terça-feira, 1 de março de 2016

Índice de suicídios atinge nível alarmante no Paraná

Segundo a OMS, 90% dos casos no mundo poderiam ser evitados: tema continua um tabu na sociedade

Rodolfo Luis Kowalski / BEM PARANÁ 

Em uma época em que há enorme pressão para que todos sejam felizes, os índices de suicídio atingem níveis alarmantes no Paraná. Segundo informações do Ministério da Saúde, desde 2012 o Paraná vem registrando uma média de 557 suicídios por ano. No ano de 2014 (último dado disponível), 555 pessoas deram cabo à própria vida. Em 1996, primeiro ano da série histórica, haviam sido 483 registros.
Segundo especialistas, são dois os possíveis motivos para o aumento das notificações. O primeiro seria um aumento real no número de suicídios. Outro seria um registro mais fidedigno dos casos ocorridos, nas declarações de óbito.
Para a psicóloga Claudia Cristina Basso, integrante da Comissão Técnica de Psicologia Clínica do Conselho de Psicologia do Paraná, o aumento no índice de suicídios tem relação com as mudanças no seio da sociedade ao longo dos últimos anos.
“(Esse aumento) É reflexo do desenvolvimento próprio da vida. Desenvolvimento da tecnologia, aceleração do mundo, mais famílias desestruturadas, dependentes químicos. Entre os adultos há muitos que passaram por experiência de abuso sexual, violência doméstica”, aponta Claudia.
“A fragilidade emocional diante dessas situações geram muitas frustrações. A pessoa não quer se matar para morrer, ela quer se matar para tirar a dor dela. Ela não sabe controlar essa dor”, complementa.
Seja qual for o motivo para o aumento nas notificações, é unânime a necessidade de se falar sobre o problema. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS), por exemplo, já apontou que o suicídio precisa deixar de ser um tabu. Tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade.
“Ainda existem muitos preconceitos ao se falar em suicídio, e as consequências disso são inúmeras, tais como: o pouco conhecimento que a população tem sobre o assunto; a dificuldade de se lidar com situação de risco de suicídio em familiares ou pessoas próximas; a crença em mitos infundados sobre suicídio; entre outras”, afirma o psiquiatra Alexandre Karam Mousfi, professor da Faculdade Evangélica do Paraná e vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria.

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