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Foto: Jonathan Campos |
O inverno que começa às 19h34 desta segunda-feira (20) promete ser
mais rigoroso que os dos últimos dois anos, de acordo com o Sistema
Meteorológico do Paraná (Simepar), e pede cuidados extras com a saúde.
Com as baixas temperaturas, as pessoas têm a tendência de ficarem
aglomeradas em locais pouco ventilados, o que contribui para a maior
circulação de agentes causadores de doenças.
“A transmissibilidade de vírus influenza e de vírus do resfriado
acaba sendo facilitada”, alerta o médico pneumologista e professor da
Universidade Federal do Paraná (UFPR) João Adriano de Barros.
Uma consequência das infecções virais é a queda da imunidade, o que
pode levar a complicações bacterianas, diz o médico. Ainda se
recuperando de uma gripe ou resfriado, os mecanismos de defesa do corpo
baixam a guarda, e dão margem para que bactérias causadoras de
pneumonia, amigdalite, sinusite e otite, por exemplo, “façam a festa”.
As alergias são outra implicação dos hábitos humanos. “O uso de
cobertores e casacos que estavam guardados há muito tempo, com pó e
mofo, provoca irritação das vias aéreas, e pode causar sintomas de asma
brônquica e rinite alérgica”, afirma Barros.
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As próprias questões climáticas, explica o especialista, também
desencadeiam reações. O corpo tenta se adaptar à baixa temperatura
dilatando as veias do nariz, uma medida para que o ar entre mais quente e
mais úmido. Quando a dilatação é exagerada, a mucosa nasal incha e o
nariz entope. A concentração de sangue no local gera a coriza ou nariz
escorrendo, em bom português.
As variações intensas de temperatura, a umidade relativa do ar mais
baixa e a poluição atmosférica mais próxima da população devido ao
fenômeno da inversão térmica, que ocorre quando uma camada de ar quente
encobre uma cama de ar frio posicionada sobre um centro urbano,
aprisionando os poluentes resultam em sintomas de rinite e bronquite,
tosse, pele seca, olhos irritados e conjuntivite.
Cuidados
Uso excessivo de aquecedores resseca o ar e irrita vias aéreas. Foto: Arquivo |
As precauções para que o inverno não castigue tanto a saúde devem
começar bem antes das temperaturas caírem, indica o médico. “Tome a
vacina da gripe. Também existe vacina contra a pneumonia, recomendada
principalmente para idosos e pessoas com doenças crônicas.” Antes do
uso, lave todos os casacos e cobertores que estavam guardados, para
prevenir reações alérgicas.
Evitar aglomerações de gente e ventilar os locais, mesmo que esteja
frio, reduz a circulação de vírus. “Tome cuidado com o uso excessivo de
aquecedores, que ressecam o ar e irritam as vias aéreas. E tome muito
líquido, no mínimo dois litros de água por dia”, ressalta Barros. Também
valem as dicas básicas para uma boa qualidade de vida: se alimentar e
dormir bem, evitar estresse, álcool e cigarro.
Alimentação
A dieta diária traz reflexos diretos na imunidade. Para que o seu
corpo tenha o potencial de combater doenças, uma alimentação balanceada é
fundamental, diz a nutricionista Emanuele de Araújo Valentim. “Uma
dieta saudável contém todos os grupos alimentares: carboidratos, que dão
energia; proteínas, que atuam na produção de células de defesa;
vitaminas e minerais”, afirma. O recomendado é fazer seis refeições por
dia, com porções adequadas à sua necessidade energética e à sua faixa
etária.
Para quem não gosta de salada no frio, é importante consumir verduras
e legumes de outras formas, por exemplo, em sopas ou refogados. “Opte
por cortes de carne magros, sem gordura aparente, e carboidratos
integrais, como pão e arroz, pois as fibras auxiliam no bom
funcionamento do intestino e no controle do diabetes”.
Reforçar o consumo de vitamina C é uma boa medida para evitar gripes e
resfriados. “Frutas cítricas, como a laranja, mexerica, limão, morango e
abacaxi são ricas em vitamina C”, aponta a nutricionista. “Caso ache
difícil comê-las, opte pelo suco".
Outra dica é não esquecer a ingestão de líquidos. “Beba bastante água
e, caso opte por chás, controle a quantidade de açúcar. O ideal é sem”,
ensina a nutricionista.
Inverno padrão
Foto: Antônio More |
Neste ano, o frio deve chegar para valer. De acordo com o
meteorologista do Simepar Samuel Braun, a tendência para 2016 é que o
inverno seja mais típico que nos dois últimos anos, quando não houve
frio “de verdade”.
“O El Niño (aquecimento das águas do Pacífico) está perdendo força, e
o oceano está numa condição normal, com tendência de resfriamento para
os próximos meses. Vamos entrar em uma La Niña (resfriamento das águas
do Pacífico) ao longo do inverno, dessa forma, esperamos que a estação
seja mais rigorosa, possivelmente com temperaturas próximas às médias
históricas para os meses de junho, julho e agosto".
Em Curitiba, as mínimas devem ficar, na média, entre 9ºC e 11ºC, e as
máximas, entre 19ºC e 21ºC. “Dentro da estação, poderá haver valores
mais baixos. Haverá maior frequência de ondas de frio atuando no Paraná,
o que nos leva a uma situação de frio mais recorrente”, afirma Braun.
Há a possibilidade de veranicos. “Embora seja difícil antecipar,
possivelmente ao longo de agosto nas regiões Norte e Noroeste, onde
ficam Londrina e Maringá, ocorram sequências de dias mais secos e
quentes.”
Chuvas
O início da estação deve ser úmido, com chuvas acima da média que é
de 110 mm para junho e julho. “A partir de agosto, que tem média de 75
mm, o inverno deve ser mais seco.”
Geadas
O indicativo do Simepar prevê até três geadas para o Norte do estado,
e de cinco a sete geadas para o Sul. Na região de Palmas e General
Carneiro, a média das temperaturas mínimas pode ficar entre 7ºC e 9ºC.
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