Agência Brasil
 
A senadora Gleisi 
Hoffmann (PT-PR) falou hoje (27), pela primeira vez, no plenário do 
Senado, sobre a prisão de seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, na 
Operação Custo Brasil, na última semana. Ela classificou a prisão de 
"abusiva" e fomentada para intimidar a atuação dos senadores contrários 
ao impeachment da presidenta afastada Dilma Rousseff.
“A operação montada para busca e 
apreensão na nossa casa e para a prisão do Paulo foi surreal. Até 
helicópteros foram utilizados, força policial armada, muitos carros. 
Para que isso? Chamar atenção? Demonstração de força? Humilhação? Gasto 
de dinheiro público desnecessário, é isso. Foi uma clara tentativa de 
humilhar um ex-ministro nos governos Lula e Dilma. É uma tentativa de 
abalar emocionalmente o trabalho de um grupo crescente de senadores e 
senadoras que discordam dos argumentos que ora vem usados para afastar 
uma presidenta legitimamente eleita”, disse.
Ainda na mesma linha de argumentação, a 
senadora procurou relacionar o juiz que determinou a prisão, Paulo Bueno
 de Azevedo, com a advogada Janaína Paschoal, que conduz os trabalhos da
 acusação na Comissão Processante do Impeachment no Senado.
“Eu pergunto, caros colegas e colegas: o
 que aconteceu com a isenção que exige-se da Justiça? Por que humilhar 
um cidadão pacato e conhecido? Por que pré-condenar em praça pública 
antes de julgamento? Por que a iniciativa judicial vinda de São Paulo, 
assinada por um juiz que foi orientando da mesma advogada de acusação 
que assina o pedido de impeachment, priorizou a desmoralização 
pública por meio de show midiático em todos os meios de comunicação? Por
 que uma iniciativa judicial visa obter efeitos tão perversos? A quem 
interessa uma iniciativa como essa? Eu peço que todos reflitam bastante 
sobre essas perguntas”, disse a senadora aos colegas parlamentares.
Gleisi Hoffmann também voltou a falar 
sobre a exposição de sua família e de seus filhos diante da prisão de 
Paulo Bernado, tema que ela já tinha abordado anteriormente em carta 
divulgada em sua conta no Facebook. Segundo a senadora, a constante 
imagem do marido nos jornais e redes de televisão representou uma forma 
de “tortura moderna” para ela e os filhos.
Em defesa do ex-ministro, Gleisi disse 
que os contratos sob suspeita não são irregulares e que ele não tem 
responsabilidade sobre eles. “Eu estou aqui serena e humilde, mas não 
humilhada, para dizer que a inocência de Paulo Bernardo será provada. Eu
 o conheço, jamais se utilizaria de uma artimanha como esta. Não há 
contrato do Ministério do Planejamento com a tal Consist, nem vínculo do
 então ministro do Planejamento com o convênio celebrado entre a empresa
 e a associação dos bancos. Além disso, o próprio TCU, em acórdão de 
2013, afirmou que o acordo com a associação dos bancos era regular e 
dispensava licitação. Se o Paulo participou de alguma armação criminosa,
 onde está o seu produto? Para onde foi o dinheiro, em que foi gasto? 
Volto a repetir, não temos conta no exterior, quase não viajamos, não 
somos dados a festa e nem badalações, nosso patrimônio é compatível com 
nossos salários. É um crime sem objeto, então?”, questionou.
A senadora recebeu apartes de colegas de
 partido e agradeceu o apoio recebido, inclusive, pelo presidente do 
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que acionou o Supremo Tribunal 
Federal para questionar a legalidade da Operação. Provocada por 
Calheiros, a Advocacia Geral do Senado questionou a Supremo Corte se o 
mandado de busca e apreensão na casa de uma parlamentar não deveria ter 
sido emitido por um ministro. Ainda não houve resposta do Supremo.