Essa é a frase mais ouvida na boca dos pais quando descobrem, em geral
tardiamente, que seu filho ou filha tornou-se um viciado em drogas.
Quando se trata de famílias pobres, em que a carência é a tônica
(carência financeira, intelectual, social e afetiva) é menos complicado
encontrar o ponto falho.
Mas... E quando a família é bem estruturada, próspera e disponibiliza
aos filhos atenção, bens materiais, ambiente social saudável e também
amor? Onde estaria o erro?
”Esse menino sempre teve tudo o que quis, nunca lhe faltou nada. Sempre
lhe demos amor e carinho, apoio e orientação. Não entendemos o porquê
dessa desgraça na nossa família!” – lamentam os pais (com razão).
Por que aconteceu?
Determinar uma causa única, preto no branco, nesse caso, é praticamente
impossível. A coisa pende mais para uma conjunção de fatores. Nessa
conjunção se destacam ingredientes distintos, tais como: temperamento
hipersensível do sujeito, uma intensa insegurança pessoal (bem
acobertada dos familiares), a falta de alvos pelos quais se valha a pena
viver (nada a alcançar); uma família em que Deus é um personagem
ausente, ou apenas uma figura folclórica distante; valorização extremada
do prazer físico ou mental; estilo de vida marcado por ganhar dos pais
tudo de forma muito fácil, sem que haja a necessidade de lutar para
obter os seus desejos...
Mas os familiares têm que compreender que, depois do leite derramado,
de nada adianta procurar culpados. Uma “caça às bruxas” não vai resolver
coisa alguma. Confirmado o fato, a hora agora é de buscar solução. E
ela existe!
A solução, nesse caso, passa por obter ajuda profissional (psicólogos,
médicos, psiquiatras), disponíveis nas clínicas especializadas em
tratamento anti drogas (desde que sejam instituições reconhecidamente
sérias e com histórico íntegro); e, existe ainda, uma outra alternativa,
mais acessível, as chamadas Comunidades Terapêuticas, popularmente
chamadas de ”Casas de Recuperação”.
Comunidades Terapêuticas são instituições particulares, geralmente de
cunho religioso (católicas ou evangélicas), sem fins lucrativos. As CTs
são especializadas em acolher jovens para tratar a dependência química. O
tratamento não é medicamentoso, e sim psico-social-espiritual; e sua
duração média é de 8 meses, em regime de residência.
Estão espalhadas por todo o Brasil e, como todos os segmentos de
atendimento público, existem profissionais de boa qualidade, com ótimos
resultados nas suas atividades, e também os picaretas, interessados
apenas em obter lucro de pais desesperados, num momento difícil de suas
vidas. Cabe aos pais pesquisar e investigar cada instituição.
As Comunidades Terapêuticas, de forma geral, não são bem vistas pela
comunidade acadêmica, que as acusam de estar voltando ao sistema
manicomial, que já foi execrado e banido do país pelos órgãos oficiais
da saúde mental. Entretanto, é necessário que se reconheça que existem
comunidades terapêuticas sérias e eficientes, que apresentam resultados
positivos incontestáveis (resultado aqui significa vitória sobre as
drogas), e não têm nada a ver com o sistema manicomial. São instituições
fiscalizadas por órgãos federais, estaduais e municipais; e dispõem de
equipe multidisciplinar (com psicólogo, assistente social e monitores),
experiente no combate às drogas.
A ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), é o órgão oficial
que regulamenta as comunidades terapêuticas. Sua resolução RDC 101, de
2001 contém as exigências técnicas para o funcionamento das
“comunidades”, mas a licença sanitária é feita pela vigilância estadual
ou municipal. Segundo a ANVISA o conceito de Comunidade Terapêutica é:
“Serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso ou
abuso de substâncias psicoativas (SPA), em regime de residência ou
outros vínculos de um ou dois turnos. Segundo modelo psicossocial, são
unidades que têm por função a oferta de um ambiente protegido, técnica e
eticamente orientados, que forneça suporte e tratamento aos usuários
abusivos e/ou dependentes de substâncias psicoativas, durante período
estabelecido de acordo com programa terapêutico adaptado às necessidades
de cada caso. É um lugar cujo principal instrumento terapêutico é a
convivência entre os pares. Oferece uma rede de ajuda no processo de
recuperação dos acolhidos, resgatando a cidadania, buscando encontrar
novas possibilidades de reabilitação física e psicológica, e de
reinserção social. Tais serviços, urbanos ou rurais, são conhecidos como
Comunidades Terapêuticas”.
Já a Secretaria Nacional de Políticas Sobre Drogas (SENAD), reconhece e
mantém contratos com 252 comunidades terapêuticas (CTs) espalhadas por
todo o Brasil e gera o atendimento a pelo menos 5.500 dependentes
químicos. O acolhimento dos usuários de drogas faz parte do Programa
Nacional: “Crack, é Possível Vencer”, do Governo Federal
Nenhum comentário:
Postar um comentário