Agência Brasil
Os
 aliados do governo do presidente interino Michel Temer vão tentar 
impugnar as seis testemunhas de defesa da presidenta afastada Dilma 
Rousseff. De acordo com o líder do Democratas, senador Ronaldo Caiado 
(GO), o mesmo argumento utilizado para colocar em suspeição o procurador
 do Ministério Público da União (MPU) junto ao Tribunal de Contas da 
União (TCU), Julio Marcelo de Oliveira, poderá ser também adotado para 
as testemunhas arroladas pela defesa.
“Veja o caso dessa testemunha, essa 
Esther [Dweck, ex-secretária de Orçamento Federal], que nossa assessoria
 levantou a vinculação dela com o gabinete da senadora Gleisi Hoffmann. 
Ela foi lotada inicialmente na Comissão de Assuntos Econômicos e 
transferida para o gabinete da senadora Gleisi Hoffmann”, disse Caiado.
Oliveira foi rebaixado da condição de 
testemunha a informante porque havia se manifestado anteriormente em ato
 a favor da rejeição das contas de Dilma Rousseff no Tribunal de Contas 
da União. O questionamento para a mudança de condição foi feito pela 
defesa de Dilma e aceito pelo presidente Ricardo Lewandowski. Para 
Caiado, outras testemunhas de defesa vão se enquadrar na mesma linha de 
argumentação.
“Temos também o caso do economista [Luiz
 Gonzaga] Beluzzo, que encaminhou ao Supremo Tribunal Federal um 
manifesto pedindo o encerramento do processo contra a presidente Dilma. 
Então você vê que, na verdade, eles não apresentaram nenhuma testemunha.
 Eles simplesmente trouxeram aqui alguns militantes para tentar trazer 
uma versão que é muito mais partidária e ideológica do que fazer uma 
narrativa dos fatos”, disse Caiado.
O senador tentou impugnar o depoimento 
dessas testemunhas anteriormente, mas o presidente do julgamento, 
ministro Ricardo Lewandowski, pediu que a questão de ordem fosse 
formulada somente no momento em que as testemunhas forem começar a ser 
ouvidas. Por isso, ele deverá aguardar o fim da oitiva das testemunhas 
da acusação – depois de Julio Marcelo falará o auditor do TCU Antônio 
Carlos Costa D'Ávila.
O advogado de Dilma Rousseff, José 
Eduardo Cardozo, rebateu os argumentos que pedem a impugnação de suas 
testemunhas. Segundo ele, o que difere o caso do procurador Julio 
Marcelo de Oliveira dos demais é que a tese da defesa não é embasada 
apenas no depoimento dessas testemunhas.
“Nenhuma das nossas testemunhas formulou
 as teses da defesa, apenas participou de fatos ou de processos, nenhum 
foi o mentor de tudo. Julio Marcelo é o mentor da tese da acusação. Ele é
 citado do começo ao fim no relatório do senador Antonio Anastasia, 
todas as ideias estampadas na acusação vêm da ideia jurídica de Julio 
Marcelo”, disse.
Testemunha suspeita
Para Cardozo, a decisão de Lewandowski 
de colocar o procurador em suspeição foi “muito importante”, porque 
corrobora com as alegações da defesa de que ele esteve empenhado 
pessoalmente em condenar a presidenta.
“Fica claro que tudo aquilo que o 
procurador Julio Marcelo disse é uma situação de uma testemunha 
considerada, à posteriori, suspeita. Então tem que ser olhado com esta 
questão. E como testemunha suspeita, nem o compromisso de dizer a 
verdade ele tem”, disse.
O advogado de defesa alegou ainda que 
todo o processo foi contaminado por ter sido parcial e disse que “no 
momento certo, nós iremos, se necessário for, para as instâncias 
necessárias”. “Se os direitos da presidenta e daqueles que a elegeram 
forem lesados, nós iremos ao Supremo Tribunal Federal e a todas as 
instâncias que possam reconhecer o absoluto descomprometimento com o 
Estado de Direito e com a democracia que esse processo representa”, 
disse.
 
 
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