quarta-feira, 7 de março de 2018

Paraná tem um registro de acidentes de trabalho a cada 14 minutos

Atividades hospitalares e abate de animais são os setores que lideram as notificações
Rodolfo Luis Kowalski

Uma verdadeira tragédia está em curso no Brasil. Nada tem a ver com a criminalidade, desastres naturais ou a guerra. As estatísticas de acidente do trabalho assustam. Somente no Paraná é uma ocorrência a cada 14 minutos, sendo que nos últimos seis anos 1.286 trabalhadores não voltaram para casa, entrando para a estatística de mortes em acidentes de trabalho.
Segundo dados do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho, atualizados na segunda-feira pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), o Paraná registrou entre 2012 e 2017 um total de 231.586 Comunicações de Acidente de Trabalho (CAT), respondendo por 7,65% das ocorrências em todo o país e com uma média de 106 ocorrências por dia. É o quinto estado brasileiro com mais registros, atrás apenas de São Paulo (1.129.260), Minas Gerais (306.606), Rio de Janeiro (239.827) e Rio Grande do Sul (239.806).
No mesmo período, foram 105.133 afastamentos previdenciários decorrentes de acidentes e doenças do trabalho, com custo de R$ 917.688.277,56 para a Previdência Social e a perda de 21.115.999 dias de trabalho.
“Segundo estimativas globais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), acidentes e doenças de trabalho implicam em perda anual de cerca de 4% do Produto Interno Bruto, o que, no caso do Brasil, equivaleria, em números de 2017, a R$ 264 bilhões”, revela o procurador do Trabalho Luís Fabiano de Assis, responsável pelo observatório.
Por setor
Os profissionais que atuam no atendimento hospitalar são os que mais sofrem acidentes (8,35% dos casos), em especial aqueles que trabalham na enfermagem e na limpeza. Em seguida aparecem aqueles que trabalham com o abate de animais (5,58%), funcionários do comércio varejista, principalmente hipermercados e supermercados (3,68%) transporte rodoviário de carga (2,73%) e construção de edifícios (2,52%).
Já com relação aos tipos de lesão, cortes e feridas contusas aparecem em 20,9% dos registros de acidente, seguida de perto pelos casos de fratura (18,32%) e esmagamento (16,65%).
Ainda segundo o observatório, a maior parte dos acidentes entre 2012 e 2017 em todo o país foram causados por máquinas e equipamentos (15%), atividade em que as amputações são 15 vezes mais frequentes e que gera três vezes mais vítimas fatais que a média geral.
Setores com mais CAT no PR (ocorrências e %)
Atividades de atendimento hospitalar 19.332 (8,35%)

Abate de suínos, aves e outros pequenos animais 12.923 (5,58%)

Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios - hipermercados e supermercados 8.513 (3,68%)

Transporte rodoviário de carga 6.321 (2,73%)

Construção de edifícios 5.842 (2,52%)

Atividades de Correio 5.050 (2,18%)

Administração pública em geral 4.705 (2,03%)

Restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas 3.889 (1,68%)

Captação, tratamento e distribuição de água 2.982 (1,29%)

Desdobramento de madeira 2.834 (1,22%)
Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho

Número de mortes no Estado cresce 13,6% entre 2016 para 2017
Desde 2013, quando foi registrado um número recorde de 265 mortes em acidentes de trabalho no Paraná, as estatísticas de acidentes fatais estavam em queda no estado. Esse cenário, contudo, mudou no ano passado, quando foram registradas 209 mortes, alta de 13,6% na comparação com 2016, quando haviam sido 184 mortes,
De 2012 até o ano passado, 1.286 trabalhadores não voltaram para casa, entrando para a estatística de vítimas de acidentes de trabalho com óbito. O número representa cerca de 8,57%% das 15 mil mortes em acidentes de trabalho registrados em todo o país no período analisado. A diferença, porém, é que o Brasil viu cair o número de mortes em 2017 – foram 1.992, queda de 7,6% na comparação com 2016, quando haviam sido registradas 2.156 fatalidades.
“Além da perda de mais de 15 mil vidas humanas, são 2.500 famílias que ficam órfãs a cada ano devido à negligência de empregadores que não consideram o trabalho seguro como condição para o trabalho digno”, alertou o procurador-geral do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Fleury, durante apresentação dos números do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho.

Rodolfo Luis Kowalski / bem paraná 

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