Falta votar os três últimos destaques ao parecer do relator Vicente Candido (PT-SP)
A comissão especial que analisa mudanças nas regras eleitorais
(PEC 77/03) volta a se reunir nesta terça-feira para concluir a votação
do texto que estabelece o financiamento público de campanhas e o voto
majoritário para deputados federais e estaduais e vereadores, em 2018 e
2020.
A proposta é o primeiro passo da Reforma Política e altera a
Constituição Federal. O voto majoritário para o legislativo, o chamado
"distritão", seria uma transição para o sistema distrital misto que
valeria a partir de 2022. Neste último sistema, metade das cadeiras no
legislativo será eleita pelo sistema de listas fechadas, elaboradas
pelos partidos, e metade pelo voto majoritário em distritos menores que
os atuais estados.
O relator da matéria, deputado Vicente Candido, do PT paulista, havia
proposto em seu parecer que o sistema proporcional, regra atual para
eleição do legislativo, fosse mantido como transição para o sistema
distrital misto. Esse e outros pontos do relatório, entretanto, foram
modificados na votação dos destaques. Candido também avaliou que o Fundo
para Financiamento da Democracia, que contará com meio por cento da
recenta corrente líquida, cerca de R$ 3,6 bilhões no ano que vem,
poderia ser menor.
"Se votar o distrital misto alemão, creio que derruba bastante o
custo de campanha e poderá rever esse valor. Acho muito ruim aqui a
gente votar só fundo e não mexer no sistema, não fazer mudanças
significativas, como o fim de vices (prefeitos, governadores e
presidente da República), onde o Brasil poderia economizar cerca de 500
milhões de reais por ano. A mudança nos mandatos das cortes brasileiras e
o fim dos suplentes no Senado. Nós estamos perdendo aqui a
oportunidade, nós estamos numa crise profunda e a gente precisa ousar,
precisa mudar, precisa reoxigenar a política, precisa trazer os cidadãos
para a política. Espero que, daqui até o plenário, meus pares reflitam e
façam as mudanças que o país precisa"
Os três últimos destaques ao parecer de Candido ainda precisam ser
votados nesta terça-feira. Concluída a votação na comissão especial, no
prazo de duas sessões do Plenário, a proposta poderá ser incluída na
Ordem do Dia. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, já informou que quer
votar a proposta ainda em agosto. A pressa para concluir a votação,
tanto na Câmara, como no Senado, até o fim de setembro, é para que as
regras valham para as eleições do ano que vem. Por ser uma proposta de
emenda à Constituição, o texto deve ser aprovado em dois turnos na
Câmara e no Senado, por no mínimo 308 deputados e 49 senadores.
Aprovadas as novas regras constitucionais, outra comissão especial
deverá regulamentar a Reforma Política. Os mesmos deputados que
analisaram as PECs integram esse grupo e o relator também é Vicente
Candido. Nessa Comissão, dois relatórios já foram aprovados: o primeiro
com regras para mecanismos de democracia direta, como plebiscito e
referendo e propostas de iniciativa popular; e o segundo com prazos de
desincompatibilização para quem quer concorrer a cargos públicos. O
terceiro relatório de Candido traz as regras para o sistema distrital
misto, a partir de 2022, e para o Fundo de Financiamento da Democracia. O
deputado Celso Pansera, do PMDB do Rio de Janeiro, afirmou ter
defendido o financiamento privado de campanhas quando a matéria foi
votada na Câmara, mas com a proibição, em 2015, pelo Supremo Tribunal
Federal, das doações para campanhas por empresas, o financiamento
público se tornou uma necessidade.
"Acho que o relatório (aprovado na Comissão) avança muito na
expectativa das pessoas de que a eleição do ano que vem aponte algumas
modificações e a perspectiva para as eleições seguintes seja de
modificações ainda mais profundas. A democracia como conquista da
humanidade, da forma que trabalhamos com ela nas últimas décadas, não
tem preço. Aí, se nós não podemos buscar na iniciativa privada; se as
pessoas físicas não têm a cultura de financiar (campanhas), nós temos
que infelizmente buscar isso de recursos públicos"
O Fundo Especial de Financiamento da Democracia vai financiar
eleições, plebiscitos e referendos. Ele não substitui o atual fundo
partidário que financia o dia a dia dos partidos políticos, mas também
ajuda nas campanhas eleitorais, especialmente depois de 2015 com a
proibição de doações por empresas para as campanhas. Naquele ano, o
valor do fundo quase triplicou em relação ao ano anterior. Neste ano, o
orçamento do governo federal prevê a distribuição de R$ 819 milhões aos
partidos pelo Fundo Partidário.
Nenhum comentário:
Postar um comentário