Desde 2010, 76.654 paranaenses foram internados e outros 3.306 perderam a vida pelo uso de substâncias psicoativas
Rodolfo Luis Kowalski
Não é a maconha, a cocaína, o crack ou algumas das drogas da “nova
geração” as que mais oneram o sistema público de saúde com o número de
internações ou mesmo elevando o índice de óbitos no país. O grande vilão
é o álcool, uma droga legalizada, responsável por 55% das internações e
81,3% das mortes no Paraná por “transtornos mentais e comportamentais
devido ao uso de substâncias psicoativas”.
Segundo informações do Datasus, do Ministério da Saúde, entre 2010 e
2016 um total de 76.654 paranaenses foram internados e outros 3.306
perderam a vida entre 2010 e 2014 por “transtornos mentais e
comportamentais devidos ao uso de substância psicoativa”, classificados
no Código Internacional de Doenças (CID-10) entre os itens F10 e F19.
Nessa lista estão inclusos os casos de intoxicação aguda; uso nocivo
para a saúde; síndrome de dependência; síndrome de abstinência; sídrome
de abstinência com delírio; transtorno psicótico; síndrome amnésica; e
transtorno psicótico residual ou de instalação tardia.
Olhando os dados, portanto, temos uma média de 32 internações e duas
mortes por dia pelo abuso de drogas psicoativas, sendo o álcool, droga
legalizada e, consequentemente, com maior profusão social, o culpado
pela maior parte das ocorrências. Entre 2010 e 2016, foram 41.867
internações relacionadas a “transtornos mentais e comportamentais devido
ao uso de álcool”, ao que se somam ainda 2.687 mortes entre os anos de
2010 e 2014.
A segunda droga que mais mata no Paraná é o fumo (o cigarro), outra
droga legalizada, a exemplo do álcool, e que produz o famigerado
tabagismo, que se desenvolve a partir da dependência química à nicotina.
Entre 2010 e 2014 foram 476 mortes relacionadas ao problema, ao passo
que o consumo de múltiplas drogas ceifou 98 vidas e o uso de cocaína,
outras 40.
Aqui, no entanto, vale uma ressalva. É que o índice de óbitos por uso
de drogas psicoativas, em especial no caso do álcool, deve ser ainda
maior se computadas as causas secundárias, como acidentes de trânsito,
episódios de violência ou mesmo doenças provocadas por um longo período
de tempo, como a cirrosa hepática.
Tabagismo
A segunda-feira (29) foi marcada pelo Dia Nacional de Combate ao
Fumo. Dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para
Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014) mostram que
13,6% da população adulta de Curitiba é fumante, enquanto a média
brasileira é de 10,8%. Curitiba é a terceira capital com maior número de
fumantes, atrás apenas de Porto Alegre (RS) e de São Paulo.
A maior prevalência de tabagistas é verificada entre a população
jovem, com idades de 18 a 34 anos, faixa em que o índice de fumantes
chega a 23% em Curitiba.
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