A
senadora Ana Amélia (PP-RS), 73 anos, será a candidata a
vice-presidente na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin (PSDB). Segundo
lideranças dos partidos que compõem o chamado Centrão e do PSDB, o
martelo foi batido nesta quinta-feira, 2, quando a pepista gaúcha
aceitou o convite de Alckmin. Ela foi indicada pelo grupo, composto por
PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade, para ser a companheira do tucano na
disputa pela Presidência da República. As informações são de Edoardo
Ghirotto e João Pedroso de Campos na Veja.
O anúncio oficial da chapa será feito após PSDB e PP resolverem
acordos regionais, como no Rio Grande do Sul, estado de Ana, onde os
dois partidos têm candidatos ao governo do estado. A convenção que
oficializará Alckmin como candidato tucano ao Palácio do Planalto está
marcada para o sábado, 4, data em que ele pretende já ter sacramentado a
senadora como vice.
Geraldo Alckmin tinha Ana Amélia como nome preferido entre os que
passaram a ser analisados como possíveis vices desde que o empresário
Josué Gomes da Silva, dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente
José Alencar, rejeitou compor chapa com ele. Nesta quarta-feira, o
presidenciável declarou que a escolha estava entre sete nomes. Por fim,
acabou escolhendo Ana Amélia, que disputou sua primeira eleição em 2010 e
foi eleita ao Senado.
O ex-deputado federal e ex-ministro Aldo Rebelo (SD) era um dos
cotados para a vaga, assim como chegaram a ser ventilados, dentro do
próprio PP, partido com maior bancada na Câmara entre os do Centrão, os
nomes da vice-governadora do Piauí, Margarete Coelho, e do empresário
Benjamin Steinbruch, recém-filiado à legenda.
O ex-ministro da Educação e deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE) e
a deputada federal Tereza Cristina (DEM-MS) também foram cogitados, mas
sofreram resistência dentro do grupo de partidos porque já há um acordo
entre as legendas para reconduzir o presidente da Câmara, Rodrigo Maia
(DEM-RJ), ao posto em 2019. Na visão das siglas, acumular a chefia da
Casa e a vice-presidência seria “demais” aos demistas.
Ao lado de Ana Amélia, que inicialmente pretendia buscar se reeleger
pra o Senado pelo Rio Grande do Sul, Geraldo Alckmin terá um trunfo para
recuperar espaço nos estados do Sul do país. Conforme pesquisas de
intenção de voto, o senador Alvaro Dias, do Podemos do Paraná, lidera as
pesquisas de intenção de voto na região, em cujos estados os candidatos
tucanos ao Palácio do Planalto vem sendo os mais votados desde 2006.
“Emparedado” entre o potencial eleitoral de Dias entre os sulistas e o
avanço do deputado federal Jair Bolsonaro, presidenciável do PSL, em
São Paulo, sua base eleitoral, Alckmin está estacionado nas pesquisas
entre 6% e 7% das intenções de voto. Com o apoio recebido do Centrão na
corrida presidencial, o ex-governador paulista aposta nos 40% do tempo
da propaganda eleitoral em rádio e TV que terá à disposição para atrair
os eleitores indecisos e chegar ao segundo turno.
Conforme dados da mais recente pesquisa CNI/Ibope, divulgados nesta
quinta-feira, 28% do eleitorado no país dizem não saber em quem votar e
31% afirmam anularão o voto. Os números foram apurados sem apresentar
aos entrevistados os nomes dos candidatos à Presidência.
Conflito no RS
Ao aceitar ser vice de Geraldo Alckmin, Ana Amélia terá que resolver
um conflito dentro do PP gaúcho. O pré-candidato do partido ao governo
do Rio Grande do Sul, deputado federal Luiz Carlos Heinze, declarou em
julho apoio à candidatura de Jair Bolsonaro ao Palácio do Planalto. Por
outro lado, o PSDB tem como candidato ao Palácio Piratini, sede do
Executivo gaúcho, o ex-prefeito de Pelotas Eduardo Leite.
Concorrendo na chapa do tucano, a senadora também abrirá mão de uma
reeleição ao Senado que se insinua tranquila para ela. A pepista lidera
as pesquisas de intenção de voto às duas vagas de senador, segundo
números do Paraná Pesquisas divulgados pelo Radar em junho. Ana Amélia
tem 44% da preferência dos gaúchos, seguida pelo também senador Paulo
Paim (PT), com 28,7%.
Quem é Ana Amélia Lemos
Nascida em 1945 no município de Lagoa Vermelha, no Nordeste gaúcho,
Ana Amélia Lemos é jornalista, formada pela Pontifícia Universidade
Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Em 2010, após 40 anos de
profissão, ela deixou o jornalismo para disputar pela primeira vez um
cargo eletivo. A pepista recebeu 3,4 milhões de votos e foi eleita
senadora.
Em pouco menos de oito anos no Senado, Ana Amélia apresentou 91
Projetos de Lei e 14 Propostas de Emenda à Constituição (PECs), dos
quais 4 viraram leis. Entre as propostas relatadas pela senadora, duas
entraram em vigor.
Filiada desde 2009 ao PP, partido que protagonizou, ao lado de PT e
MDB, o esquema de corrupção na Petrobras, Ana Amélia aparece em uma
planilha da Odebrecht, apreendida pela Polícia Federal, em que seu nome é
vinculado a uma doação de 50.000 reais, na eleição de 2010, “a pedido
do candidato”. O codinome atribuído a ela no documento é “Coluna”.
Quando a planilha foi apreendida e veio à tona, Ana afirmou que
“doações oriundas da empresa Braskem, subsidiária da Odebrecht e com
atuação conhecida no Rio Grande do Sul, foram feitas ao Diretório
Nacional do Partido Progressista e ao diretório Estadual do Partido
Progressista (PP/RS), os quais repassaram valores para a minha conta de
campanha ao Senado, em 2010. As doações estão devidamente registradas no
Tribunal Regional Eleitoral com a prestação de contas aprovada, sem
nenhuma ressalva”.
A senadora não está entre os parlamentares investigados em inquéritos
no Supremo Tribunal Federal (STF) a partir das delações premiadas de
executivos da Odebrecht.
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