Já pensou se qualquer um pudesse ter acesso a todos os locais de um
hospital, sem os devidos cuidados com a higiene? Pois é isto que as
pequenas formigas fazem. O problema é que, com trânsito livre, elas
podem transmitir doenças aos pacientes. É o que mostram os estudos
realizados pelo Laboratório de Ecologia Comportamental (Labeco), que tem
investigado o tema na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
(UEMS).
De acordo com o professor William Fernando Antonialli Junior,
coordenador do Labeco da UEMS, além das formigas, pessoas que circulam
no ambiente hospitalar e até outros insetos podem transmitir doenças.
"O problema maior que envolve as formigas é que elas transitam nestes
ambientes em maior número e servem como vetor de micro-organismos
patógenos, bactérias e fungos, ou seja, elas carregam micro-organismos
de fora para dentro e entre os setores do hospital. Diferente de uma
pessoa, ela não passa por nenhuma assepsia e circula livremente pelos
ambientes", explicou.
As pesquisas foram realizadas em quatro hospitais do Estado, nas cidades de Ponta Porã, Dourados, Ivinhema e Batayporã.
Em todos os setores dos hospitais foram encontradas formigas, desde o
hall de entrada até a própria Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e as
salas de operação. "Em todos os pontos que instalamos iscas nós
conseguimos encontrar uma diversidade e abundância significativa de
formigas. E nelas, por exemplo, foram encontrados alguns fungos e
bactérias que em contato com feridas ou outra porta de entrada do
organismo, podem causar infecções graves e levar a óbito, sobretudo uma
pessoa que já está na UTI debilitada", disse Antonialli Junior.
As formigas que habitam nas cidades – em casas, prédios e até em
hospitais – são chamadas de formigas urbanas. Segundo o professor, a
presença delas no ambiente não quer dizer que falte higiene, pois o
próprio uso de produtos de limpeza, como os que utilizam eucalipto,
atraem as formigas.
"Não é necessariamente o fato de ela estar lá que o ambiente é sujo ou
que a própria formiga é suja, pois ela carrega micro-organismos como nós
carregamos. Então não tem jeito, é um problema que os hospitais
precisam lidar frequentemente fazendo dedetização ou instalando iscas
com especialistas, que amenizam a frequência com que elas ocorrem, mas
elas vão sempre estar lá, só o que dá para fazer é amenizar o número e
frequência de suas visitas", esclareceu.
O cuidado com o lixo hospitalar também é importante – conforme o
professor – pois muitos insetos e até ratos são atraídos por ele. "Está
tudo associado, porque se não cuidam bem do lixo uma formiga, por
exemplo, que transita em uma agulha infectada pode levar o
micro-organismo daquele lixo para dentro da sala de cirurgia ou da UTI",
finalizou.
Fonte: Douradosnews
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