BRASÍLIA
— O governo Dilma Rousseff deixou de entregar cerca de 50 mil unidades
do "Minha Casa, Minha Vida" que já estavam prontas. Segundo o ministro
das Cidades, Bruno Araújo, além de problemas burocráticos, as casas não
foram entregues porque não havia espaço nas agendas oficiais do governo
anterior para marcação de solenidades de inauguração. Araújo deu início a
um pente-fino do programa federal que, na avaliação dele, está “cheio
de amarras” que precisam ser retiradas para evitar desperdício de
recursos.
— Tem prontas, sem inaugurar, algo em torno de 50 mil
unidades. E não inauguraram porque não tinha espaço na agenda — disse o
ministro, ao GLOBO.
Na sexta-feira, em entrevista à rádio CBN, o
ministro da secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, chegou a
confirmar que o Minha Casa Minha Vida, que passa por uma reavaliação,
seria suspenso. Araújo negou, no entanto, que isso vá ocorrer.
—
Não há suspensão do "Minha Casa, Minha Vida" e nunca houve discussão
sobre isso. O que queremos é aperfeiçoar e eliminar as amarras. É a
história da bicicleta andando, O programa não para e vai melhorando
enquanto vamos tocando — disse Araújo.
Sobre a declaração de Geddel, o ministro da Cidades disse que a intenção do governo é apenas corrigir as distorções do programa.
—
Conversei com o ministro Geddel e ele tem uma atividade multifacetada
na Esplanada. Ele sabe muito bem o desastre orçamentário das contas
públicas. Detalhei para ele como está o programa e mostrei que o "Minha
Casa, Minha Vida" tem recursos do FGTS, mas qualquer colaboração que
exista de recursos do orçamento nos dá maior ou menor alavancagem. E
expliquei isso a ele. Quanto mais orçamento da União no programa mais
alavanco o programa.
No início da noite, Geddel disse ao GLOBO que fez confusão:
—
Foi um equívoco meu que não tive a capacidade de me fazer entender na
entrevista. Queria dizer que o programa tem muita coisa parada e
precisamos fazer funcionar direito.
ALTO CUSTO COM BUROCRACIA
Segundo
Geddel, o presidente interino Michel Temer determinou que o programa
seja mantido e essa diretriz foi dada ao ministro das Cidades.
Bruno
Araújo explicou que, com recursos do FGTSm o MCMV tem R$ 45 bilhões.
Mas ele quer que haja também dinheiro do orçamento, apesar das
restrições no caixa da União.
— Não vou ser mais um ministro
pedindo recursos do orçamento. Pretendo inclusive fazer uma defesa
dentro do governo do ponto de vista macroeconômico do jeito que a
Fazenda quer, porque com o "Minha Casa" conseguimos gerar empregos mais
rapidamente.
Para Araújo, o programa que era uma das marcas da
gestão Dilma tem vários problemas que precisam ser resolvidos. Ele citou
o alto custo com a burocracia dos empreendimentos. As despesas com
aprovação e tramitação dos empreendimentos equivaleria a 12% do que é
destinado ao projeto.
— Isso é um absurdo e precisa ser corrigido.
Estamos num processo de aperfeiçoamento. Por exemplo, havia intenção de
colocar aquecimento solar em todas as unidades. Ai vem um prefeito lá
do Maranhão e diz que gostaria de trocar isso por um piso melhor na
casa. Essas coisas precisamos discutir.
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