Ivan Santos / bem paraná
Em meio a uma das maiores crises financeiras do País, o Supremo
Tribunal Federal confirmou a decisão de liberar o pagamento de
décimo-terceiro salário e abono de férias para vereadores, prefeitos e
vice-prefeitos pode custar R$ 41,3 milhões a mais ao ano aos cofres
públicos dos 399 municípios paranaenses. A conta, porém, pode ser ainda
maior, chegando a um adicional de mais de R$ 200 milhões, já que
entidades que representam vereadores defedem o pagamento retroativo aos
últimos cinco anos dos benefícios. A estimativa é do Tribunal de Contas
do Estado (TCE-PR) com base nos salários pagos a esses políticos em
2016.
O plenário do STF decidiu que o pagamento é constitucional em
fevereiro deste ano. O Supremo acatou argumento de que esses benefícios
são direito de todos os trabalhadores, inclusive dos agentes políticos.
Mas faltava a publicação do acórdão da decisão para que ela entrasse em
vigor, o que aconteceu no último dia 24.
Até então, o TCE do Paraná considerava o pagamento inconstitucional, e
vinha barrando iniciativas dessa natureza. Em dezembro de 2013, por
exemplo, o tribunal suspendeu decisão da Câmara Municipal de Curitiba de
pagar o décimo-terceiro para os vereadores da Capital com base em uma
lei de 2012. A direção da Casa na época recorreu à Justiça, que rejeitou
o pedido. Na ocasião, o juiz Guilherme de Paula Rezende considerou que o
vereador “no exercício de seu mandato eletivo, não mantém com o
Município vínculo de natureza profissional” e que “assim, como agente
político que é, a ele não se estendem os direitos sociais fundamentais,
aí incluída a gratificação natalina”. A estimativa do TCE, na época, era
de que o pagamento do benefício representaria um custo adicional de R$
625 mil.
Retroativo
O novo entendimento tem repercussão geral e é de aplicação obrigatória. Ou seja, a partir de agora, as câmaras municipais teriam respaldo legal para implementar a nova despesa, mesmo em momento de crise e de corte de investimentos em serviços essenciais.
O novo entendimento tem repercussão geral e é de aplicação obrigatória. Ou seja, a partir de agora, as câmaras municipais teriam respaldo legal para implementar a nova despesa, mesmo em momento de crise e de corte de investimentos em serviços essenciais.
A União de Câmaras, Vereadores e Gestores Públicos do Paraná (Uvepar)
comemorou a decisão, alegando que ela faz justiça ao estender aos
parlamentares os benefícios das demais categorias de servidores
públicos. “Além da segurança jurídica para que as Câmaras efetuem o
pagamento, está é uma vitória importante, porque valoriza o trabalho dos
vereadores e o papel das Câmaras, que são fundamentais para o
fortalecimento da nossa democracia. Estamos muito felizes com o
resultado”, afirmou o presidente da Uvepar, Júlio Makuch. A entidade
defende agora o pagamento retroativo do benefício, e pretende expedir
uma “carta de orientação” às câmaras municiais detalhando sobre os
trâmites legais para a regulamentação dos pagamentos.
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