Altas na produção de janeiro a maio deste ano foram de 3,5% e 11,5%, respectivamente, em comparação ao mesmo período de 2015
Apesar da recessão, as indústrias de alimentos e bebidas vêm
 conseguindo driblar a crise e seguem em crescimento no Paraná. Juntos, 
os dois setores geram 192,1 mil empregos formais e movimentam R$ 57,7 
bilhões em vendas por ano no Estado. Os dados são do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com análise do Instituto 
Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). 
Desde 2011, esses setores já investiram R$ 5,05 bilhões no Estado, 
apoiados pelo programa de incentivos fiscais Paraná Competitivo, com 
geração de 52 mil empregos, de acordo com dados da Agência Paranaense de
 Desenvolvimento (APD). Além disso, dos R$ 9 bilhões em projetos em 
análise atualmente dentro do programa, cerca de R$ 5 bilhões referem-se a
 investimentos de Alimentos e Bebidas.
“Os alimentos são itens de primeira necessidade e não dependem de 
crédito para a compra, como os bens duráveis. Por isso são mais 
resistentes aos cortes no orçamento realizados pelas famílias durante a 
crise”, diz Julio Suzuki Júnior, diretor-presidente do Ipardes. “Em 
tempos de retração, o comportamento da indústria de alimentos costuma se
 desvincular das demais atividades industriais”.
JANEIRO A MAIO – A produção de alimentos acumula, de janeiro a maio 
deste ano, crescimento de 3,5% na comparação com o mesmo período do ano 
passado no Paraná. No setor bebidas, a alta acumulada é de 11,5% na 
mesma base de comparação, de acordo com dados mais recentes do IBGE. 
O resultado do Paraná contrasta com o comportamento desses dois 
setores no Brasil. No mesmo período analisado, a indústria de alimentos 
registrou menos 2,7% e a de bebidas teve retração de 1,8%.
PRINCIPAL DO PARANÁ – Com forte investimento realizado nos últimos 
anos, a indústria de alimentos já é a principal do Paraná. Foi 
responsável por 24,4% do valor da transformação industrial em 2014, de 
acordo com dados mais recentes da Pesquisa Anual Industrial (PIA) do 
IBGE. Está à frente de outros setores importantes, como fabricação de 
veículos automotores, reboques e carrocerias (com 17,2%) e fabricação de
 coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (9,5%). Em 
2008, a participação da indústria de alimentos era de era de apenas 
18,1%
DESENVOLVIMENTO – Uma combinação de fatores ajuda a explicar o 
crescimento do setor nos últimos anos, de acordo com Suzuki Júnior. A 
oferta de matéria-prima, com uma produção agropecuária representativa no
 Estado, faz com que a indústrias de alimentos e bebidas se desenvolvam e
 apostem em investimentos em novas fábricas e expansão de produção. 
APOIO DO BRDE – As cooperativas agropecuárias, com apoio do Banco 
Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), investiram fortemente
 na industrialização da produção do campo nos últimos anos. Somente no 
setor, foram R$ 951 milhões desde 2011, de acordo com a APD. 
EMPREGOS – Boa parte da produção da indústria de alimentos paranaense
 é voltada, também, para as exportações, o que ajuda a compensar a baixa
 atividade e a queda no consumo mercado interno. “Além disso, a 
indústria de alimentos, ao contrário do setor automotivo, por exemplo, 
não paga salários muito altos, mas emprega muita gente. Isso não apenas 
nas fábricas, mas em toda a cadeia envolvida, da produção no campo ao 
transporte”, acrescenta Suzuki Júnior. 
Essa característica, de acordo com o economista, traz uma vantagem 
para o Estado, que, com o desemprego em alta, tem conseguido segurar o 
aumento da desocupação, principalmente no Interior do Estado. A maior 
parte dos investimentos do setor se concentra nas regiões Oeste, 
Sudoeste e dos Campos Gerais. 
APOIO – O apoio do Governo, por meio do programa de incentivos Paraná
 Competitivo, tem garantido suporte aos investimentos do setor. Além 
disso, outros fatores têm sido determinantes para atrair projetos de 
fabricação de alimentação e bebidas no Estado. 
“O Paraná sempre esteve na liderança do setor agroindustrial e mesmo 
no momento na crise o setor não foi afetado. Além disso, os preços das 
commodities atrelados ao dólar subiram privilegiando o setor”, diz 
Daniel Dall’Agnol, responsável pelos estudos na área de agroindústria da
 APD. 
Outro fator que atraiu empresas do setor foi o fato de a crise 
hídrica, que afetou outros Estados, não ter ocorrido aqui, consolidando o
 Estado do Paraná como uma fonte segura de água.
Setor de carnes: perfil
Levantamento do Ipardes com base em pesquisas do IBGE mostra que a 
indústria de alimentos está bastante pulverizada no Estado. Mas há uma 
predominância do segmento de abate e fabricação de produtos de carne, 
com 33,4% de participação nas vendas industriais; seguido por óleos e 
gorduras vegetais e animais, com 17,8% de participação; e laticínios, 
com 8,2%. Em 2014, último dado disponível, as fabricantes de alimentos 
registraram vendas industriais, de R$ 53,8 bilhões, de acordo com a 
Pesquisa Industrial Anual do IBGE. Ao todo são 3,98 mil empresas de 
alimentos no Paraná.
Os frigoríficos também são os que mais geram vagas, com 45,5% das 
186,8 mil pessoas empregadas com carteira assinada pelo setor em 2014. 
Em segundo lugar ficou a fabricação e refino de açúcar, com 15,1% do 
total. 
O setor de bebidas, por sua vez, movimentou R$ 3,86 bilhões em vendas
 2014, dos quais 70,2% provenientes da produção de bebidas 
não-alcoólicas, e 29,8% de alcoólicos. O setor envolve 130 empresas no 
Paraná, que empregam 5,3 mil pessoas com carteira assinada.
 
 
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