A conta de luz continuará na bandeira verde em setembro, o que
significa que o consumidor não terá aumento do custo da energia. A
Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu ontem manter a
bandeira verde no próximo mês, um indicativo de que as represas das
hidrelétricas estão com bom volume e não será preciso acionar as usinas
térmicas, que têm energia mais cara. Além disso, segundo o Operador
Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o mesmo deve acontecer pelo menos
até dezembro.
O governo muda a bandeira da conta de luz – verde, amarela ou
vermelha – toda vez que as hidrelétricas não produzem o suficiente para
atender à demanda. Com a seca na região Nordeste, o nível dos
reservatórios caiu, o que levou o mercado a apostar na adoção da
bandeira amarela em setembro. Mas, segundo o operador do sistema, a
queda do consumo tem ajudado a garantir o abastecimento.
Segundo a Aneel, com exceção do Nordeste, a incidência de chuvas tem
ajudado a recompor os reservatórios. Além disso, novas hidrelétricas
foram incluídas no sistema. “O balanço (entre produção e consumo) está
permitindo isso (manter a bandeira verde). Não vem sendo necessário
despachar muitas térmicas”, disse Luiz Eduardo Barata, diretor-geral do
ONS.
O megawatt-hora (MWh) é comercializado hoje a R$ 130. Esse é o custo
marginal de operação (CMO), definido pelo ONS. Para que seja determinada
a alteração da bandeira verde para amarela, o valor deveria ultrapassar
R$ 211. Quando isso acontece, o consumidor paga mais R$ 1,50 a cada 100
quilowatt-hora (kW/h), como aconteceu em março deste ano.
No Nordeste, no entanto, o cenário é crítico. Os reservatórios têm
caído na proporção de 0,1 ponto porcentual a 0,2 ponto porcentual por
dia e estão com apenas 20% da capacidade sendo utilizada, menos da
metade do nível do Sudeste, de 47%.
Para evitar crises de abastecimento no futuro, o operador alertou a
Aneel, a Chesf e o Ibama sobre a necessidade de poupar água do Rio São
Francisco no reservatório da hidrelétrica de Sobradinho. A ideia é
reduzir a vazão do rio de 800 para 700 metros cúbicos por segundo. De
acordo com Barata, a medida seria preventiva, para evitar um total
desabastecimento no futuro.
Transmissão
A hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, pode ter dificuldade de
escoar parte da energia que produzirá no fim de 2017, segundo Barata. No
fim do ano que vem, entrará em operação uma turbina com capacidade de
600 megawatts (MW). Para inserir essa energia no sistema e transportá-la
até o mercado consumidor, uma linha de transmissão deve ser construída.
Mas, em crise financeira, a espanhola Abengoa, concessionária da obra,
desistiu do projeto.
A Aneel vai leiloar a linha novamente. Mas, até que a concorrência
aconteça e a rede seja instalada, é possível que a usina fique
descoberta por um tempo. “Dificuldades na transmissão serão um gargalo
nos próximos anos”, disse Barata.
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