44% dos usuários de cartão notaram
aumento da fatura ao fim de 2017, que em média, chegou a R$ 966. Entre
os que tentaram realizar compras parceladas, 21% tiveram crédito negado
06/02/18 00:00:00 - Economia > Nacional
SÃO PAULO - O cartão de crédito pode ser um aliado dos
consumidores que não podem pagar por um bem à vista, mas dependendo do
seu uso, também pode pode provocar desequílibrios financeiros.
Dados
do Indicador de Uso do Crédito apurados pelo SPC Brasil (Serviço de
Proteção ao Crédito) e pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas) revelam que em cada dez usuários de cartões de crédito, três
(28%) não pagaram a fatura integral no último mês de dezembro, sendo que
15% entraram no crédito rotativo.
Os entrevistados que pagaram a fatura cheia somam 68% da amostra e 3% não quiseram responder.
Os
juros cobrados pelos bancos quando o cliente não paga o valor integral
da fatura do cartão de crédito são altos e chegam a 335% ao ano, em
média, segundo dados oficiais do Banco Central.
“As taxas do
rotativo superam em mais de dez vezes as taxas médias de um crédito
consignado. Pelas novas regras do cartão, o consumidor pode ficar no
máximo um mês no rotativo. Depois disso, o saldo é parcelado a uma taxa
de juros menor. Mesmo assim, os juros continuam altos, de modo que o
consumidor não deve contar com o pagamento de um valor abaixo do
integral. Ainda que seja possível, isso custa caro, inclusive com o
parcelamento”, alerta a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
COMPRAS NO SUPERMERCADO -
Segundo o levantamento do SPC Brasil, considerando os brasileiros que
utilizaram cartão de crédito em dezembro, 44% notaram aumento do valor
da fatura, enquanto 20% reduziram os gastos no cartão e 29% veem
estabilidade. Na média, a fatura dos usuários chegou a R$ 966,32.
A
pesquisa ainda mostra que o uso do cartão já não se limita a compra de
itens de alto valor, que geralmente precisam ser parcelados. As despesas
correntes de todo mês também são feitas a crédito.
As
compras de supermercado foram o tipo de aquisição mais realizada no
cartão, citadas por 56%. Em seguida, estão as peças de vestuário e
assessórios (45%), remédios (39%) e combustível (34%).
O
educador financeiro do portal ‘Meu Bolso Feliz’, José Vignoli, aconselha
que, a cada pagamento no cartão, o consumidor avalie o quanto a
prestação comprometerá a sua renda.
“O cartão é um excelente
instrumento de pagamento, pois ao contrário do crediário e do
empréstimo, ele só cobra juros em casos de não pagamento ou pagamento
mínimo da fatura. Isso requer organização do consumidor para que ele
tenha a garantia de que não haverá atrasos ou uso do rotativo”, alerta
Vignoli.
21% tiveram crédito negado em loja
A
avaliação do grau de dificuldade para conseguir aprovação em
empréstimos e financiamentos mostrou que 54% dos consumidores dizem
considerar difícil ou muito difícil a contratação do serviço, enquanto
para 20% não é nem fácil nem difícil, e para 10%, fácil.
Considerando
apenas aqueles que tentaram fazer alguma compra parcelada, 21% tiveram o
crédito negado, sendo o motivo principal a insuficiência ou falta de
comprovação da renda, citada por 9%. Além de inadimplência, que fez com
que 5% desses entrevistados não conseguissem contratar financiamentos ou
parcelar suas compras.
Para o presidente do SPC Brasil, Roque
Pellizzaro Junior, o cenário de retomada lenta da recessão acaba
intensificando os cuidados das instituições financeiras no momento de
conceder crédito, o que dificulta seu acesso pelo consumidor.
“Com
a retomada gradual da economia, a situação deve se reverter. Já se
observa aumento das concessões de crédito na comparação com o período
mais aguda da crise, o que poderá ser reforçado pela queda das taxas de
juros”, avalia Pellizzaro.
A economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti, também avalia que cabe também aos consumidores analisar
a real necessidade de se endividar.
“Em muitos casos, o
consumidor tem o crédito aprovado e faz escolhas com as quais, depois,
não consegue arcar, comprometendo o orçamento por longo período de
tempo. Então, antes de tomar essa decisão, é preciso avaliar as
condições de prazo, juro. Cabe avaliar ainda se as parcelas não
comprometerão o pagamento de outras despesas e a reserva financeira, que
também deve ser vista como um compromisso”, afirma.
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