Por mês, hospital de BH atendeu 25 casos de acidente por linha cortante em motociclistas
Record Minas
Um empresário teve a jugular cortada por um cerol, em uma avenida de
Belo Horizonte, enquanto ia de moto para o trabalho. Tiago Pires
sobreviveu após ser encaminhado às pressas ao Hospital de Pronto-Socorro
João 23.
Segundo Pires, ele percebeu que tinha sido cortado somente porque após
sentir uma fisgada no pescoço, viu a quantidade de sangue que escorria
pela roupa. A linha, usada para soltar pipas, tinha muito cerol e foi
quase fatal, mesmo com a antena da motocicleta da vítima estando
levantada.
— Eu percebi que tinha cortado, eu não sentia nenhuma dor, só sangue.
Levantei a mão pro céu e pedi a Deus: cuida da minha esposa, meus
filhos, meus pais. Porque naquele momento eu não achava que ia viver.
O empresário foi socorrido por uma pessoa que passava pelo local levado
para uma Upa. De lá, precisou ser transferido às pressas para o João
23, já em estado grave. A muler dele, Andreza dos Santos, estava na casa
de parentes quando recebeu a notícia.
— Mesmo sem vê-lo eu entendia a gravidade. Foi desesperador.
Pires passava por uma avenida movimentada, local de trânsito rápido, mas
também com muito espaço aberto, ideal para quem gosta de soltar
papagaio. E nesta época do ano, por causa do vento e das férias
escolares, é comum encontrar vários jovens praticando o esporte, mas o
problema é o uso de cerol (mistura de cola com caco de vidro) nas linhas
para tentar cortar as pipas dos outros participantes.
Em junho do ano passado, uma mulher que estava na garupa de uma moto foi
atingida por uma linha chilena quando passava pelo anel rodoviário. A
vítima morreu no local. O Hospital João 23, referência no atendimento
desses acidentes, socorreu 25 pessoas que deram entrada com ferimentos
provocados pelas linhas cortantes, só neste semestre.O cirurgião
Guilherme Durães explica que as lesões mais graves são as provocadas nos
motociclistas.
— O pescoço tem várias estruturas importantes, as mais lesadas são a
traqueia, que pode matar se não for atendida em tempo hábil e as lesões
vasculares, a carótida e a jugular.
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