Ivan Santos / BEM PARANÁ 
Na contramão da crise econômica e da onda de cortes de gastos 
públicos, o Congresso pode votar nas próximas semanas dois projetos com 
alto impacto sobre as contas dos governos federal, estaduais e 
municipais. No início do mês, a Câmara Federal aprovou regime de 
urgência para proposta que prevê aumento de 16,38% nos salários dos 
ministros do Supremo Tribunal Federal, que seriam elevados de R$ 
33.763,00 para R$ 39.293,38. Como os vencimentos do STF servem de base 
para o teto do funcionalismo público, o aumento teria um “efeito 
cascata” quase imediato nos legislativos de todo o País, incluindo 
assembleias legislativas e câmaras municipais. 
Somente no Judiciário, o impacto do reajuste para os ministros do STF
 seria de R$ 710 milhões, segundo estimativas do governo. Isso porque o 
aumento teria um efeito cascata sobre as remunerações de todos os 
magistrados federais, como do Superior Tribunal de Justiça (STJ), 
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Superior do Trabalho (TST) e
 Superior Tribunal Militar (STM).
Como os salários dos deputados federais e senadores também é 
vinculado aos dos ministros do Supremo, eles também teria os vencimentos
 reajustados no mesmo patamar. O custo adicional para os cofres públicos
 só no Congresso seria de R$ 42.702.660,00 anuais.
O efeito cascata se repetiria na Assembleia Legislativa paranaense, 
onde os deputados têm direito a receber até 75% do salário de um 
parlamentar federal. Com isso, os vencimentos de cada deputado estadual 
iriam pular dos atuais R$ 25.322,25 para R$ 29.469,75 mensais. O impacto
 do aumento sobre as contas do Estado seria uma despesa de R$ 
2.911.545,00 anuais. Além do salário, os deputados paranaenses têm 
direito a R$ 31,5 mil mensais para despesas de gabinete e outros R$ 78,5
 mil mensais para pagar os salários de até 23 assessores em cargos 
comissionados.
O Orçamento da Assembleia para 2016 é de R$ 657.479.530,00. A maior 
parte é consumida com gastos de pessoal. Por lei, a Casa tem direito a 
3,1% da receita líquida do Estado. Nos últimos anos, os deputados não 
tem usado toda a verba. No final do ano passado, a direção do parlamento
 estadual “devolveu” R$ 250 milhões ao Executivo, o equivalente a 40% do
 seu orçamento.
Em abril, o governo encaminhou proposta de Lei de Diretrizes 
Orçamentárias de 2017, que deve ser votada até julho, retirando as 
verbas do Fundo de Participação dos Estados (FPE) da base de cálculo dos
 repasses para o Legislativo e Judiciário. A medida, se aprovada, 
retiraria R$ 76,5 milhões dos cofres da Assembleia, além de R$ 46,9 
milhões do Tribunal de Contas, R$ 101,2 milhões do Ministério Público e 
R$ 234,4 milhões do Tribunal de Justiça. Os deputados já sinalizaram, 
porém, que não pretendem aprovar a proposta. O próprio líder do governo 
na Casa, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), apresentou emenda ao 
projeto, retirando a mudança do texto da LDO.
“Pauta bomba”
A proposta de votação em regime de urgência do aumento para os 
ministros do STF foi aprovada antes da abertura do processo de 
impeachment e o afastamento da presidente Dilma Rousseff (PT) do cargo, e
 a ascensão do presidente interino, Michel Temer (PMDB). Integrantes do 
novo governo garantiram que iriam manter os acordos fechados pela 
administração anterior.
A lista inclui outra proposta da chamada “pauta bomba”, que pode 
dificultar a tarefa da equipe econômica de Temer de reduzir os gastos da
 União. A principal delas é a que prevê reajustes entre 16,5% e 41,47% 
para os salários dos servidores do Judiciário. O impacto só para esse 
aumento seria de R$ 5,99 bilhões ao ano, segundo o Ministério do 
Planejamento. O projeto também tramita em regime de urgência.
O projeto original era ainda mais elevado, prevendo reajuste de 53% a
 78% para os servidores do Judiciário, e chegou a ser aprovado na Câmara
 e no Senado, mas acabou vetado por Dilma por causa do impacto nas 
contas públicas. Segundo o Ministério do Planejamento, a proposta 
aumentaria os gastos em R$ 36,2 bilhões até 2019.
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário