A Nova Zelândia está planejando
espalhar um vírus para coelhos em uma tentativa de controlar o
crescimento da população desses animais.
Coelhos selvagens são
vistos como uma praga em algumas partes do país, e o vírus, conhecido
como RHDV1-K5, será liberado a partir de março.
Grupos de fazendeiros comemoraram a medida, enquanto outros
grupos demonstraram preocupação - por exemplo, com os possíveis riscos
que a medida pode significar para coelhos de estimação e com o
sofrimento dos animais infectados.
Por que os coelhos são um problema na Nova Zelândia?
Os animais começaram a aparecer na Nova Zelândia por volta de 1830, e não é de hoje que criam problemas para fazendeiros.
Os coelhos selvagens competem com o gado pelo pasto e danificam a terra com seu hábito de cavar.
De
acordo com o Ministério das Indústrias Primárias - MPI, na sigla em
inglês (similar a um Ministério da Agricultura) -, coelhos custam uma
média de 50 milhões de dólares neozelandeses (cerca de R$ 116 milhões)
em perdas de produção e mais de 25 milhões de dólares neozelandeses (R$
80 milhões) em medidas de controle de pragas.
Como controlar a população de coelhos?
Os
principais métodos são a caça, a intoxicação, a fumigação de tocas e, a
medida menos drástica, a instalação de cercas "à prova" de coelhos.
No entanto, autoridades argumentam que o problema ficou tão grande que essas soluções não são suficientes.
Uma primeira estirpe da doença hemorrágica viral do coelho (RHDV, na sigla em ingês) foi introduzida na Nova Zelândia em 1997.
O vírus, que só afeta coelhos e não outros animais, era muito
eficiente no início, mas depois de mais de 20 anos, os coelhos se
tornaram imunes a ele.
O que será lançado no mês que vem é uma nova estirpe coreana, conhecida como RHDV1-K5.
Ela
afeta os órgãos internos do animal, causando febres e espasmos,
coágulos sanguíneos e problemas respiratórios. De acordo com o MPI, essa
estirpe age de maneira mais rápida, matando coelhos em um prazo de
apenas dois a quatro dias após a infecção.
Como foi a reação?
As pessoas estão divididas. A Federação de Fazendeiros da Nova Zelândia afirma que a medida traz um "alívio enorme".
"Há muitos fazendeiros desesperados por aí", disse o porta-voz Andrew Simpson à BBC.
"Se mais um ano passasse sem o uso do vírus, o prejuízo ecológico para algumas propriedades seria incalculável".
Mas
Arnja Dale, da Sociedade de Prevenção contra a Crueldade dos Animais,
disse que a decisão de liberar o vírus foi muito frustrante, levando em
consideração o "sofrimento que isso irá causar para coelhos infectados e
o risco que representará para coelhos domesticados".
"Nós defendemos o uso de métodos mais humanos", ela disse.
A
entidade afirma ainda que a vacina que está disponível para coelhos de
estimação não foi "testada de maneira adequada e não tem evidências
suficientes de que irá oferecer a proteção necessária a eles."
No
entanto, segundo o MPI, coelhos domésticos vacinados estarão a salvo. O
órgão afirmou que o RHDV1-K5 foi liberado na Austrália no ano passado
sem qualquer relato de problemas de coelhos vacinados morrendo por conta
do vírus.
bbc brasil
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