Por Felipe Ribeiro e Flávia Barros
Com a confirmação de dois casos e a suspeita de outros seis, a
Polícia Civil iniciou nesta quarta-feira (19) uma força-tarefa para
coibir novas situações de automutilação e tentativas de suicídio
provocadas pelo jogo ‘Baleia Azul’. De acordo com a Secretaria de
Segurança Pública do Paraná (Sesp), um dos casos confirmados é de
Curitiba, no qual a vítima de 14 anos chegou a convocar colegas para
filmar o ato extremo. A outra situação confirmada é de Pato Branco, no
sudoeste do Paraná. A maioria dos casos foi percebida em escolas e, em
alguns deles, os “curadores” chegaram a ameaçar fazer mal para
familiares das vítimas em caso de desistência.
No jogo, que agora é alvo de investigação da Divisão de Homicídios e
Proteção à Pessoa (DHPP), Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber),
Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítima de Crime (Nucria) e
Centro de Operações Policias Especiais (Cope), os adolescentes recebem
mensagens em redes sociais com tarefas a serem cumpridas. Nas conversas,
um grupo de organizadores, denominados de “curadores”, propõe 50
desafios aos adolescentes, como automutilação, assistir filmes de terror
e psicodélicos e, como tarefa final, o suicídio.
Segundo o secretário Wagner Mesquita, o foco das forças de segurança
acontece no sentido de identificar e responsabilizar os envolvidos por
incitação ao suicídio. “De ontem para hoje, já apreendemos computadores,
celulares e conversamos com familiares das vítimas. Perfis já estão
sendo identificados e nosso foco é encontrar esses moderadores, que
estão praticando o ato criminoso. A autoflagelação é um problema
multidisciplinar, muito grave, e os profissionais de escola estão
encontrando esse perfil, então fica o alerta também para os pais”,
disse.
Identificados, os “curadores” podem responder por incitação ao
suicídio. Delegado-chefe da DHPP, Fábio Amaro, explicou que os
responsáveis podem ser enquadrados em três artigos do código penal. “A
pena para instigação ou induzimento chegue ao suicídio é de três a seis
anos de prisão. No caso de lesão corporal, um a três anos de reclusão. A
diferença nas tipificações é de que no induzimento, a pessoa ainda não
tinha o pensamento suicida e é levada a isso independentemente de ter a
predisposição. Na instigação, já há esse pensamento, então a uma
estimulação. Já o terceiro é participar efetivamente do ato extremo”,
explicou.
Em Curitiba, as suspeitas podem ser comunicadas diretamente ao
Nucria, que vai fazer o primeiro atendimento, com o apoio de psicólogos
especializados. “Temos ouvido relatos de adolescentes que querem
desistir, mas quero deixar claro que não há possibilidade de problemas
para familiares. Pode denunciar tranquilamente para os pais”, concluiu
Mesquita.
Investigação
A Polícia Civil investiga cinco casos com possibilidade de incitação
ao autoflagelamento de jovens entre 13 e 17 anos, que foram atendidos em
Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Curitiba nesta semana: um na
UPA Pinheirinho e outros quatro na UPA Sítio Cercado. Entre os casos,
quatro são de meninas com intoxicação por medicamentos.
Em Pato Branco, outro caso semelhante foi formalizado com boletim de
ocorrência. A Sesp também solicitou que a Polícia Científica dê
prioridade a eventuais perícias em celulares e computadores apreendidos
envolvendo estes casos.
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