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MARIANA HAUBERT BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Com mais de 500 páginas, a
presidente afastada, Dilma Rousseff, entregou nesta quinta (28) as
alegações finais no processo de impeachment em análise em uma comissão
especial no Senado. O documento foi protocolado pelo advogado da
petista, o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "É uma peça que
sintetiza todas as provas que foram reunidas ao longo desse período.
Testemunha, perícia, prova documental, tudo isso e também uma análise
das duas denúncias", afirmou o advogado logo após ter protocolado as
alegações no limite do prazo, às 18h30.
Para cumprir a exigência, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o seu
advogado auxiliar, Gabriel Sampaio, entregaram o documento antes de
Cardozo chegar à secretaria da comissão. Para o ex-ministro, as provas
de que Dilma não cometeu nenhum tipo de crime são contundentes, o que,
para ele, dificultará o trabalho do relator do processo, Antonio
Anastasia (PSDB-MG).
As alegações trazem argumentos de autoridades que afirmam que a
presidente afastada não cometeu crime de responsabilidade ao editar
decretos de crédito suplementar sem autorização do Congresso e ao
incorrer nas chamadas pedaladas fiscais, que são atrasos nos pagamentos
de valores devidos a bancos e fundos públicos.
No documento, Cardozo defende a tese de que houve desvio de poder e
cita o discurso de renúncia feito pelo ex-presidente da Câmara dos
Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que na ocasião, afirmou que estava
pagando um "alto preço por ter dado início ao impeachment".
O principal fato novo anexado é a decisão do procurador do Ministério
Público Federal no Distrito Federal, Ivan Cláudio Marx, de que as
pedaladas fiscais do governo, que são atrasos nos pagamentos de valores
devidos a bancos e fundos públicos, não configuram crime.
Ele arquivou, em 8 de julho, um procedimento criminal que apurava o
caso. Marx levantou suspeitas sobre "eventuais objetivos eleitorais" com
as pedaladas e disse que o caso "talvez represente o passo final na
infeliz transformação do denominado 'jeitinho brasileiro' em
'criatividade maquiavélica'". Mas, para ele, a maquiagem não se
caracteriza como crime, como apontou o TCU (Tribunal de Contas da União)
em diversas decisões desde abril de 2015. Para a defesa da presidente
afastada, o atraso nos pagamentos não configura operação de crédito.
PRÓXIMOS PASSOS
Na semana que vem, a Comissão Especial do Impeachment volta a se
reunir. Na terça (2), o relator do processo, Antonio Anastasia
(PSDB-MG), apresentará o seu relatório final, que deverá ser pela saída
definitiva de Dilma da Presidência da República. No dia seguinte, os
integrantes do colegiado discutirão o parecer e na quinta (4) votarão
pela sua aprovação ou não na comissão especial.
Se for aprovado, o resultado será lido no plenário da Casa na sexta
(5) e uma votação intermediária será realizada em 9 de agosto. Nela, os
senadores avaliarão se há elementos concretos e suficientes para embasar
o julgamento da presidente. Se a maioria simples concordar, ou seja, 41
senadores, o presidente do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski
marcará a votação final. A expectativa é de que ela comece a partir de
22 de agosto.
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