação com o período mais aguda da crise, o que poderá ser reforçado pela queda das taxas de juros”, avalia Pellizzaro.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, também avalia que cabe também aos consumidores analisar a real necessidade de se endividar. 
“Em muitos casos, o consumidor tem o crédito aprovado e faz escolhas com as quais, depois, não consegue arcar, comprometendo o orçamento por longo período de tempo. Então, antes de tomar essa decisão, é preciso avaliar as condições de prazo, juro. Cabe avaliar ainda se as parcelas não comprometerão o pagamento de outras despesas e a reserva financeira, que também deve ser vista como um compromisso”, afirma.
 

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