sábado, 21 de janeiro de 2017

Morador de rua ajudado por Doria não é ator; conheça Gerson

Sites levantaram suspeita de que cena teria sido montada pela prefeitura do PSDB


Colaborou Sara Ferrari

Cearense de Mucambo, no interior do estado, o ex-faxineiro Gerson Araújo da Silva, de 41 anos, ocupa um trecho de calçada na altura do número 100 da Líbero Badaró, no centro, há pouco mais de quatro anos. Usa dois cobertores como colchão e um terceiro para não sentir frio à noite. Divide o espaço com outros três moradores de rua.
Várias vezes ao dia, entra no prédio da Secretaria de Direitos Humanos, ao lado, para tomar água. No almoço, compra marmitas em um bar em frente e divide com os colegas. Quando não tem dinheiro, ganha o que sobra de comida nos estabelecimentos da região.
Em sua mochila cor-de-rosa (é uma mala escolar de menina), guarda quatro mudas de roupa. No fim da tarde, costuma ir até a Avenida 23 de Maio para tomar banho em uma bica de água gelada, com sabonete.

O ex-faxineiro Gerson Araújo da Silva, de 41 anos (Foto: Alexandre Battibugli)
No último dia 10, em uma caminhada pela área, João Doria parou para conversar com Silva e lhe prometeu dar roupas e pagar por um corte de cabelo e um almoço. O prefeito quer ajudar pessoas em situação parecida investindo na melhoria dos centros de acolhida, com a distribuição de kits de higiene.
A foto do encontro foi publicada em vários veículos de comunicação e também na página do tucano no Facebook. Em menos de uma semana, o post acumulava quase 200 000 curtidas e 40 000 compartilhamentos.
Alguns sites levantaram a suspeita de que tudo seria uma armação. Segundo páginas como Conexão Jornalismo, Esquerda Caviar e Dilma Mais que Bolada, o mendigo poderia ser um ator contratado pela prefeitura. Chegaram a marcar a imagem com várias setas, indicando “evidências” do truque, como em um jogo dos sete erros.
As unhas, a pele do rosto e o cabelo estariam limpos demais. Os chinelos e os cobertores pareciam novos. Até uma garrafa de 51 na calçada foi apontada como “prova”. Seria cara demais para ser consumida por gente naquela situação. Indignado com as insinuações, um médico que acompanha o caso de Silva resolveu se manifestar nas redes sociais.
“Não defendo o Doria porque não o conheço. Mas quero informar: ele (Silva) é, sim, morador de rua e eu cuido dele”, publicou o psiquiatra Marcelo de Oliveira Arantes.

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