Celso Felizardo - Grupo Folha
Foto: Facebook/Reprodução |
Cinco
meses se passaram desde que o motorista Odair José Martins foi
arrastado pela força das águas do Rio Bandeirantes do Norte, em Rolândia
(Região Metropolitana de Londrina), no temporal histórico do início de
janeiro. Desde então, a família vive a agonia do desaparecimento. Sem um
corpo para enterrar, a esposa do motorista, Letícia Lunardi, de 27
anos, mantém a esperança de encontrá-lo vivo. "Enquanto não provarem que
ele morreu, eu vou continuar procurando", afirma.
Com a ajuda da empresa em que o marido trabalhava, ela sobrevoou o rio três vezes de helicóptero e rodou alguns municípios na região. Nenhuma pista. Letícia aproveitou a onda de frio que atingiu a região nas últimas semanas para procurar por Martins em abrigos e albergues. "Quem sabe ele não bateu a cabeça, está sem memória. Como não acharam um calçado sequer dele, não é impossível que ele esteja vivo", pressupõe.
A contragosto e aconselhada pelo advogado, Letícia aceitou dar entrada no atestado de óbito do marido com quem vivia havia quase quatro anos. "Ele me falou que se o Odair aparecer fica mais fácil de reverter a situação." A dor constante da perda se fez mais forte no último dia 13, dia que seria de comemoração do aniversário de 33 anos do marido. "É uma situação angustiante, não sei no que acreditar. Se ele realmente tiver morrido, o corpo pelo menos daria um certo consolo", lamentou.
Letícia, que é operadora de máquina, pediu demissão do emprego para recolocar a vida nos trilhos. Ela conta com a ajuda da empresa onde o marido trabalhava, que lhe ofereceu emprego assim que ela precisar. "Só tenho que agradecer a ajuda de todas as pessoas que me ampararam", disse. Desde o ocorrido, Letícia resolveu manter-se firme para amparar os pais e os três irmãos de Martins, além dos próprios pais, que consideravam o genro como a um filho. "Nessa hora a gente tem que se fortalecer e ajudar um ao outro", avaliou.
No final da tarde do dia 11 de janeiro, Martins havia buscado uma leva de funcionários na empresa, localizada na Estrada dos Pioneiros, na saída para Pitangueiras, e deixado no centro da cidade. Antes de fazer o trajeto inverso para levar a próxima turma de operários, o motorista passou em casa. "Ele entrou, pegou uma fruta e saiu correndo. Eu falei pra ele não sair correndo, que me desse um beijo antes. Foi a última vez que o vi", lembrou.
De acordo com testemunhas, Martins pediu para que todos descessem do ônibus que ele iria atravessar pela ponte ao lado da estação de captação da Sanepar que já estava tomada pela água. Mesmo advertido pelos passageiros, Martins resolveu enfrentar a força das águas. Em poucos minutos o veículo foi levado rio abaixo. As ferragens do ônibus só foram encontradas no dia seguinte, após a água retornar ao nível normal.
Três casos
Depois de dois dias de buscas por bombeiros de toda a região, uma equipe do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), de Curitiba, formada por quatro especialistas e três cães farejadores, fizeram a varredura de toda a área, mas também não obtiveram sucesso. O comandante do Gost, capitão Daniel Lorenzetto, informou que nos últimos dez anos o grupo registrou outras três ocorrências de afogamento em que as vítimas não foram encontradas, uma delas com dois desaparecidos.
"Tivemos uma situação em 2007, no Rio Açungui (Região Metropolitana de Curitiba), outra em 2009, em uma força-tarefa em que participamos no Piauí e a mais recente, de 2013, do menino João Rafael, de 2 anos, que não se sabe ao certo se ele caiu em um rio, em Adrianópolis, ou foi sequestrado", listou o comandante.
Lorenzetto explicou que em situações excepcionais de grande volume de água e correnteza forte, ocorre das vítimas enroscarem e até serem soterradas. "Alguns temporais têm o poder de causar alterações geográficas, como foi o caso de Rolândia. O rio transbordou e teve o curso alterado em alguns trechos. Com isso, há a possibilidade da vítima ter sido soterrada pela água e nunca mais ser encontrada", lamentou.
Sem saber a quem mais recorrer, Letícia espera um desfecho para o caso. "Só não queria viver a vida toda com essa angústia, com a sensação que ele pode aparecer a qualquer momento", expôs. "Não sei se há mais recursos, mas se alguém puder fazer alguma coisa iria ajudar".
Com a ajuda da empresa em que o marido trabalhava, ela sobrevoou o rio três vezes de helicóptero e rodou alguns municípios na região. Nenhuma pista. Letícia aproveitou a onda de frio que atingiu a região nas últimas semanas para procurar por Martins em abrigos e albergues. "Quem sabe ele não bateu a cabeça, está sem memória. Como não acharam um calçado sequer dele, não é impossível que ele esteja vivo", pressupõe.
A contragosto e aconselhada pelo advogado, Letícia aceitou dar entrada no atestado de óbito do marido com quem vivia havia quase quatro anos. "Ele me falou que se o Odair aparecer fica mais fácil de reverter a situação." A dor constante da perda se fez mais forte no último dia 13, dia que seria de comemoração do aniversário de 33 anos do marido. "É uma situação angustiante, não sei no que acreditar. Se ele realmente tiver morrido, o corpo pelo menos daria um certo consolo", lamentou.
Letícia, que é operadora de máquina, pediu demissão do emprego para recolocar a vida nos trilhos. Ela conta com a ajuda da empresa onde o marido trabalhava, que lhe ofereceu emprego assim que ela precisar. "Só tenho que agradecer a ajuda de todas as pessoas que me ampararam", disse. Desde o ocorrido, Letícia resolveu manter-se firme para amparar os pais e os três irmãos de Martins, além dos próprios pais, que consideravam o genro como a um filho. "Nessa hora a gente tem que se fortalecer e ajudar um ao outro", avaliou.
No final da tarde do dia 11 de janeiro, Martins havia buscado uma leva de funcionários na empresa, localizada na Estrada dos Pioneiros, na saída para Pitangueiras, e deixado no centro da cidade. Antes de fazer o trajeto inverso para levar a próxima turma de operários, o motorista passou em casa. "Ele entrou, pegou uma fruta e saiu correndo. Eu falei pra ele não sair correndo, que me desse um beijo antes. Foi a última vez que o vi", lembrou.
De acordo com testemunhas, Martins pediu para que todos descessem do ônibus que ele iria atravessar pela ponte ao lado da estação de captação da Sanepar que já estava tomada pela água. Mesmo advertido pelos passageiros, Martins resolveu enfrentar a força das águas. Em poucos minutos o veículo foi levado rio abaixo. As ferragens do ônibus só foram encontradas no dia seguinte, após a água retornar ao nível normal.
Três casos
Depois de dois dias de buscas por bombeiros de toda a região, uma equipe do Grupo de Operações de Socorro Tático (Gost), de Curitiba, formada por quatro especialistas e três cães farejadores, fizeram a varredura de toda a área, mas também não obtiveram sucesso. O comandante do Gost, capitão Daniel Lorenzetto, informou que nos últimos dez anos o grupo registrou outras três ocorrências de afogamento em que as vítimas não foram encontradas, uma delas com dois desaparecidos.
"Tivemos uma situação em 2007, no Rio Açungui (Região Metropolitana de Curitiba), outra em 2009, em uma força-tarefa em que participamos no Piauí e a mais recente, de 2013, do menino João Rafael, de 2 anos, que não se sabe ao certo se ele caiu em um rio, em Adrianópolis, ou foi sequestrado", listou o comandante.
Lorenzetto explicou que em situações excepcionais de grande volume de água e correnteza forte, ocorre das vítimas enroscarem e até serem soterradas. "Alguns temporais têm o poder de causar alterações geográficas, como foi o caso de Rolândia. O rio transbordou e teve o curso alterado em alguns trechos. Com isso, há a possibilidade da vítima ter sido soterrada pela água e nunca mais ser encontrada", lamentou.
Sem saber a quem mais recorrer, Letícia espera um desfecho para o caso. "Só não queria viver a vida toda com essa angústia, com a sensação que ele pode aparecer a qualquer momento", expôs. "Não sei se há mais recursos, mas se alguém puder fazer alguma coisa iria ajudar".
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