Segundo Alceni Guerra, Coritiba usará um fundo de investimentos nas obras. Foto: Daniel Castellano |
Em meio à indefinição no futuro do comando técnico do Coritiba, e com
a equipe ainda próxima da zona de rebaixamento, o presidente Rogério
Bacellar não se manifestará sobre a possibilidade de construção de um
novo estádio para o clube e foca apenas no futebol. Alegando problemas
em sua agenda, o mandatário chegou a cancelar uma entrevista coletiva
sobre o tema, na última terça-feira (26). Com isso, a tarefa recai sobre
o vice-presidente Alceni Guerra, mentor da ideia e líder da empreitada.
O clube tem seis projetos diferentes para a nova casa. Todos com teto retrátil.
Entre eles, existem três opções distintas de local: no próprio Couto
Pereira, na área do Pinheirão ou uma arena no bairro Cidade Industrial
de Curitiba (CIC). “Nenhum centavo dos atuais recursos do clube irá para
a construção de estádio. Vamos construir o futuro do Coritiba”, promete
Guerra.
Confira a entrevista com o dirigente:
Como o novo estádio será pago?
Alceni Guerra - O primeiro passo é contratar um escritório de
advocacia experiente para estruturar a operação. Esta estrutura jurídica
nos dirá qual a parte de entrada do Coritiba no fundo de investimentos,
para mantermos nossa maioria de 51% no negócio. A diretoria já decidiu
que não vamos colocar nenhum centavo das atuais arrecadações do clube
neste fundo.
O Coritiba irá se desfazer de algum patrimônio para financiar a obra?
Nosso investimento será na forma de patrimônio. Quando você
coloca patrimônio num fundo de investimentos, você está se apropriando
do fundo de investimentos no valor do seu patrimônio. Temos hoje o Couto
Pereira, o CT da Graciosa e o terreno em Campina Grande do Sul. Quem
vai decidir qual patrimônio usaremos é o escritório de advocacia. O que
temos de deixar claro é: como seremos cotistas majoritários, o
patrimônio continuará nosso.
Quem é o empreendedor?
Não podemos passar o nome ainda. Mas estamos buscando parceiros,
tanto em pessoas jurídicas, como em pessoas físicas. O torcedor, por
exemplo, poderá comprar uma cota e ser proprietário dessa cota, que
depois será vendida na Bolsa de Valores. Mas precisamos da autorização
do Conselho Deliberativo para caminharmos nessa direção.
É o momento certo para se arriscar neste negócio?
É o momento adequado. Precisamos dar esse passo. O dinheiro que
existe atualmente no mercado brasileiro está nos fundos de
investimentos, que são uma aposta segura, regulamentada pela Comissão de
Valores Mobiliários (CVM). Seria loucura buscar um empréstimo bancário
agora. O momento no mercado financeiro não é bom.
Como administrar a possível insatisfação da torcida com a possível mudança de endereço?
Como administrar a possível insatisfação da torcida com a possível mudança de endereço?
Conhecemos essa resistência, porque ela existe mesmo entre nós da
diretoria e dos conselhos. É evidente, porque as raízes do clube estão
aqui, sempre estiveram. Mas temos de analisar duas questões: primeiro,
as restrições de mobilidade urbana na área do Couto. Segundo, que nesta
área fomos vetados de colocar pontos de comércio. Não poderíamos assim
competir com o Atlético, nem tornar o Couto autossustentável e
lucrativo.
O clube tem ciência de que estádio novo gera novas despesas?
O clube nos proibiu de utilizarmos os atuais recursos disponíveis
na construção do estádio. Temos de buscar recursos de fora do clube.
Desta maneira, o Coritiba poderá utilizar os recursos que já têm para
seguir se firmando esportivamente no cenário do futebol brasileiro.
Por que acreditar neste projeto, depois de tantos terem dado errado?
Este é um projeto de financiamento que não foi tentado antes: o
fundo de investimentos. Temos de aplaudir quem idealizou os projetos
anteriores e chamá-los para nos ajudar, evitando os mesmos erros. Vamos
construir o futuro do Coritiba. Tem pelo menos dez clubes no Brasil com
estádios mais modernos. Ficamos para trás. Perdemos a chance na Copa.
Agora a gente precisa dar um passo à frente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário