Como parte da operação para construção de um muro na
Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (RN), o Batalhão de
Choque da Polícia Militar voltou a entrar na unidade na manhã deste
sábado (21). Desde a noite desta sexta, já chegavam ao presídio
caminhões com materiais de construção, além de contêineres que devem
compor a estrutura emergencial para separar as facções que estão em
conflito no local. Até o fim da manhã, a incursão não havia levado à
reação dos detentos, que estão rebelados há oito dias.
A muralha anunciada pelo governo do Estado deverá separar os
pavilhões 1, 2 e 3 do 4 e 5. Os primeiros são ocupados por presos
ligados à facção Sindicato do Crime e os últimos, pelos detentos do
Primeiro Comando da Capital (PCC). A rivalidade entre as organizações
causou o início do motim, quando o PCC, até então restrito ao pavilhão
5, invadiu o 4, deixando 26 mortos.
A livre circulação de detentos pelos pavilhões, em razão da
depredação das estruturas da cela, levou ainda a batalhas campais no
interior do presídio. Querendo evitar novos confrontos, a muralha está
sendo construída, segundo informou a administração estadual. A única
forma de a PM deter o conflito vinha sendo o uso de armamento não letal
disparado das guaritas para evitar a aproximação entre as partes. O
esforço não foi suficiente quando na quinta-feira passada (19) a briga
deixou novos mortos e feridos.
Na tarde de quinta-feira, o MP do Rio Grande do Norte emitiu uma
recomendação ao governador Robinson Faria (PSD) para que, diante do que
classificou como “barbárie”, com ao menos 28 mortes confirmadas desde
sábado passado (13), fossem tomadas “providências efetivas”.
Desde o início das rebeliões, os batalhões de Choque e de Operações
Especiais (Bope) entraram na cadeia mais de três vezes, realizando
revistas e retirando presos para transferências. As operações, no
entanto, não se estenderam por mais de cinco horas em nenhuma das
oportunidades. Logo que os homens dos batalhões deixam a unidade, os
conflitos são retomados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário