Segundo a OMS, 90% dos casos no mundo poderiam ser evitados: tema continua um tabu na sociedade
Rodolfo Luis Kowalski / BEM PARANÁ
Em uma época em que há enorme pressão para que todos sejam felizes,
os índices de suicídio atingem níveis alarmantes no Paraná. Segundo
informações do Ministério da Saúde, desde 2012 o Paraná vem registrando
uma média de 557 suicídios por ano. No ano de 2014 (último dado
disponível), 555 pessoas deram cabo à própria vida. Em 1996, primeiro
ano da série histórica, haviam sido 483 registros.
Segundo especialistas, são dois os possíveis motivos para o aumento
das notificações. O primeiro seria um aumento real no número de
suicídios. Outro seria um registro mais fidedigno dos casos ocorridos,
nas declarações de óbito.
Para a psicóloga Claudia Cristina Basso, integrante da Comissão
Técnica de Psicologia Clínica do Conselho de Psicologia do Paraná, o
aumento no índice de suicídios tem relação com as mudanças no seio da
sociedade ao longo dos últimos anos.
“(Esse aumento) É reflexo do desenvolvimento próprio da vida.
Desenvolvimento da tecnologia, aceleração do mundo, mais famílias
desestruturadas, dependentes químicos. Entre os adultos há muitos que
passaram por experiência de abuso sexual, violência doméstica”, aponta
Claudia.
“A fragilidade emocional diante dessas situações geram muitas
frustrações. A pessoa não quer se matar para morrer, ela quer se matar
para tirar a dor dela. Ela não sabe controlar essa dor”, complementa.
Seja qual for o motivo para o aumento nas notificações, é unânime a
necessidade de se falar sobre o problema. A própria Organização Mundial
da Saúde (OMS), por exemplo, já apontou que o suicídio precisa deixar de
ser um tabu. Tirar a própria vida já é a segunda principal causa da
morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade.
“Ainda existem muitos preconceitos ao se falar em suicídio, e as
consequências disso são inúmeras, tais como: o pouco conhecimento que a
população tem sobre o assunto; a dificuldade de se lidar com situação de
risco de suicídio em familiares ou pessoas próximas; a crença em mitos
infundados sobre suicídio; entre outras”, afirma o psiquiatra Alexandre
Karam Mousfi, professor da Faculdade Evangélica do Paraná e
vice-presidente da Associação Paranaense de Psiquiatria.
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